Parte II
A casa simples e mal acabada, em uma viela de comunidade carente, mostrava que a família realmente atravessava momentos difíceis. Então, bati palmas em frente ao que Anita descreveu como um "portão de madeira", mas que para mim eram caixotes pregados e encostados no muro, preso por fios que faziam as vezes das dobradiças e do trinco.
Logo, uma jovem senhora que, embora seus traços não fossem feios, o mal trato a tornava bastante acabada, atendeu às batidas.
__ Pronto! __ Disse a senhora.
__ É a Dona Maria Rita? Perguntei ultrapassando o velho portão de madeira e me dirigindo a porta, onde estava a senhora.
__ Sim. E o senhor? ...
__ Eu trouxe uma cesta básica para a senhora e para a sua família!
Disse isso e lhe passei a caixa com os mantimentos. Ela recebeu com um imenso sorriso no rosto!
__ Eu, eu não esperava! ... O senhor é de onde? Não quer entrar?
Fui entrando e observei ela ir com a caixa para a cozinha e juntar as mãos para os céus, como um sinal de agradecimento.
Ela voltou e me ofereceu um copo de água. __ O senhor me desculpe, mas, eu não tenho nada para lhe oferecer. O senhor aceita um copo de água?
__ Não dona Maria Rita, não se preocupe comigo. O que eu queria mesmo era falar com o seu Antônio, ele está; não está?
Nesse momento eu percebi que ela ficou desconcertada! Ela ficou muito constrangida e, sem jeito mesmo.
__ Como é o seu nome, moço? Me diz, o que é que meu marido fez? O Antônio aprontou alguma coisa para o senhor, foi? Me diz moço! O que ele fez dessa vez?
Eu fiquei super sem graça com a atitude da mulher e tratei de colocar panos quentes.
__ Não dona Maria Rita, não é nada disso! Me disseram que o senhor Antônio, seu marido, estava muito doente e precisava de ajuda. Eu vim aqui só para ajudar, foi isso!
Dona Maria Rita estava pondo os mantimentos sobre uma mesa feita com restos de madeira, então, pegou o café e o açúcar e disse:
__ Senta, moço! Eu vou coar um cafezinho para o senhor. É o mínimo que eu posso fazer. Enquanto agente toma o café, eu vou lhe contar sobre o Antônio... Moço; eu não sei qual o seu nome, nem de onde o senhor é. Pra lhe dizer a verdade eu nem sei o que o senhor quer de fato, com a minha família e em especial, com o meu marido. Mas o que eu sei, é que o senhor chegou em boa hora, e que deve ter sido a providência Divina que lhe enviou aqui, pois eu não tinha nada na minha casa, a não ser água. E o senhor trouxe uma cesta com bastante alimento. Tem feijão, arroz, macarrão, café, açúcar... Tem leite, óleo, farinha de mandioca, fubá, maionese... Olha, espia? Tem salsicha! ... Isso, meu senhor, é muito mais do que eu vi nos últimos três meses!
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Uma Carta para Noel
Short StoryAUDIOLIVRO com a maravilhosa narração de Marcelo Fávaro , do canal Conto um Conto, do Youtube. - Um bandido, trapaceiro e golpista, se aproveita do natal para assaltar, vestido de papai Noel. Quem iria desconfiar do "bom velhinho"? Mas uma carta que...