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10 de Setembro.
04:32Am.

Estou sentada na varanda da janela do meu quarto. Bem, não é bem uma varanda se fora da janela é o telhado do terraço, mas é onde eu gosto de ficar quando quero escrever, ou quando não quero ser vista.

Eu sou a Lisa, apelido para Elisabeth. Moro com meus pais em Cary, uma cidade pequena que fica localizada na Carolina do Norte. Apesar de não ser tão reconhecida, a cidade é sempre cheia de turistas e pessoas que vem em busca de um lugar calmo para viver. Eu nasci aqui, e pouquíssimas vezes saí para outro lugar longe da cidade.

Minha mãe, Anna, é professora integral da universidade da Carolina, meu pai, John, trabalha no gabinete do prefeito, então, quase todo o tempo eu estou sozinha. Às vezes, chego a passar dias sem vê-los devido à correria de seus empregos. 

Minha rotina não é tão agitada como a dos meus pais. Pela manhã eu vou à escola (Estou cursando o ultimo ano do ensino médio), durante à tarde vou às consultas com a Dra. Mary, minha psicóloga, que geralmente ocupam dois ou três dias da semana. No demais, eu sempre estou em casa.
Minha mãe me obrigara a frequentar a psicóloga, desde um pequeno incidente que eu causei. Mas isso não vem ao caso agora. O que importa é que eu estou bem, por hora.

Meus hobbies são ler livros e ver meus seriados favoritos, basicamente. Nunca fui uma garota de festas. Na verdade, nunca fui a uma festa. Eu sempre fui àquela garota que ninguém nota, a que fica sentada no canto do pátio na hora do intervalo, apenas observando as interações das pessoas. Sim, eu gosto de observar. Minha amiga, a Jessy, diz que eu gosto de viver a vida dos outros. Talvez eu goste, ou talvez eu só observe. Nunca saberemos.

Jessy é minha amiga desde o oitavo ano. Nos conhecemos depois que ela foi transferida para a minha escola. Eu nunca fora notada antes, mas ela simplesmente me viu. “Eu já li esse livro, você vai adorar”, foram as primeiras palavras dela para mim. Para a minha surpresa, Jessy tem mais a ver comigo do que a minha própria família. Ela não é tão estranha quanto eu sou, as pessoas costumam nota-la. Mas, quem não a notaria? Ela tem um cabelo que é maravilhoso, corpo de líder de torcida e nenhuma espinha no rosto. Ela deve ter nascido pra ser a vadia má da escola, mas tem um coração maior que o de qualquer pessoa que eu já conheci.

Apesar de tantas diferenças, Jessy é igual a mim em personalidade. Geralmente, depois da escola nós vamos para minha casa e passamos o resto do dia mergulhadas em seriados, pipoca e brigadeiro, além de risadas infinitas e conversas de amigas.

Conversas de amigas. Isso soa engraçado se compararmos conversas de garotas normais com as nossas.

“- Eu queria poder estudar em Hogwarts”
“- Você queria era pegar o Harry”
“- Eu queria ser o Harry!”

Nunca fomos de falar de assuntos sobre garotas da nossa idade. Apesar da Jessy ser apaixonada pelo capitão do time de futebol, (Que clichê), ela nunca quis algum relacionamento. Não que ela fosse aquelas garotas de uma noite. Ela era muito tímida pra essas coisas. Eu, no entanto, quis um relacionamento desde os meus 15 anos, mas como eu já disse, nunca fui notada. Isso já me machucou muitas vezes, mas minha psicóloga disse que eu não preciso me sentir rejeitada, eu só preciso me sentir bem. Eu acho que estou bem, hoje.

Agora são cinco e meia da manhã. Estou vendo o sol nascer ao horizonte. Ainda faz muito frio, e apesar de estar praticamente dormindo aqui (os remédios desregulam meus horários de sono), preciso me arrumar para a aula. Semana que vem começam as provas, eu preciso recuperar algumas notas devido aos dois meses que passei sem ir as aulas. Depois explico.

Bom dia, diário.

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