storyteller ✿

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"Seu cheiro é tão bom quanto o doce aroma de uma Jasmin, as curvas do seu corpo são tão bem estruturadas quanto uma Phi, seu sorriso é tão branco quanto um Copo de leite. Tudo em você se completa como notas em uma perfeita harmonia, e quem dera eu, fazer parte dessa linda canção."

- Patético. É isso que você é Min Yoongi. Você acha mesmo que eu vou ter um filho gay? Que ainda por cima escreve porcaria em uma merda de caderno? Filho meu nasceu pra ser homem! E não uma bicha como você. Eu tenho vergonha de ter você como filho, tanta vergonha que, a partir desse momento, você não existe mais para mim. Se quiser vá atras desse maldito floricultor, quem sabe ele te aceite? – ironizou sem se conter em soltar uma risada fanha - Ah quem eu estou enganando? Você não passa de mais uma bicha que vai morrer de fome na segunda semana que passar longe dessa casa. Mas quer saber? Eu espero que você não dure nem uma noite.

Yoongi olhava perplexo e sem entender toda aquela situação, não entendia como seu pai havia pego seu caderno, ou muito menos entendia o porquê de estar jogado contra a parede com a camisa amarrotada. Ele apenas conseguia pensar em suas flores, que ficariam encharcadas com tantas lágrimas que seriam derramadas.

- Você não está entendendo? Eu te quero fora dessa casa! Nunca mais ouse olhar para mim, vir até mim, ou até mesmo pensar em mim. E vá embora antes que eu mude de ideia e resolva te afogar na banheira, assim como a sua mãe.

O olhar assustado que Yoongi tinha foi substituído por orbes negras de puro ódio, que agora observava seu pai o jogá-lo para fora de casa, juntamente com as lembranças da morte de sua mãe.

Mas não, Senhora Min não foi morta por seu pai, muito pelo contrário, Senhora Min havia se suicidado quando Yoongi tinha apenas 14 anos. O motivo foi tão dramático quanto às cenas de dorama que Yoongi assistia de vez em quando.

Ela nunca foi chegada ao filho, talvez por ele ter sido gestado de um estupro violento. Ou talvez não, já que a mesma vivia com o próprio estuprador até os últimos dias de sua vida. Irônico o suficiente pra ser cômico. Yoongi sabia que sua mãe nunca fora totalmente saudável mentalmente, mas teve certeza disso quando ela foi diagnosticada com Síndrome do Estocolmo*, se condenando a passar o resto de sua vida sendo abusada, mentalmente e fisicamente pelo homem que havia lhe tirado seu corpo, sua alma, e claro, sua virgindade.

Ela não tinha mentalidade o suficiente para enxergar que havia condenado seu filho também, pois Yoongi passou os 23 anos de sua vida sendo molestado e machucado pelo seu progenitor. Sim, progenitor. Pois um monstro daquele não merecia, e nem devia, ser chamado de pai.

No seu aniversário de 14 anos, Yoongi teve a sua tão sonhada primeira festa de aniversário. Que não fora organizada pelos seus pais, e sim pela amiga floricultora de sua mãe, Senhora Jung. Ela era mãe de um menino agitado que era apenas um ano mais novo que Yoongi. Eles não se conheciam até a noite daquela bendita festa. Logo de cara Yoongi não gostou do tal menino, já que o acastanhado estava sempre pulando e rindo para o nada. Ele certamente intrigava Yoongi com tanta felicidade, mas o que o deixava mais intrigado ainda, era o olhar do garoto para as flores, era um olhar carregado de paixão, sentimento, e uma calorosa alegria. Não entendia como alguém poderia amar coisas tão frágeis e simples como aquela, mas o que ele poderia dizer? Yoongi nem ao menos entendia o que era amar.

Ele gostaria de perguntar o porquê de tanta admiração, mas não teve tempo já que o acastanhado chegou às pressas se desculpando sem jeito pela falta de educação e se apresentando ao aniversariante.
— Me desculpe por não me apresentar – Falou rapidamente antes de se curvar – Jung Hoseok! É um prazer te conhecer Min Yoongi! Omma vive falando de você e de como você é branco! Uau, você é realmente branco, tem certeza que não é um vampiro? ESPERA! É o seu aniversário de quatorze mil anos, não é? Eu sei que é! – Hoseok encostou a pontinha do dedo delicadamente na bochecha de Yoongi sem dá-lo a chance de falar. – Ok, você não pode ser um vampiro porque não tem presas! Aliás, você não é de falar muito, não é? Você é mudo? Acho que a omma devia ter me falado mais ao seu respeito, como eu converso com um mudo? AH! Já sei.

E por alguns segundos, Yoongi via o menino a sua frente balançar os dedos freneticamente.

— Ei! Eu falo. – disse em um tom baixo, se permitindo dar uma risada da situação.

— E por que não disse antes? Ah tudo bem, eu aceito você ser caladão, só se me disser como é tão branco assim.

— Eu pego pouco sol, não gosto muito dele.

— Mas o sol é essencial! Como as flores cresceriam sem ele? – A pergunta foi praticamente retórica, pois Hoseok não deu tempo de Yoongi responder. — Você é tão branco, branco como açúcar. – Olhou nas profundas orbes do loiro antes de dizer calmamente. - Suga! Eu vou te chamar de Suga. E você pode me chamar de Hobi. Vão ser os nossos novos apelidos!

Yoongi novamente não teve tempo de responder ou de contradizer, porque no mesmo instante, Hoseok estava com o braço estendido segurando uma pequena rosa branca, e com um sorriso no rosto que chegava às orelhas.

Feliz aniversário, Suga. Espero que possamos ser amigos. Essa rosa é tão branca quanto você. De amor a ela. E água também! Ela precisa de água.

E essa foi a última coisa que ouviu do seu novo amigo naquela noite. E pode apostar que Yoongi nunca mais se esqueceu de dar amor a todas as flores que ele ganhava. E água também!

A noite da pequena festa estava indo bem, até os 6 convidados irem embora, deixando para trás um Yoongi feliz com seus pais que estavam prestes a começar uma briga. Ele não conseguiu ver o início da briga, então não sabia porque ela havia começado, só sabia que ela resultou em sua mãe sendo abusada em sua frente, e logo após, um cadáver com cortes nas pernas e nos pulsos dentro de uma banheira.

Após todas as lembranças rondarem sua mente, Yoongi se encontrava na rua, sozinho, segurando apenas uma mala de roupas e acompanhado de suas flores em seus pulmões, que foram plantadas ali no momento em que Jung Hoseok lhe deu aquela pequena rosa branca.

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Síndrome do Estocolmo;
Síndrome de Estocolmo ou síndroma de Estocolomo é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor.

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⏰ Last updated: Dec 08, 2016 ⏰

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