Um Crime Demoniaco

64 4 0
                                    

                Um Crime Demoniaco

         "Você sabe qual o Primeiro Mandamento do Inferno?"

                                                      

 

                            1

Fernanda se encontra na esquadra de policia de Aveiro. Sua irmã e seu cunhado foram brutalmente assassinados nessa noite, quatro horas atrás. O detective Farias lhe informa acerca dos detalhes apurados...
- Sua sobrinha foi a única sobrevivente deste crime macabro. A encontrámos escondida no compartimento que seria destinado para colocar a botija de gás.
- Ai, meu Deus. Mas ela está ferida?
- Não. Ela está bem. Foi encontrada coberta de sangue. Suspeitamos que no meio de toda essa confusão ela tenha tido oportunidade de se aproximar dos corpos das vitimas, nesse caso seus pais.
- E agora? Posso levá-la para casa comigo? Não quero vê-la passar a noite na esquadra, por favor!...
- Julgamos que sim. Precisamos apenas de lhe informar outros tantos detalhes, Sra. Fernanda.
- Sobre o assassino?
- Sabe? Ainda não temos a certeza daquilo que se passou naquela casa. Pode ser que a Sra. nos consiga esclarecer umas certas questões...
- Eu? Quero dizer... Se puder ajudar na investigação tudo bem, mas qual é a dúvida?
- Venha comigo até meu escritório. Esse assunto é um pouco mais delicado.
O detective Farias guia Fernanda até seu escritório certificando-se de que ninguém está por perto para ouvir a conversa. Parece ser assunto sério. Farias encerra a porta do escritório, e retira um pequeno dossier marcado como: "Prova B2" de uma das gavetas e o coloca na mesa de sua secretária.
Colocando a mão por cima do dossier coloca a seguinte questão: - Você tem conhecimento de que sua irmã e seu cunhado estivessem envolvidos em algum tipo de culto?
- Culto? Que tipo de culto?
- Nesse caso em particular... Envolvendo entidades demoníacas, Sra. Fernanda...
- Como assim? Você não pode estar falando sério...
- Esse dossier foi encontrado no quarto do casal. Trata de uma longa pesquisa em vários sites da internet. Estavam pesquisando um demónio chamado "Moghul".
O detective entrega o dossier a Fernanda e por alto ela consegue ler pequenas frases como: "demónio sanguinário", "sedento por crimes brutais", "sua evocação exige sacrifício"...
- Meu Deus... Não pode. Minha irmã não podia estar por trás de algo assim...
- Tenho suspeitas de algo bem pior, dona Fernanda.
- Pior como? Por favor...
- O padre Alberto da paroquia que eles frequentavam nos ligou assim que soube da ocorrência... Ele me informou de que seu cunhado procurava um exorcista três dias antes do crime, mas cancelou no dia seguinte por telefone dizendo que já não era necessário.
- Então isso quer dizer...
- Exacto. Suspeitamos que sua irmã foi possuída.
Por acaso essa não era a conclusão a que Fernanda estava chegando, mas assim saindo da boca do detective... Acabou por fazer a sua lógica e Fernanda aceitou a teoria. - Significa que... Foi ela?
- Ainda não temos certeza disso. Mas a verdade é que não foram encontrados vestígios de mais ninguém naquela casa ontem a noite. Minha tese foi que seu cunhado possa ter sido confrontado de novo com sua irmã possuída e acabaram se matando um ao outro...
- Oh, meu Deus. Imagino a quantidade de coisas que aquela menina possa ter visto... Ninguém merece.
- Ela ainda nem falou desde que foi encontrada. O choque pode ter sido tremendo.
Fernanda se encontra emocionada e quase em lágrimas repara que não consegue mais se expressar com palavras. O detective Farias dá por encerrado seu questionário e aproveita agora para aconselhá-la...
- Vou pedir que inscreva sua sobrinha em terapia com esse psicólogo... - Farias lhe entrega um pequeno cartão de contacto. - Ele está habituado a lidar com casos dessa natureza. Quero pedir a senhora que não divulgue para ninguém aquilo que lhe falei no escritório. Por enquanto até que se apurem os factos isso é extremamente confidencial. Agora... Venha comigo á receção assinar um pedido de tutela temporário para que sua sobrinha possa ir consigo para casa em seguida. Fique também com esses folhetos que lhe vão informar dos procedimentos necessários para conseguir futuramente a sua tutela permanente...
- Obrigado por tudo, detective.
Fernanda assina o formulário de tutela temporária e recebe sua sobrinha em braços. A menina de 14 anos de idade parece apática, mas ainda assim consegue trespassar uma emoção através de sua linguagem corporal. Ela está com medo sem dúvida.
O detective Farias acompanha Fernanda e a menina assustada até ao carro. Fernanda se prepara para conduzir até casa.
- Conduza com cuidado! - Aconselha o detective. - Você tem muitas emoções ao rubro. Precisa se concentrar na estrada.
- Tudo bem.
- Lhe ligo amanhã para saber se está tudo bem, ok?
- Ok.
- Vá... Até amanhã.
- Até amanhã.
Fernanda conduz sua viatura com cautela, mas não consegue evitar deixar de olhar para sua sobrinha pelo espelho retrovisor a cada 30 segundos. A tristeza que sente é imensa e de vez em quando seus olhos deixam escapar uma lágrima.
- Diana. Você pode falar com a tia Fernanda. Você sabe que a tia te adora, certo?
Diana olha para Fernanda através do espelho e reagindo com enorme tristeza baixa sua cabeça em seguida.
- A tia imagina aquilo por que você passou essa noite, querida. A tia sabe que você está triste.
Diana olha pela janela. Reage com alguma indiferença como de quem não está disposto a falar de nada, embora sempre com tristeza estampada no rosto.
- Sua mãe estava doente, Diana... - Essa última frase despertara uma repentina curiosidade em Diana e sua expressão facial mudou. Ela estava muito mais séria e atenta. - Ela te amava muito, isso eu sei. Mas aquilo foi uma doença que entrou nela. Deixou de ser ela. Deixou de ser sua mãe...
Diana estava algo espantada com o discurso. Ela não estava entendendo aquilo que a tia falava.
- Mamãe não estava doente. - Falou Diana com sua inocente voz de menina.
- Diana... Me desculpe... Como não, querida?
- Mamãe não estava doente.
- Foi o papai, então?
- Papai também não estava doente.
- Diana... Você não esteve doente pois não, minha querida?
- Ih, ih, ih... - Diana emitiu um sorrisinho sádico. Fernanda se apercebera de imediato que era Diana quem estava possuída e travou o carro com toda a força encostando na beira da estrada. Eram três horas da madrugada (6 horas após o crime), estava escuro, frio e a estrada secundária não tinha trânsito.
- Diana! Como você pôde? Seus pais... Porquê?
- Porque matar é tão divertido, ah, ah, ah. - A voz não era mais de Diana. Agora era Moghul quem estava no controlo.
- Oh meu Deus. É verdade. Você não é Diana.
- Ih, ih, ih... Diana sacrificou seus pais para me invocar... Já tinha sacrificado seu gato, mas só resultou em possessão temporária...
- As pesquisas eram dela...
Sadicamente o demónio decide voltar a usar a voz de Diana. - Só por curiosidade... Tia... Você sabe qual o primeiro mandamento do Inferno?...
Moghul tranca as portas do carro assim que termina de perguntar, e pega fogo ao banco traseiro inclusive ao corpo de Diana que ele está possuindo, embora este não se queime.
Fernanda procura desesperadamente abrir uma porta sem resultado, tenta depois quebrar uma janela com os tacões dos sapatos...
- O primeiro mandamento do Inferno é: Mate o próximo antes que ele mate Você, ih, ih ih...
Um enorme sopro de fogo envolve todo o interior do carro.

                   

                               2

Na manhã seguinte o detective Farias investiga o local do acidente e preenche seu relatório... Um veiculo ligeiro parado na berma da estrada pegou fogo a partir de seu interior. Causa do incêndio ainda não apurada. Vitimas mortais: Uma, Sexo: Feminino, Nome: Fernanda Ribeiro. Informações adicionais: Nada que acrescentar.
- Ia deixar um demónio dormir na minha esquadra... Só o que me faltava! - Exclama Farias enquanto joga seu cigarro para o chão e o pisa.

                       Fim

Gostou dessa história?! Descarregue a Android App Zero Horas - Contos de Terror em: http://theapp.mobi/zero_horas!! É a única! Você bem pode procurar por apps de contos de terror no Google Play Store que não vai encontrar em português, não!

Um Crime DemoniacoOnde histórias criam vida. Descubra agora