(Des)Aventuras de uma hétera

Meu pai quer me dar o manual da viadagem

Não pense que essa é uma história engraçada daquelas que você ri tanto que se caga nas calças e precisa de lencinho umidecido pra limpar a bunda e de Vanish pra lavar e tirar a mancha de bosta que ficou na calça. Na verdade essa é uma história bem triste. Mais do que triste, trágica. Pelo menos do meu ponto de vista.

Se você tem uma vida que nem a minha, que nasceu no meio da comunidade homossexual, obrigatóriamente tem que ser gay e seu pai já até arranjou uma noiva pra você, então meu amigo, sua vida é um verdadeiro pedaço de bosta ambulante.

A coisa fica ainda pior se seu pai é o Rei Leão da Selva Gay, o Mestre da Boiolagem, o Mister Viadão.

Sim, meu pai é ele mesmo.

Kwon Jiyong.

Mais conhecido como G-Dragon pela comunidade LGBT.

Desde que saí do útero do meu pai SeungRi (ou mãe, seja lá que coisa ele for), eu sabia que não tinha nascido pra ser lésbica. O problema é que se você nasce no meio de gente que dá/come a bundinha e cola velcro e seu pai é o líder dessa comunidade, logo ele entende que se você gostar daquilo que não tem, você é a vergonha da familia. Desde muito tempo ele briga comigo pelas minhas "manias de hétera" mas eu tento ignorar.

Mesmo que ele tenha feito minha melhor amiga virar minha noiva por causa dessas "manias".

Sim meus caros. Minha melhor amiga é minha noiva e apesar de nós duas agirmos como viadas na frente de nossos pais e até mesmo pelas costas deles, NÃO SOMOS LÉSBICAS.

Ela até ajuda a encobrir meus casos com o Luhan.

O Luhan é meu melhor amigo junto de Camilly (a minha noiva) e de vez em quando praticamos a arte da amizade colorida, apesar de não ter certeza do que ele é, por isso opito defini-lo como bissexual.

Não é que eu não goste do Luhan de outro jeito, mas a gente já se acostumou a ser assim. E provavelmente se assumissemos como casal seriamos decaptados nús em praça pública e em nossos túmulos estaria escrito "aqui jaz um(a) hétero(a)".

Eu estaria totalmente bem assim, mesmo sem poder me assumir totalmente. Nós dois estavamos bem encobertos, sem suspeita de nada. Até o dia que nós dois estávamos praticando nossa arte quando meus pais entraram no quarto e mesmo com eu e Camilly fingindo que éramos nós duas nos pegando, a operação "Encobrindo o Ricardão" foi por água abaixo quando minha mãe abriu meu guarda-roupa e um ser só de cueca e uma peruca loira grande rolou chão abaixo.

-Er, pais, essa é a LUHANA, nossa AMIGA. - Eu havia dito. Lembro do olhar fuzilador de Luhan sobre mim, o que havia quebrado todo o clima que estavamos tendo a uns minutos atrás.

-Sim, e a Luhana tem um pau no meio das pernas. - Pai SeungRi disse me encarando feio. Fiquei de castigo sem tomar toddynho uma semana por ter feito isso.

Ah, esqueci de contar. Tem o meu irmão mais velho, o Taehyung.

Pra falar a verdade nem sei se ele é mesmo meu irmão. Não parece em nada com nossos pais e tenho a plena convicção de que ele é bi, então a cada dia mais aumenta em mim a certeza de que ele foi encontrado no lixão enrolado em vísceras de porco e meus pais o adotaram por pena daquela pobre criatura.

Ele é super legal apesar de tudo. Eu acho que gosto (um pouco) dele. Meus pais gostam de usá-lo como exemplo de viadagem pra mim. Mal sabem que meu irmão tem um caso secreto com minha noiva e que eu SUPER APOIO.

Acho que eu nasci no dia errado, na hora errada, no lugar errado, no UNIVERSO ERRADO por minha vida ser assim. Mas, apesar de tudo, eu sou feliz. Sério.

Tá, pode parar de rir da minha vida.

Então eu vou seguir nessa jornada de tentar convencer o mundo de que eu não nasci pra colar velcro.

Aliás, nem me apresentei. Sou Ana. Kwon Ana. E essas são as maravilhosas (des)aventuras de uma hétera.

É sério. Para de rir. Chega.