CAPÍTULO ÚNICO.

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Thiago narrando:

— Como você consegue dormir até tarde assim?

— Clara? — Perguntei com as mãos nos olhos, tentando apagar a claridade que vinha da janela.

— Quem mais seria, bobão?

— Ai! — Reclamei sentando na cama. — Caramba, parece que um caminhão passou em cima de mim! — Bocejei. — Como entrou aqui?

— Chave reserva — ela sorriu. — Tava bebendo? Você tá com uma cara...

— Não... Estava compondo e fiquei até 4h da manhã acordado! — Ela me encarou. — Inspiração só chega de madrugada, tenho que aproveitar!

— E no outro dia você não serve pra nada, o que adianta?

— Claro que sirvo — falei e ri. — Olha eu aqui, todinho pra você!

— Quem disse que eu te quero? - Clara disse entrando na brincadeira.

— Se não quisesse, não estaria aqui!

— Chato — virou os olhos e continuou. — Vai ter uma festinha no Daniel hoje, você vai?

— Festa? — Perguntei logo. — As festas do Daniel nunca são de “graça”, Clara... Tem sempre alguma coisa no meio e você sabe muito bem disso.

— Eu sei, mas é que eu quero me divertir um pouco e faz tempo que nós não saímos juntos Thiago! Você fica enfurnado aí escrevendo e eu sempre saio sozinha!

— Desculpa Clarinha — me mexi na cama até alcançá-la. — Tô em falta com você! — A abracei e beijei seu rosto. — Ainda não sei como não arrumou outro melhor amigo! — Ela riu e me deu um tapa no braço.

— Não tinha pensado nisso — fez uma cara maliciosa. — Meu drama te convenceu? Você vai pra festa comigo?

Por um lado, seria bom pra me divertir. Por outro, teria que passar mais noites acordado para compor. Criatividade zero. A encarei por um tempo. Ela ainda esperava uma resposta minha. Dei um sorriso e a apertei. Ela comemorou.

— Começa ás 19h, acho melhor estar pronto!

— A função de quem fala isso é minha! Mulher que demora, os homens são rápidos.

— Ih, vai começar... — Ela virou os olhos e riu. — Como vou ficar aqui, você não vai demorar tanto!

— Ok... Mas e o meu almoço?

— Cozinha! Agora!

Levantei da cama e fui correndo até a cozinha. Precisava comer. Enquanto abria os potes de comida, ouvi Clara gargalhar atrás de mim.

— Do que tá rindo? — Perguntei com o prato na mão.

— É só comida, Thiago! Pra quê esse desespero todo? Ela não vai correr de você, menino!

— Fome... Conhece? Ela mata, sabia?

— Já tá falando abobrinha. Cala a boca e come!

Clara saiu da cozinha me deixando a sós com a comida. Pouco tempo depois ela voltou com o telefone na mão e um sorriso bobo nos lábios. Me encarou e voltou ao celular.

— Rodrigo? — Perguntei já sabendo a resposta.

— Sim — sorriu. — Ele me mandou um texto enorme pedindo desculpas...

— Por?

— Ele teve uma crise de ciúme desnecessária ontem... — Revirei os olhos. Não era a primeira vez que isso acontecia. Ela continuou. — Eu estava na casa da Luciana e ele ligou mais tarde que o habitual — ela desligou o celular e sentou ao meu lado. — Quando atendi, pedi pra ele esperar que eu tava saindo da casa dela. Ele explodiu, fez milhares de perguntas de onde eu tava e com quem... Você conhece a peça.

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