Queria apenas tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim.

206 5 0
                                    


  COMEÇO a minha história por um fato acontecido quando tinha dez anos e frequentava a escola particular de minha pequena cidade natal. 

Muitas coisas daquele tempo ainda exalam para mim certo perfume e irradiam em mim uma suave melancolia associada a gratos temores: ruas sombrias ou iluminadas, casas e torres, o soar dos relógios e faces humanas, aposentos repletos de comodidade e de cálido bem-estar, aposentos cheios de mistério e de um profundo medo de fantasmas. Odor de cálida intimidade, de coelhos e criadas,de remédios caseiros e de frutas frescas. Dois mundos diversos ali se confundiam; o dia e a noite pareciam provir de pólos distintos.  

  À nossa volta havia todas essas coisas belas e espantosas,selvagens e cruéis; na rua ao lado, no interior da casa vizinha, policiais perseguiam ladrões; homens embriagados batiam em suas esposas;grupos de moças saíam das fábricas ao anoitecer; havia velhas que enfeitiçavam as pessoas ou lhes causavam desditas; no bosque se ocultava um bando de salteadores; os guardas florestais perseguiam ladrões e incendiários... e  

  Eu, como filho dos donos da casa, pertencia, de imediato, ao mundo luminoso e reto; mas para onde quer que dirigisse a vista ou apurasse os ouvidos, ia dar sempre com o outro mundo e,portanto, nele também vivia, embora quase sempre me parecesse isso estranho e inquietante e acabasse por infundir-me pânico, turbando-me a consciência.   (JIN)

  Chegou a haver temporadas inteiras em que eu preferia viver naquele mundo proibido, e o retorno à claridade, ainda que necessário e conveniente, chegava a ser para mim quase que um retorno a algo menos belo, mais vazio e aborrecido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

  Chegou a haver temporadas inteiras em que eu preferia viver naquele mundo proibido, e o retorno à claridade, ainda que necessário e conveniente, chegava a ser para mim quase que um retorno a algo menos belo, mais vazio e aborrecido.   

  Quando pensava no Diabo, podia imaginá-lo a andar pelas ruas, mascarado ou com a face descoberta,   (FIRE)


  Eu me considerava muito mais próximo do mundo obscuro, e o contato com o mal se fazia sentir em mim muitas vezes por uma dolorosa angústia.  

  Havia segredos que eu podia compartilhar com os moleques mais despudorados da rua, mas não com minhas irmãs .

  - garotos impetuosos e travessos, mas pertencentes ao mundo bom e permitido — eram meus colegas de classe e vez por outra vinham à minha casa.  

  

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
BTS TEORY HERMAN HESSEOnde histórias criam vida. Descubra agora