Vingança

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No reino de Alvorada, onde vivia Cinderela com a madrasta e suas filhas, o sol nascia outra vez no horizonte dando, a quem pudesse ver, uma das mais belas paisagens de todos os reinos. Este era famoso por suas casas que pareciam de boneca e chão de terra bem cuidada.

No castelo do rico e já falecido Ferdinando, sua filha Cinderela suportava o destrato de sua madrasta e meias-irmãs. A moça, de rosto suave e voz doce, fora educada pelo pai amorosamente adquirindo graça e uma disposição adorável para com os outros.

Era isso que irritava sua madrasta Alexandra, pois essas virtudes eram ausentes em suas filhas Carlita, de cabelo ruivo encaracolado e nariz arrebitado e Carlota, que herdou o cabelo liso e negro da mãe, nariz firme e olhar penetrante. Além de terem um gênio tempestuoso brigando por pouca coisa.

- Cinderela! - Chamou Alexandra do topo da escadaria que ficava em frente a entrada da mansão.

- Pois não, madrasta? - Indagou Cinderela aparecendo de um cômodo à esquerda do andar térreo.

- Já lavou a louça do café da manhã? - Indagou-lhe a madrasta de voz imperiosa com uma mão no corrimão e a outra na cintura.

- Sim, senhora.

- Ótimo! Preciso que passe vestidos para mim e minhas filhas. As dez em ponto teremos visita da realeza.

- Do...palácio? - Indagou Cinderela chocada com os olhos castanho-claros arregalados da mesma cor dos cabelos lisos que caíam até os ombros.

- Exatamente. Faça apenas o seu serviço e não fale. - Respondeu Alexandra com a voz cortante.

Cinderela inclinou a cabeça como um "sim" e a madrasta desapareceu pelo corredor à direita. A "gata borralheira", como Carlota e Carlita a chamavam por causa das fuligens que limpava da lareira da sala de estar. Depois de tirar pó dos móveis da sala de estar subiu as escadas se deparando com Carlota e Carlita. Ambas vinham cochichando e rindo e pararam assim que viram Cinderela com o espanador na mão.

- Mamãe já lhe disse que tem vestidos para passar? - Indagou Carlita com sua voz fina e irritante.

- Carlita, claro que ela sabe. É a nossa criada! - Exclamou Carlota ironicamente com sua voz aveludada.

Cinderela baixou os olhos enquanto ambas davam risada e desciam as escadas com seus vestidos ridículos de bolinhas. Cinderela observou até que elas estivessem o mais distante possível até entrar em seus quartos e no da madrasta e pegar os trajes jogados de qualquer jeito na cama. Não demorou até terminar de passá-los e colocou-os rapidamente de volta em cima das camas. Depois, subiu rapidamente as escadas à frente que levavam até seu quarto no sótão limpando o rosto e tentando parecer o mais agradável possível com as roupas que usava: vestido marrom e surrado com um avental branco por cima e na cabeça uma bandana branca. Decidiu prender o cabelo num coque firme.Voltou a descer as escadas rapidamente vendo a madrasta de braços cruzados olhando-a e as duas meias-irmãs ajeitando as golas dos vestidos e olhando-se em pequenos espelhos de mão.

- Ótimo que saiba se apressar para suas tarefas, Cinderela. - Disse Alexandra com um sorriso falso no rosto. - Agora, preste atenção: você irá servir o chá e os biscoitos aos convidados e só. Sem falar, entendeu? - Completou inclinando a cabeça de leve para o lado.

- Sim, senhora. - Respondeu ela com as mãos para trás.

Alexandra virou-se e desceu as escadas indo à sala de estar para ficar com as filhas que já tinham ido para lá. Cinderela desceu um pouco depois, virou para o outro lado indo à cozinha preparando o chá colocando-o no bule, as xícaras e...quantas xícaras eram? Foi à sala de estar devagar.

Por quê, Cinderela? Série Assombradas Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora