A Coruja

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No abraço frio da noite

Estavam meus restos daquele dia

Pensando e regurgitando

Tragando os lamentos

Levando-os ao ar

Na esperança de que talvez

Alguém pudesse escutar

E então a coruja pousou e negativou

Procurando algo que ainda não se revelou

A xícara que era antes companhia

Agora é minha angustia vazia

Vazia e que apenas vaza

E então a coruja sibilou sílabas

Piados e piadas sobre mim

Ri de algo que me veio à mente

Para não chorar fingi está contente

Entre tragos, trapos e tralhas

Trepidei com a temperatura

Fingi está tudo bem

Enquanto converso com ninguém

E então a coruja se perguntou

Estaria ele feliz ou apenas pirou?

Procurei motivos para viver

Encontrei razões para morrer

Subestimei o que devia temer

Com a sanidade que eu deveria ter

E então a coruja confirmou

Tolo, apenas um tolo, somente

Recolhi os pedaços de algo quebrado em meu peito

O que antes achei estar com defeito

Encaixei e encarei o que encontrei

Revelou-se algo que me trouxe

A tal estado de existência e desistência

E então a coruja chorou

E derramou algo que de tanto doar, me faltou.

A tristeza escorreu das portas fechadas da alma

Com as mãos apenas despistei

E tentei fingir está disposto

Os pesadelos tentam lacrar meu rosto

Meu corpo quer se entregar

Meus pensamentos tentam negar

E então a coruja lastimou

E deixou para trás um rastro de penas

O resto, a pena, apenas.

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2013 ⏰

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