Eu me sentia um pouco deslocada e tímida, embora já estivesse acostumada com a situação. É o meu primeiro dia de aula na escola nova.
Por sorte não sou a única. Todo mundo parece um pouco desnorteado sobre qual sala de aula entrar e com quais pessoas tentarem uma nova amizade.Passei por um corredor cheio de novos alunos e procurei pelo meu nome na lista da primeira sala que encontrei. Até que não demorou muito. Lá está: ARABELLA JAMES.
Entrei e caminhei até a fila de carteiras que ficava mais distante da porta, onde tinha uma janela com o comprimento da parede. Sentei-me na última carteira e esperei que tudo desse certo naquele dia.
Em alguns minutos quase todas as carteiras estavam ocupadas. Eu via nerds empolgados com o início das aulas, menininhas comentando sobre o possível professor galã de matemática, tem também os desleixados que olham o relógio a cada 10 segundos querendo que isso acabe logo. E tinha eu. Sem amigos ou empolgação.
O sinal que anunciava o início da primeira aula tocou e junto com ele veio o professor de matemática, que, para o azar das menininhas, era gordo e velho. Sorri de canto e recostei-me à carteira. Odeio matemática. Nada fora do normal por enquanto.
Depois de minutos que pareceram horas, o sinal tocou novamente, anunciando o fim da primeira aula. No instante a porta da sala se abre e entram dois alunos, atrasados, uma menina de cabelos longos e olhos claros, que eu logo reconheci. Estudamos juntas desde muito pequenas e agora ela está aqui, como uma sombra. E atrás dela eu vi um garoto, com olhos verdes marcantes, cabelo encaracolado, e a pele tão clara que eu sentia que ia ver seu sangue correndo nas veias a qualquer momento.
Não conseguia desviar o olhar dele, que se sentou distante o suficiente para não mais conseguir vê-lo.
A menina, que se chama Samantha, sentou-se ao seu lado. Por algum motivo aquilo me incomodou. Mas deixei pra lá e continuei a prestar atenção na aula, que já é de Literatura.
Estava no intervalo entre uma metade e outra do turno. A escola é muito grande, cheia de árvores e espaços livres. Caminhei até o auditório e sentei no palco. Onde parecia um lugar não muito disputado. Fiquei apenas olhando para as pessoas, a forma como agem. Fui tirada do transe por um estalar de dedos na frente dos meus olhos.
- Olá! - Disse animada, Samantha.
- Olá. - Respondo sem muito entusiasmo.
- Estamos juntas de novo. Há quanto tempo? 5 anos? Sim. 5 anos. - Ela parece um pouco agitada e responde as próprias perguntas. Mas parece legal e eu não tenho amigos.
- Senta aí!
- Sério? Claro!

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PORTA-AMOR
RomanceArabella se apaixona quando ainda não sabe lidar com tal dor. Cai, resolve, levanta. Ela é um porta-amor. Que se entrega por completo aos sabores da vida.