No abraço frio da noite
Estavam meus restos daquele dia
Pensando e regurgitando
Tragando os lamentos
Levando-os ao ar
Na esperança de que talvez
Alguém pudesse escutar
E então a coruja pousou e negativou
Procurando algo que ainda não se revelou
A xícara que era antes companhia
Agora é minha angustia vazia
Vazia e que apenas vaza
E então a coruja sibilou sílabas
Piados e piadas sobre mim
Ri de algo que me veio à mente
Para não chorar fingi está contente
Entre tragos, trapos e tralhas
Trepidei com a temperatura
Fingi está tudo bem
Enquanto converso com ninguém
E então a coruja se perguntou
Estaria ele feliz ou apenas pirou?
Procurei motivos para viver
Encontrei razões para morrer
Subestimei o que devia temer
Com a sanidade que eu deveria ter
E então a coruja confirmou
Tolo, apenas um tolo, somente
Recolhi os pedaços de algo quebrado em meu peito
O que antes achei estar com defeito
Encaixei e encarei o que encontrei
Revelou-se algo que me trouxe
A tal estado de existência e desistência
E então a coruja chorou
E derramou algo que de tanto doar, me faltou.
A tristeza escorreu das portas fechadas da alma
Com as mãos apenas despistei
E tentei fingir está disposto
Os pesadelos tentam lacrar meu rosto
Meu corpo quer se entregar
Meus pensamentos tentam negar
E então a coruja lastimou
E deixou para trás um rastro de penas
O resto, a pena, apenas.