- MOM, I'M GAY... -

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     Chegando em casa naquele dia me senti muito bem, com uma paz interior que jamais havia sentido antes, nem em meus "relacionamentos" antigos, nem em minha vida acadêmica ou familiar havia me sentido de tal maneira. Foi tão bom, poder sentir seus braços envolvendo meu corpo de uma forma que eu me sentira protegido e amado, Naquela mesma noite eu cheguei em casa com um sorriso de canto de boca, um sorriso sincero, um sorriso que demonstrava tudo o que eu havia sentido só por tê-lo conhecidoo.

      Estava tão evidente essa minha alegria que até minha mãe havia percebido, vendo meu rosto avermelhado e meus olhos brilhando, perguntou se eu havia me apaixonado. É óbvio que eu não sabia o que fazer, não queria que ela começasse a me julgar pela minha orientação sexual pondo em mesa sua raiva e descontentamento com a base em sua religião

       Minha mãe nem sempre Foi tão religiosa, já frequentou todo tipo de religião, desde o Candomblé até as mais obscuras religiões, Mas de um tempo pra cá ela havia se estabilizado em uma das mais conhecida entre a humanidade: O cristianismo, Uma religião que foi criada para pregar o AMOR, mas que muitas das vezes pratica o ódio ao diferente e ao incomum.

      Até um tempo atrás minha relação com a minha mãe era comum, igual a de qualquer Adolescente com seus pais, entre tapas e carinhos era como conviviamos, e ela sempre me apoiando em qualquer decisão que eu tomasse. Fossem elas boas ou não pra mim.

       Não sabendo o que responder naquele momento eu fiquei sem reação e disse que havia ganho a nota máxima na prova do Curso, onde eu havia perturbado o juízo dela com minhas dúvidas. Ela acreditou sem pestanejar e avisou para a família toda sobre o ocorrido, em poucas horas todos da família haviam me ligado parabenizando pela nota máxima (Falsidade? Sim ou com certeza?), Eu sabia que não conseguiria esconder por muito tempo, mesmo porque eu havia criado uma rede social nova para poder manter contato com ele.

       Naquela noite não havia contado nada, mas o dia passou, e eu senti necessidade de contar. Não para ela me apoiar, mas sim para não ser a última a saber. Bom, a chamei em meu quarto com uma voz seria porém trêmula, pude sentir meu coração pulsar mais rápido, minha respiração acelerar e minha pressão cair aos poucos, meu estômago estava revirado e meus olhos não queriam ficar focados em nenhum local. Até que ela disse que não podia ir, pois já estava deitada e que sua coluna estava doendo, então, não poderia se levantar. Disse a mim mesmo para deixar isso quieto e não tocar no assunto, mas o medo dela ser a última a saber e se sentir traída fora maior.

       Assim que ela havia respondido eu me levantei da cama, e fui até o quarto dela. Mãos trêmulas, suor frio, pressão baixa e visão turva com um leve enjôo. Isso era o que eu sentia ao me aproximar de seu quarto.

       Abri a porta e pedi para o meu irmão sair do quarto, pois necessitava conversar com a minha mãe. O mesmo não quis sair, foi quando eu disse a minha mãe que era muito sério e que era só pra ela saber. minha mãe então pediu para o meu irmão sair do quarto. Assim que ele saiu, eu tranquei a porta e tirei a chave, pois sabia que a porta podia ser aberta por fora, caso isso acontecesse eu parava a conversa.

      Pois bem, disse a minha mãe que havia conhecido alguém a um tempo, e que era por isso do meu sorriso do dia anterior, havia dito que essa pessoa era muito bonita, me tratava bem e que estava interessada em mim. Os olhos da minha mãe já se encheram dágua e então ela falou:

- "Meu Deus, não nasci pra ser avó tão cedo". — rindo mas com lágrimas no rosto —

      E então ela me pergunta o nome da sua nora. Meu coração gela, minhas mãos suam, meu rosto queima e eu digo:

- O nome dela?... — Pergunto olhando para baixo, mas com um leve sorriso —

- "Bom mãe, não existe ELA nessa história..." —

     Quando essas palavra saíram da minha boca, se pode ouvir um silêncio ensurdecedor no qual nós estávamos dentro, Foi quando ela pediu para eu explicar melhor essa situação, Já com as mãos encharcadas de suor, eu sequei minhas mãos e disse:

-"Sim mãe, não há uma menina nessa história, quem eu conheci foi um menino...que aliás, estou amando"— naquele momento eu falei,nunca havia faladio isso pra alguém antes, entrei em estado de choque por revelar isso—

     Pronto, naquele momento a única coisa que eu escutava eram as batidas do meu coração, e o som do sangue correndo desesperadamente por minhas veias, ela perguntou então quem era a menina que eu havia ficado algumas semanas antes, e o por que de estar com um menino agora...

        Ainda confuso pela minha própria aceitação, disse que eu era Bissexual, e que era apenas um ficante pois não me via com um homem aos oitenta anos de idade, e que ainda queria ter filhos e me casar. E então ela perguntou:

- Já que não se vê com um homem, por que então está querendo se relacionar com um? —

     Sem perceber eu dei uma resposta que não estava no "Script":

- Por que eu Quero ué, por que eu gosto. —

    Durante o resto da conversa ela falou que eu era o desgosto da família e que não iria aceitar nunca. Que eu estava errado e que Deus iria mudar isso, pois existia uma cura pra isso.

      E então o assunto se encerrou aí, naquela mesma noite, não trocamos mais nenhuma palavra. No dia seguinte, acordei como de costume tarde pois meu despertador não havia despertado.
      Dei bom dia ao homem dos meus sonhos e voltei a dormir, Quando eu acordei, contei tudo o que havia acontecido para ele, desde informações Brutas até os mínimos detalhes. Disse a ele que estava nervoso, e que não conseguiria falar com a minha mãe nem tão cedo. Durante o restante do dia, eu fiquei conversando com ele sobre inúmeras coisas, desde amigos, ciúmes e muitas outras coisas, sempre alternando entre ligações e mensagens.

         No dia seguinte, ela me chamou pra conversar, querendo saber se era isso mesmo que eu queria para a minha vida, e se eu não estava confuso com essa minha decisão.

 Respondi que era isso que eu queria, e que eu não estava confuso, mesmo porque sempre quis isso.
      E então ela saiu do quarto meio para baixo, alegando não gostar disso é que nunca iria aceitar.
      No mesmo dia eu havia pedido para ir a casa de um amigo meu, na qual haveria uma festa na qual ele havia convidado poucas pessoas, e eu era uma dessas convidadas.
      Sua primeira pergunta foi:
- Aquele menino vai estar lá?— com uma expressão de nojo e raiva.
       Eu disse que não, e que não iríamos nos ver nem tão cedo, então ela deixou, com muito custo e sem querer.

       No mesmo momento da resposta, me afastei e liguei para ele dizendo que haveria uma festa, na qual eu queria que ele fosse. A princípio ele não poderia, pois seus pais não deixariam ele ir para uma festa onde não conhecem ninguém, mas ele fez um jogo com sua mãe e ela o deixou vir.

        A "Festa" estava marcada para começar as 14:00, mas ao meio dia eu já estava arrumado, e disse a minha mãe que estava saindo para ajudar a arrumar algumas coisas na casa desse meu amigo. Assim, que sai de casa liguei para ele perguntando se já estava pronto, e onde já estava para nos encontrarmos. Ele disse que estava saindo de casa e que chegaria por volta das 13:50, sabendo disso, sai de casa as 12:30 (mesmo tendo em mente que a estação de trem era a 20 min da minha casa).

       As 12:47 eu já estava na estação esperando ele chegar, enquanto isso milhares de coisas passavam em minha mente, desde a minha mãe aceitar nosso relacionamento, quanto nós darmos certo e namorarmos. Enquanto eu viajava em meus pensamentos loucos ele chegou, por volta das 13:20, bem antes do que eu esperava. Ele estava usando uma bermuda jeans, com uma blusa vermelha e uma bota. Já eu estava usando uma blusa Branca com escritas em vermelho, uma bermuda larga vermelha, e um chinelo Kenner verde (sem nexo esse chinelo né).

     Quando o avistei de longe, um sorriso bobo tomou o lugar da minha boca, que naquele momento só queria beijar e abraçar ele...
      Ele chegou perto de mim, me elogiou, e perguntou...
- Então... Vamos?

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