Capitulo 1

33 0 1
                                    

  (Ester)

   Sempre morei no Canadá, sempre fui independente, meu próprio dinheiro minhas próprias coisas, mas tudo mudou tão de repente, minha família resolveu se mudar para o Brasil e infelizmente me arrastará junto! Não que eu esteja com medo... Mas uma nova escola, novas pessoas, novas rotinas, sei que é a terra natal dos meus pais, mas é que eu nunca fui ao Brasil, nunca ouvi se que falar dos meios de vida de lá. Sei que pareço desleixada por não conhecer nada na terra natal dos meus pais, mas eu nunca pensei que poderia um dia ter que ir para lá, sempre me imaginei cursando a faculdade aqui, virá bióloga aqui, compra um grande apartamento, um belo carro, ter um bonito vira-lata e ser feliz, por incrível que pareça em todos os meus 17 anos nunca me imaginei casando, claro que tive minhas paxonites mas nunca imaginei entrando em lugar nenhum com um véu de noiva e um vestido branco esvoaçante, tudo que eu queria era uma vida tranquila, mas ai puff... Adios sonhos.
    Logo chegou o dia da minha partida, do dia em que me despediria da minha cidade, do meu país e principalmente dos meus amigos. Estou arrumando a mala com uma coragem impressionante consigo ser mais rápida que uma lesma que incrível, de repente ouço a campainha na porta da frente e saio correndo tropeçando na cadeira da escrivaninha, abro a porta gemendo e recebo Jess aos prantos, ela se agarra em meu pescoço e me faz cair com ela por cima. Jess sempre foi uma das minhas melhores amigas, foi ela que me apoiou em momentos mais bizarros da minha vida, como da vez que comir demais no refeitório da escola e acabei botando tudo para fora em cima do garoto mais bonito, Jess riu, claro que ela riu mas logo se recompôs e me ajudou a sair daquele sufoco. Jess levanta com a maquiagem super borrada e me ajuda a levantar, ela ainda chora olha para mim e diz:

-Por que Ester? Por que seus pais são tão maus comigo, o que eu fiz para eles?- O nariz dela escorre enloquecidamente de uma forma que é impossível não começar a rir. Jess olha para mim com cara de brava e diz:
-

Do que você tá rindo? Tá feliz em me abandonar naquela escola enorme, justo no momento em que mais preciso de você.- Jessica Cristina Clayton sempre teve a arte de ser extremamente dramática, e isso a torna totalmente hilária, nesse momento percebo que não vou ver ela novamente tão cedo, paro de rir, ela então me olha, olho pra ela e me desabo a chorar, Jess olha pra mim assustada e começa a chorar soltando enormes soluços que me fazem chorar mais ainda, e nós duas no meio daquela sala, parecendo duas doidas choronas nos abraçamos e choramos, neste momento minha mãe chega e como ela sempre vai na onda dos sentimentos alheios, começou a chorar também, agora eram três doidas abraçadas no meio da sala a chorar, meu pai entra cinco minutos depois olha pra nós e começa a rir, ele rir tanto que se torna contagiante e todos nós rimos que nem desesperados.
    Após combinar com Jess que nos falariamos toda semana pelo Skype, apenas pego minhas malas e parto com meus pais em direção ao aeroporto, despendindo-me da minha cidade com lágrimas nos olhos.   
    Após algumas horas de vôo chegamos a São Paulo, não gostei a primeira vista do local, a poluição fez meus olhos arderem e meu nariz entupir, era muito carro para pouca rua, e muita gente para pouco espaço contestando leis da física e da química. Andamos mais alguns quilômetros até uma localidade mais calma onde era a casa dos meus avós maternos, iriamos morar lá a parti de agora, meus avós já eram muito idosos e precisavam de alguém para cuidar deles, esse foi um dos motivos para sairmos do Canadá, mas o real motivo é que o custo de vida estava muito alto e o nosso dinheiro baixo. A casa é bem espaçosa e silenciosa e terei um grande quarto só pra mim, bem ele tá meio destruído mais nada que a magica de Ester não posso resolver. Espero que a vida aqui no Brasil não se torne tão difícil quanto imagino, se for espero que tenha forças para conseguir aguentar.
         
      ✿ ✿ ✿ ✿ ✿ ✿ ✿ ✿

  Subi meu novo quarto na casa dos meus avós, bem não está tão acabado como pensei que estaria, paro na porta e fico observando a decoração antiga e desgastada, parece aqueles velhos filmes em preto e branco onde grandes coisas acontecem, me perco em pensamentos parada naquela porta quando alguém coloca a mão em meu ombro, com o susto dou um pulo e olho para trás, minha mãe está me olhando e sorrindo, não achei graça alguma, ela para de rir e entra no quarto.
- Dormia aqui quando era mais jovem, costumava imaginar que era meu quartel general - ela fala pegando uma pequena boneca de porcelana.
- Acho que agora vai ser o meu quartel general - falo sorrindo, ela olha para mim sorrir e diz:
- Claro que vai! - ela sorrir e me abraça. Minha mãe também está triste, mas demonstra ser mais forte do que realmente é. Meu pai grita procurando por ela, então olha para mim sorrir e diz:
- Permissão para me retirá general!- sorrio e falo:
- Permissão concedida, soldado mamãe! Ela sorrir passa a mão nos meus cabelos e sai.
    Começo a desfazer as benditas malas, e percebo que tenho mais roupa de frio, agasalhos enormes e grossos, e calças que mais parecem um balão, como vou sair na rua com isso? Vou morrer derretida, preciso de roupas novas.
       Como trabalhava em uma livraria no Canadá, conseguir junta algum dinheiro, mas tudo que eu tenho guardado é para o meu futuro, sei que não é muito, mas os sonhos não ordem morrer. Sinceramente não gosto de pedir dinheiro para os meus pais, toda aquela questão de independência financeira me deixou receosa, mas não tenho muita opção.
     Ao ganhar cem reais do meu pai, com muito custo, procuro no celular o shopping mais próximo, mas este é muito longe para ir a pé, então resolvo procurá um meio de  transporte, não quero pegar ônibus nem sei como eles funcionam aqui, táxi muito menos com certeza gastaria metade do meu dinheiro só nisso, então pergunto ao meu avô:
- Vô, por acaso você não tem um patinete tem?- ele rir e pergunta:
-Patinete? Para que?
-Bem, preciso ir compra roupas novas, eu não quero sair vestida como se o Bob esponja tivesse me engolido.-Ele gargalha e fala:
-Não, não tenho um patinete, mas acho que tenho uma ideia, vem comigo. - Seguir meu avô e ele foi até a casa da frente deu algumas batidas na porta e esperou, alguns minutos depois saiu uma mulher com cabelos negros e com a expressão simpática no rosto, olhou para meu avô e falou.
- Oi Senhor Paulo, posso ajudar?
- Oi Dona Vanda, claro que pode, por acaso você ainda quer vender aquele sua bicicleta? - Perai bicicleta? Vender? O que diabos meu avô tá pensando mal tenho dinheiro para comprar algumas roupas e ele vem com papo de bicicleta?
- Claro Senhor Paulo, quero me livrar dela a um tempo, detesto dizer isso, mas não sei andar naquele troço de duas rodas assassino.- não teve como não rir do que ela disse, ela parece ter notado minha presença sorriu e disse:
- Quem é a jovem?- Meu avô me olha e fala:
- Essa é Ester, minha neta que morava no Canadá.
- Legal, a bicicleta é pra ela?
- É sim.
-Tudo bem, vou buscar.- Ela entrou para busca a bicicleta e eu chamei a atenção do meu avô, ele olhou pra mim e eu sussurrei:
- Eu não tenho dinheiro para comprar uma bicicleta.
- E quem disse que vai? Vou lhe dá de presente.
- Não precisa.
- Claro que precisa, ou você que andar de ônibus?
- Que cor é?- Meu avô sorrir e eu também, pegar ônibus, nessa cidade sem colhece-la? Obrigada não.
  Peguei minha bicicleta nova, nem tão nova, existia pequenos arranhões em sua tinta vermelha vibrante, e sua cestinha estava um pouco amassada, sorrio imaginando as quedas que aquela senhora levou, pobre bicicleta. Resolvi deixa às compras para o dia seguinte, e resolvi ir a uma sorveteria da esquina que tinha visto pela janela do carro ao chegar. Segui naquela direção meio que na lua, quando senti uma mão me puxando para trás.
- Cê tá loca garota, que morrer?- Uma garota baixinha de óculos me olhava com uma cara de incredulidade. Cadê a compreensão desse lugar nunca viram ninguém no mundo da lua?
- Claro que não, tava meio que viajando.- falei meio envergonhada.
- Percebe-se, você não é daqui é?- perguntou com as sombrancelhas arqueadas.
- Não!
- Então... De onde você é? -Criatura curiosa, meu sorvete de flocos tá me esperando, e ela futricando minhas intimidades, daqui a pouco vai perguntar a cor da minha calcinha, perai qual calcinha eu tou usando, é a azul? Ou a roxa?
- Venho do Canadá, nasci lá.
- E como você fala português tão fluentemente?- não creio que... gente... Deus me dê paciência, pois se me dê força, segura a peruca, dou um sorriso daqueles que dizem: "Não que logo a biografia?" e respondo:
- Meus pais são brasileiros então sei duas línguas.- Antes dela fazer uma nova pergunta alguém me puxa gritando:
-Migaaaaa, Eu vi um boy lindo.- Acho que estou em um recinto de loucos, esta pessoa me puxa e me empurra para um beco, era uma garota gordinha e sorridente que olha pra mim e diz:
- Desculpa te assusta colega, mas se eu te deixasse lá a Fernanda iria ficar matracando o tempo todo e você não que isso quer? Se quiser, eu te coloco lá em um pisca de olhos - olho para ela e arregalo os olhos.
- Volta lá? Por que que me castigar? O que eu te fiz? - ela gargalha e eu rio junto.
- Beatrice! - ela fala de repente.
- Quem? Onde? Como?- pergunto, ela sorrir e diz:
- Meu nome é Beatrice, e o seu?
- Ah, tá! Entendi, meu nome é Ester
- Prazer Ester, só um conselho não dê trela pra Fernanda, ela é metida a sabichona.
- Acho que vou ouvir seu conselho.
- Melhor mesmo, a não ser que queira se virar um clone daquela lá.- sorrio para ela e ela devolve o sorriso.
- Bem, se precisar de mim moro naquela casa alí.-disse ela apontando para casa de dona Vanda, olho pra ela surpresa e digo.
- Acho que somos vizinhas!- ela arqueia as sobrancelhas e pergunta:
- Por que diz isso?
- Me mudei hoje para casa dos meus avos, e é justamente a casa em frente a sua.
- Perai, o que eu perdi? Você é neta do senhor Paulo e da dona Camila?
- Sim, sou.
- Então... Prazer vizinha.- diz ela sorrindo.
- Prazer vizinha.-digo também sorrindo.
    Acho que as coisas começam a melhorar neste país, não que eu espere muito dele mas vejo que Beatrice talvez possa virar uma boa companhia.

______________________________

Este é o meu primeiro "livro", confesso que não tenho muita habilidade com isso, mas eu quero muito tentar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 12, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Garoto da LanchoneteOnde histórias criam vida. Descubra agora