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esse capítulo tá meio grandinho, tipo, umas 4.400 palavras, então se vc quiser pode começar a ler agora e terminar depois. mas enfim. 
eu tenho uma amor incondicional por essa história e esse capítulo em questão, então mesmo sem previsão pra publicar o resto da história eu resolvi "liberar" esse capítulo aqui. hm, acho que é isso. obrigada por ler esse recado chato até aqui - ou não :v
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Lá está ela: altura mediana, magra, cabelo liso e cor de mel até os ombros, olhos esverdeados com indícios de azul marinho na íris. Além de um uniforme que parecia ter sido feito especialmente para ela, sem nenhum riscado de caneta azul na camiseta - o que eu considero uma verdadeira bruxaria. A garota mais perfeita que eu conheço.

Com um total de mais "amigos" que seguidores da Selena Gomez no Instagram, coisas mais importantes - como ter sido eleita a representante da sala com votos unânimes, ser a garota que participa de todas as olimpíadas escolares, a garota que sempre tira nota máxima - do que eu já tive em toda a minha vida e pelo menos seis garotos aos seus pés - nessa semana -, a novata do ensino médio é popular até ao jardim I.

Isso porque nós ainda estamos em março. Minha consolação é saber que só serão aproximadamente mais 243 dias para faculdade, onde seguiremos caminhos separados - se meus pais deixarem.

Seu normal é estar cheia de pessoas em volta, cobrindo a boca com a mão ao rir, falando palavras como "feitio". Mas hoje ela está quieta num canto, com fones de ouvido provavelmente no máximo e lendo um livro. Completa e mente sozinha.

Mais do que nunca, ela parece comigo hoje. E eu preciso descobrir o motivo.

- Clara! - minha amiga vem até mim com um sorriso no rosto.

- Oi. - Aceno.

- Olhando ela de novo? - Rafaela revira os olhos castanhos gentilmente. Nunca a vi brava. - Não funciona com gente. Só a comida cai no chão.

- Não iria querer que ela caísse - Respondo com desdém. - Além do mais, três pessoas iriam ajudar ela a se levantar e fazer ela de coitadinha.

- Bom, não custa tentar. - Ela dá de ombros.

Desde que brigamos por uma coxinha na cantina da escola viramos amigas. A verdade é que seus cachinhos me chamaram a atenção. Por ter eles, ela era a nova extraterrestre da sala - mesmo que eu duvide que crianças de seis anos soubessem soletrar extraterrestre -, e ser a ET anterior por ser a única cabeça de um castanho sem graça na escola me fez entender ela. As outras meninas eram mais para canadenses e norueguesas com seus cabelos loiríssimos e olhos que iam de verde ao azul. Viramos as estranhas com muito orgulho, e nos sentimos privilegiadas por sermos diferentes até hoje.

Voltando à Rafaela: mesmo minha amiga sendo bem piegas às vezes, eu gosto dela.

- Você fez a lição de história? Acho que vai valer dois pontos. - Rafaela tira o caderno de dentro da mochila com pingentes. Seu barulho me irrita, e o pior: começa a me dar dor de cabeça. Minha consolação é que no fim do ano não vai ter sobrado um para contar a história.

- Ah, pega na sala. A aula de história é a penúltima - Dou de ombros. Ela guarda o caderno, fazendo mais barulho. Um pingente solta um pouco, e sinto uma sensação de vitória.

- Oi Clara. - O irmão dela sorri.

Ele geralmente não conversa muito comigo, mas também não dá motivos para brigas e ou implicâncias - talvez porque ele nunca tenha cometido um erro sequer na minha frente nas poucas vezes que nos falamos. E, a pesar de seus lindos cachinhos castanhos sempre me chamarem para um cafuné, eu nunca pensei nele mais do que um colega. Seria muito clichê namorar o irmão da minha melhor amiga.

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2017 ⏰

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