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Calma, não pira. Ela é assim mesmo.

Odeia que fiquem no pé, perguntando pra onde vai e pra onde deixa de ir e que horas vem. Mas se não fizer isso, ela sente falta. Louca, decidida, não pensa duas vezes antes de fazer alguma coisa. Faz, quer tirar a prova, vai até o fim. Pessoas não faltam para pegar no seu pé, avisando que é melhor parar por aí, mas ela não desiste, quebra mesmo a cara, mas dorme tranquila por ter tentando até se esgotar.

Extravasada, DESASTRADA, pirada, inquieta, fala pelos cotovelos. Ri muito, exala boas energias, por isso as atrai no mesmo nível. A vontade dela é de botar a mochila nas costas e dizer Adeus a todos, sem data de voltar. Não esquece fácil, não guarda rancor, mas não tem amnésia. Sabe bem aonde pisar com algumas pessoas, e com outras não. As vezes pensa que é uma poça rasa onde na verdade é um poço sem fundo, e ela se afoga. As vezes pensa em demonstrar seus sentimentos, mas ela ama. Ama com cada milímetro do seu corpo, ama tanto que chega a doer.

As vezes até vista como a “chata” e certinha do grupo, mas no fundo todos sabem como ela tem razão. Aliás, ela se acha a dona da razão, odeia escutar os outros, e acaba se metendo em confusão por isso. “Deixa que eu faço, não preciso de ajuda!”. No fim, percebe que se tivesse ouvido, não estaria tão mal ou não teria dado tão errado

Ela é forte. Ah, se tem uma coisa que ela é, é forte. Ela ainda não sabe. Se sabe, descobriu a pouco tempo. Ela não sabia o quão era forte até a que a única opção dela era ser. Ela é uma pétala, só que de ferro. Delicada, mas forte, muito forte. Não duvide.

Exagero. Essa palavra a define. Ela é 8 ou 80. Quando come, come muito. Quando chora, chora muito. Quando se dedica, se dedica muito. E quando ama… Ah, meu filho! Ela ama! Ela ama mesmo! Ela não entra no raso, só pra molhar os pés. Ela mergulha, e mergulha de vez. Não se contenta com pouco. Se tem um, quer ter dois. Se tem um milhão, quer ter dois milhões, quer três.

Quando deita sua cabeça no travesseiro, parece que vai explodir, de tanta coisa. Quer dizer tanto, quer conversar tanto, quer ver tanto, que acaba deixando. Aquilo que foi dito durante o dia, ela pensa: Será mesmo que aquilo foi verdade?

Se preocupa.Inventa um milhão de possibilidades para uma situação. “E se..? E se..?” A cabeça parece entrar em colapso. “Onde você está? Vai demorar? Posso te ver?”. Não gosta de ser cobrada, mas cobra. Cobra atenção, cobra compromissos, é uma chata. Acha errado que façam algo, mas se ela fizer, é certo, e não aceita que digam que não, mas no fim, ela enxerga. É assim que ela resolve as coisas, é um modo de dizer “Eu te amo” meio por baixo do pano.

É cara, é normal dela.

Só quem tem a sorte de conviver com ela sabe o furacão em forma de pessoa que ela é.

Não pira, ela é assim mesmo...

Texto de Marília Moraes

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