Capítulo 1 - Sr. e Sra. Both

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  Os Both eram a família mais silenciosa da Grã-Betanha, e na rua das Orquídeas onde havia grande movimento nas noites de segunda-feira, hoje estava bem diferente. Nunca fora assim, desde o final de semana, que sempre havia festas e churrascos, sem conflitos.
   No batente da casa 9, só se via duas botas, que provavelmente pertenciam ao Sr. Both, garimpeiro, que se mudara para ali a pouco tempo. Nenhum vizinho sabia muita coisa deles, só mesmo o sobrenome, e o emprego do Sr. Both. Os vizinhos nunca souberam o 'porque' da casa estar sempre quieta, sem muito tumulto, como os vizinhos, e tentavam loucamente espiar tudo o que acontecia na casa 9.
   A Sra. Both, era desempregada, e nunca participava das festas de carnaval da rua, ou quaisquer celebrações que a Sra.Clark resolvesse inventar. A Sra. Clark era uma mulher franzina, muito velha e esguia que esbanjava cabelos brancos e morava na casa 7, ao lado dos Both. Ela sempre reclamava do humor de seus vizinhos, que sempre desconfiavam de sua energia, pois certo dia, a Sra. Clark montou um multirão, e deu banho em todos os cachorros de rua que ela vira passeando pelo bairro.
   Na noite do dia 1° de fevereiro, a família Both se reuniu em torno da mesa para o jantar, sempre muito quietos e absortos, todos foram chegando e reunindo talheres a mesa. A Sra. Both finalizava o jantar sorridente, cantarolando baixinho, sua música preferida. As 19 horas e 15 minutos o Sr. Both voltou do trabalho, entrou em casa reclamando dos olhares maldosos dos vizinhos:
   — Ora! Não posso nem chegar em casa em paz. — reclamou o Sr. Both.
   — Acalme-se querido. — pediu a Sra. Both
   — Pegue um prato e reúna-se a nós, hoje temos Costela de Porco. — disse ela.
   — Ah, isso sim é comida, meu amor. — mentiu o Sr. Both.
   Costela de porco sempre foi a comida preferida da Sra. Both desde a infância, mas todos da casa já estavam cansados de tanta costela.
   — Chame as garotas, Arnold. — disse a Sra. Both
   — ROWENA, HELGA, VENHAM, DESÇAM PARA O JANTAR. — gritou o Sr. Both.
   — ARNOLD, NÃO GRITE, VAI ACORDAR O PINTY. — reclamou a Sra. Both.
   Pinty, era o cachorro da família, um Husky Siberiano, de pelos inteiramente brancos e focinho anormalmente grande, o Pinty era um cachorro bem bipolar, porém agitadissímo, se irritava fácil, mas as vezes o humor do cão mudava repentinamente.
   Rowena e Helga são as filhas dos Both, Rowena é uma menina de 11 anos de cabelos ruivos, alta e magricela, de olhos incrivelmente azuis. Já Helga, tem 10 anos, cabelos curto e negros, olhos castanho-escuro e um corpo relativamente gordo.
   As duas desceram as escadas de madeira, fazendo muito barulho, Pinty vinha ao lado, mordendo carinhosamente a calça de Helga, enquanto ela conversava com a sua irmã, Rowena.
   Quando chegaram à cozinha, sentaram-se um ao lado da outra, na mesa que tinha 6 lugares. Pinty entrou logo atrás das garotas e se aconchegou ao pé da cadeira.
   — Boa Noite. — saudou Rowena.
   — E que noite! — afirmou Helga, trazendo a travessa de Costela com bacon para perto das duas.
   — Huum, Bacon!. — disse Rowena.
   — Vá com calma meu amor, antes precisamos fazer a oração. — sugeriu a Sra. Both, fazendo gestos para todos começarem a rezar.
    O cachorro deu um latido de felicidade ao receber um pedaço grande de bacon em seu potinho.
   A família fez sua oração diária e começaram a comer, enquanto a noite urgia. Minutos depois, Rowena terminou o jantar, bebeu seu suco de laranja, e se levantou, a garota já bocejava de sono.
   — Mãe, já vou me deitar. — disse Rowena, bocejando novamente e se retirando da cozinha.
   — Ah, sim! Boa noite filha. — despediu-se.
   Rowena subiu as escadas e foi para seu quarto no andar superior, deitou-se na cama, e olhou a rua quieta pela janela, que estava cinzenta, e obscura. Rowena, consultou seu calendário e percebera que já era dia 1°, faltavam apenas 2 dias para seu 12° aniversário, virou-se para o lado contente, observando seu relógio no criado-mudo, e adormeceu quase instantaneamente.
   Ao acordar com o raio do sol que passava pela abertura da janela diretamente no seu rosto, Rowena se levantou e olhou para a cama ao lado, onde dormia sua irmã, que naquele momento, trocava de posição incomodada com o sol que entrava no quarto da casa de n°9. Rowena abriu a janela e deixou a brisa da manhã adentrar em seu quarto, e imediatamente Helga acordou assustada de um pesadelo:
   — Não, não, eles não, não, não. — gritou e deu um salto assustador, se retirando do quarto.
   Rowena ficou ali, algumas horas, olhando a rua, e as crianças brincando, como se ela fosse de outro mundo, enquanto lá em baixo, na sala todos assistiam a um canal de desenho que passava as terças e quintas-feiras.
   Rowena desceu para o café, o Sr. Both já tinha saído para o trabalho - quase não tinha horário certo para sair, pois não tinha carga horária, e a Sra. Both estava assistindo à janela, entretida no telefone; Helga estava no sofá, comendo uma torrada e assistindo desenhos animados, reclamando muito das propagandas de cosméticos.
   Rowena sentou-se à mesa sem ninguém vê-la, apanhou uma torrada, passou manteiga e meteu na boca, estava com muita fome, tinha esquecido quanto tempo já estava acordada. Lembrou-se do pensamento do dia anterior, e que no próximo dia seria seu aniversário.
   Helga deu uma risada que voou torrada da sua boca e mirou Rowena nos olhos.
   — A quanto tempo você estava aí? — perguntou Helga.
   — Ah, não muito tempo — respondeu Rowena, tentando esconder uma risadinha
   — Eee… Acho que vou dar uma saída… Paraaa… Relaxar um pouco — despediu-se Rowena
   Pegou a ultima torrada e saiu da cozinha, chegou na porta de casa, abriu a porta e deu de cara com o carteiro, que já ia colocar as cartas por baixo da porta. Recolheu as cartas e voltou para a cozinha, colocou as cartas à mesa, e deu meia-volta.
   A rua estava muito barulhenta, ainda era cedo, mas havia muitas crianças brincando na rua, os vizinhos aparavam seus jardins, observando a vida dos vizinhos extasiados.
   Rowena suspirou e saiu de casa, bateu a porta e sentou-se na calçada. Ainda faltava muito para seu aniversário, mas já estava contando as horas, queria saber quantos presentes iam ganhar.
   Lembrou-se do seu 11° aniversário, quando ganhou lindos 15 presentes, geralmente ela não ganhava muitos presentes, e também não conhecia muita gente, saiu da escola aos 7 anos e nunca mais voltou desde então, mas nunca soube o motivo.
   Ela nunca se lembrou muito do seu passado, suas memórias só eram nítidas do seu 7° ano para cima.
   Rowena não tinha muitos amigos, a não ser sua irmã Olga, e suas primas que a visitavam a cada 2 anos. Rowena sentia o vento batendo em seu rosto, e a brisa da manhã que ainda pairava na rua.
   Ela começou a se perguntar por que que ela não tinha muitos amigos, e por que que ela nunca se lembrava de sua infância, já que ela se denominava pré-adolescente.
   Perguntar isso em casa era quase proibido, os Both nunca lhe contaram nada muito claro, só que tiveram que se mudar algumas vezes, e tirá-los da escola.
   Rowena acordou de seus pensamentos, já havia passado muito tempo, já estava achando achar que conseguia ter um poder de se desvencilhar do tempo, esquecer que ele passa e se afundar nos pensamento. A Sra. Both já chamava as filhas para o almoço, já era quase 13 horas.
   No almoço, em quanto a Sra. Both servia Helga de um Frango Assado, Rowena estufou o peito e perguntou-lhe:
   — Mamãe, por que não tenho muitos amigos, não vou pra escola como as crianças normais? Por que não me lembro de nada do passado?
   A Sra. Both soltou a travessa de Frango, que se espatifou na mesa, deixando cair Frango no chão, que foi recolhido por Pinty.
   — Ora filha, eu já disse que não quero falar disso, já lhe dissemos tudo, você sabe, não quero voltar nesse assunto… Tome, e coma rápido! — disse a Sra. Both furiosa, quase enfiando o prato na boca da filha.
   Rowena comeu o mais rapido que pode, sentiu a garganta fechar de tanta comida. E novemente foi para a porta.
   Desta vez a rua já estava vazia, Rowena achou que todos tivessem ido comer, e pouco a pouco a rua foi-se enchendo denovo, ate voltar para a movimentação normal da rua.

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