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Caio

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Caio

Ela estava tão linda quanto eu sempre imaginei. Na verdade, mais do que linda – ela parecia ter ganhado uma força, um brilho, algo que só o tempo poderia esculpir nela. O que me fez pensar: que péssima ideia foi trazer minha noiva para esse maldito projeto. Mas eu não tinha escolha, tinha? Aquele encontro não era para ser um acerto de contas, e muito menos para despertar todos esses sentimentos adormecidos. Só que, quando eu a vi naquela sala, com o cabelo preso em um coque elegante e a postura firme de uma mulher que sabe o que quer... eu soube que estava ferrado.

Não era só o jeito como ela falava, o controle que demonstrava em cada palavra, cada movimento. Era o que ela não dizia, o silêncio entre as frases. O modo como os olhos dela me evitavam, mas ao mesmo tempo pareciam me acusar de tudo o que aconteceu. Era como se estivéssemos travando uma guerra particular, e eu, claro, não conseguia me concentrar em nada que não fosse ela.

O mais irônico era estar ali, ao lado de Ana, minha noiva, apresentando nosso futuro lar para a mulher que, por muito tempo, eu imaginei que seria a dona dele. Eu trouxe a Ana junto para manter as coisas formais, profissionais. Queria que esse encontro fosse algo rotineiro, como qualquer outro projeto. Mas, no segundo em que vi Júlia, soube que nada nessa reunião seria normal. Não com o que tínhamos passado.

— Está incrível, não está, amor? — Ana me perguntou animada, completamente alheia ao turbilhão de emoções que me consumia por dentro.

Eu forcei um sorriso, assentindo, mas minha mente estava presa em Júlia. O jeito que ela apresentava o projeto, como se não houvesse mais nada entre nós além de negócios, me deixou inquieto. Será que ela realmente me superou? Será que, para ela, eu não passava de mais um cliente, alguém que ela tinha riscado do mapa emocional?

Péssima ideia, Caio. Mas, afinal, eu nunca fui bom em fazer escolhas quando se tratava dela.

Conforme a reunião avançava, eu tentava manter o foco no que Júlia dizia, nos detalhes do projeto que ela mostrava com tanta confiança. Mas, por dentro, minha cabeça estava um caos. Tudo o que conseguia pensar era no quanto ela havia mudado e, ao mesmo tempo, no quanto ainda parecia a mesma. A mesma mulher que me fazia perder o controle só de estar por perto.

Ana, ao meu lado, comentava animadamente sobre a decoração, sobre como o quarto do futuro filho seria perfeito. Ela falava sobre o nosso futuro, a nossa vida, mas minha mente não estava ali. Estava presa em algo que não deveria existir mais – na memória de Júlia, no que fomos, e no que poderia ter sido.

Olhei de relance para Júlia. Ela mantinha aquele ar impassível, mas eu a conhecia bem demais. Havia um brilho nos olhos dela, um fogo que ela tentava esconder, mas que eu conseguia ver. Não era só profissionalismo. Ela ainda estava lutando contra o que sentia, do mesmo jeito que eu. E cada vez que ela falava, cada vez que nossos olhares se cruzavam brevemente, aquilo me consumia.

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