Prólogo

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Seria egoísmo da minha parte querer que Bennit fique comigo, que não vá ficar um ano fora, um ano correndo perigo, um ano colocando sua vida em risco, para salvar outras? ... será que ele pensou em mim quando aceitou?

Já se faz um mês em que Ben se foi, sofro todos os dias, todas as horas do maldito dia em que eu estou sem sua presença, tudo me faz lembrar que ele pode estar correndo risco, tenho vontade de ir correndo ao seu encontro e pedir-lhes que volte para casa, que fique comigo.

Um mês conturbado e cheio que descobertas que me fazem realmente questionar a merda do destino por estar fazendo isso comigo, qual foi o pecado tão terrivelmente ruim que eu pratiquei, para merecer isso?

Cassie tem sido como uma irmã para mim nesses últimos dias, me deu a ideia de relatar tudo o que está acontecendo comigo, e no final do mês, mandar uma carta para Bennit, contando tudo... a pouco menos uma semana, comecei a passar mal, achei verdadeiramente que seria estresse, que seria saudade, dependência do homem em que eu partilhava tudo, partilhava a cama, nossos momentos íntimos, partilhava segredos, partilhava alegrias e tristezas também... Depois de tanto insistir, cedo e vou com ela até um hospital, dar uma checada na minha saúde, o que eu achei que não seria nada, apenas e unicamente, como tenho dito, DEPENDÊNCIA, me surpreende de tal forma a me fazer chorar, chorar por um dia inteiro, querendo unicamente aqueles braços fortes, esses que não posso ter no momento... descobrir que carrego no ventre, o fruto do nosso amor, me fez de alguma forma, amenizar toda a agonia que eu tinha em não poder saber como ele está, de forma alguma, me fez para de sentir a saudade que sentia, como se alguma forma, tivesse um pedaço dele comigo, que não deixa de ser uma verdade... nosso pedaço.

Passei a conversar com minha barriga ainda chapada todos os dias, contava para nosso pequeno fruto como era seu pai, contava tudo, CÉUS, como amo Bennit... será que ele sente minha falta.

Depois de muito ouvir de minha mãe, de tanto ela reclamar em minha orelha, deixei um pouco a caneta de lado e fui descansar e comer alguma coisa, já que agora tenho que comer por dois... apesar de minha mãe ter pedido que eu descanse, e mesmo que eu tenha dito que o faria, minha cabeça não para em momento algum, ela trabalhava arduamente em mil possibilidades de Bennit estar mal, já faz pouco mais de um mês e ele ainda não entrou em contato, como disse que faria, já tinha lhe dado a notícia de que seria pai, será que ele não gostou?

-Com licença, filha! - Pediu mamãe entrando em meu quarto- chegou isso aqui para você, tem um selo do exército...

Não deixei que ela terminasse de responder e em um ato rápido e pouco calculado, puxo o envelope de suas mãos, quase caindo.

-Menina! - Me repreende enquanto me segura- tenha cuidado Raquel!

Não a respondi e respirando fundo abri a carta, sentindo meu estomago dar rodopios, apertei os olhos de forma que impediam lagrimas teimosas a começarem a formarem-se.

-Leia em voz alta. - Pediu minha mãe-

Novamente, respirei fundo, e desdobrando o papel com cuidado, aprecio aliviada aquela caligrafia horrorosa que meu noivo tinha, mais que de modo magico, eu entendia perfeitamente, soltei um riso nasalado de alivio, enquanto passava os dedos com todo carinha por sua letra, de maneira que, tentasse a todo custo sentir ele aqui, perto de mim.

"Querida?... Oh minha nossa, teremos um bebê? Será que eu posso falar um palavrão? - Dei meia gargalhada acompanhada de minha mãe, como se estivéssemos vendo-o aqui, conosco - Me perdoe, minha princesa, não consegui te ligar como prometi que faria todas as semanas, e quase dois meses depois venho aqui, com uma carta... Perdoe-me? Tivemos treinamento totalmente intensivo por todo esse período em que não dei noticia -Me senti totalmente aliviada por ter lido isso, de modo que me garantia seu bem-estar... parcialmente - Sabe boneca, eu estava lembrando da nossa música, "eu preciso de você como o coração precisa bater" - "Mais isso não é novidade", completei baixinho nossa música- Amor? ... sinto-me triste, muito triste, eu queria nesse exato momento, não ter me inscrito a alguns anos para o exército, queria que minha ida não tivesse sido assim... quero tanto ver sua barriga crescendo, sentir nosso bebe mexendo aí dentro do seu lindo ventre... sua mãe sentiu vontade de me matar? Era para esperarmos, eu sei, mas as nossas despedidas normalmente sempre nos guardam surpresas... será que você pode me prometer uma coisa, será que você pode me esperar, me prometa isso Boneca, me espere voltar para vocês, não deixe nenhum outro cretino chegar perto de você, nem tomar meu posto como seu HOMEM e pai do NOSSO pequeno ou pequena... Princesa, terei que encerar a carta, já estão recolhendo.... Eu te amo Raquel, nunca esqueça isso, te amo, e por você eu vou voltar...

Atenciosamente. Bennit Mazer ... seu, somente seu!"



Atenciosamente. Carolina Ferreira!



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