Era uma vez... Felizes para sempre... Contos de Fadas? Isso não era o tipo de coisa que Estela acredita; ela é prática e racional. Se algo que dizem que existe pode ser provado pela ciência, ela acredita se não... Definitivamente não a convencerá.
Ao olhos de Estela, sua mãe; a quem todos conheciam por Bela, foi deixada por seu pai, e ficou a cargo de sua mãe sua criação e educação. E se uma mulher extraordinária como foi sua mãe, foi deixada pelo homem a quem ela achava que amava, os finais felizes e viveram felizes para sempre dos contos de fadas não passavam de mera enganação, uma ilusão que fazia as meninas acreditarem desde cedo que encontrariam seu príncipe encantado.
Numa manhã chuvosa e fria, enquanto se dirigia para o trabalho, Estela tropeçou em um objeto estranho. Era uma caixa e ela tinha um formato sextavado, cada lado possuía uma data, e cada data remetia a uma época em que sua mãe viveu ao lado do seu pai. Isso não estava escrito no objeto, Estela apenas fez uma breve comparação... Cismada com tal objeto, ela o colocou na bolsa e seguiu sua rotina; esquecendo-se do objeto que tinha acabado de tropeçar.
Dias, e depois semanas se passaram desde que Estela se deparou com aquele estranho objeto. Mas um dia, enquanto estava em sua mesa, no meio de um trabalho que exigia muito de sua atenção, algo começou a tremer em sua bolsa. Desperta de sua concentração pelo barulho, Estela até pensou em parar para atender, o que pensava ser, seu celular só que decidiu ignorar e retornar a ligação mais tarde.
Por volta da hora do almoço, mesmo relutante em deixar o que fazia, Estela optou por um lanche rápido a ir a um restaurante, e no prédio em que trabalha desceu para a lanchonete. Sentado à mesa a sua frente, tinha um homem que ela nunca tinha visto antes, boa fisionomista como era, ela tinha certeza que no prédio ele não trabalhava, pois conhecia a maioria das pessoas que ali passavam a maior parte de seus dias. Porém esse homem não tirava os olhos de Estela, como se a tivesse estudando, analisando... Estela sentia como se sua intimidade estivesse sendo invadida, como se aquele homem de alguma maneira estivesse ali por causa dela. Acabado a hora do almoço, voltou para o que estava fazendo, pois precisava entregar toda papelada até o final do dia.
Já era noite quando Estela finalmente pode voltar pra casa, e enquanto se arrumava lembrou que seu celular havia tocado, e resolveu retornar a ligação. Quando abriu a bolsa e pegou o telefone, viu que não havia ligações nele, mas algo ao lado dele estava remexido, tirando viu que a tal caixa que havia jogado lá outro dia que havia mexida.
Ela sentou-se em sua cadeira, tirou o objeto de dentro da bolsa e foi analisar, agora com calma do que se tratava. Abriu seu tampo, e para sua surpresa, dentro dele algo estava escrito, como nos contos de fadas, num pequeno espelho no fundo. Aproximando-se leu a seguinte frase: "Só você, e somente você pode mudar o passado." Intrigada e incomodada com aquilo, ela jogou novamente a caixa dentro da bolsa e se preparou para ir embora. Quando chegou ao térreo, o que antes era uma impressão, agora virou medo, pois o homem da hora do almoço estava parado do outro lado da rua e quando a viu veio em sua direção.
- Recebeu o aviso? Tudo depende de você, e se você não aceitar; o que é para sempre será. Dizendo isso o estranho virou as costas e sumiu.
Uma arrepio de frio e medo percorreu as costas de Estela, ela queria correr, mas suas pernas não saíram do lugar, ela queria gritar, mas sua voz ficou entalada na garganta, foi só depois de alguns segundo, que pareceram horas, que ela conseguiu esboçar alguma reação e caminhar até seu carro e ir para casa.
No outro dia, porém em horário diferente, a caixa em sua bolsa mexeu novamente, e quando Estela abriu seu tampo, leu a mesma frase, mas algo havia sido acrescentado: "Só você, e somente você pode mudar o passado. Basta dizer: Eu aceito.".
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