Capítulo 7

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A caminho do restaurante, não consigo pensar em outra coisa que não seja Naumi e seu recadinho que me deixou antes de desaparecer. Durante tanto tempo eu venho pedindo que me dê alguma informação sobre nossos pais. No entanto, ao invés de me colocar a par das novidades, ela fica toda enigmática, sem me explicar por que eles ainda não apareceram pra mim.
Era de esperar que a morte deixasse as pessoas um pouco mais gentis. Que nada! Naumi ainda é a mesma idiota mimada que sempre foi.
Sabine deixa o carro com os manobristas e entramos no hotel. Assim que vejo a enorme estátua de mármore, os arranjos de flores e a vista para o mar, vejo que Naumi tinha razão. O lugar é realmente lindo!
Na porta do restaurante, a recepcionista nos conduz a nosso lugar: um mesa linda, com toalha de seda branca, velas cintilante e utensílios com sal e com pimenta que lembram mais duas jóias de prata.
Logo caio na real. De que adianta ficar pensando em tudo isso? Melhor é aproveitar o momento.
Escolhemos nossas bebidas e o que vamos comer, logo que a garçonete vira as costas, Sabine prende os cabelos curtos e louros atrás das orelhas, abre um sorriso simpático e diz:
- Então, como vão as coisas? Escola, amigos... Tudo certo?
-Sim, tudo certo.

Okay. Não sou boa em conversa fiada também.
Sabine pousa uma das mãos em meu braço para me dizer algo, quando me levanto e digo:
-Já volto - Falo baixinho e quase atropelo a cadeira, a garçonete, sem perguntar onde fica o banheiro.
Um grupo de pessoas passa por mim com seus chakras com uma energia forte pelo álcool que chega a me afetar também, deixando-me enjoada e tonta, tao tonta que vejo em minha frente, uma fila de Sasukes com o rosto virado para trás.
Entro no banheiro, apoio as mãos na bancada de mármore e recupero o fôlego. Havia esquecido o quanto toda essa energia é capaz de me deixar devastada quando minhas defesas não estão ativadas, ou seja, quando estou sem meu iPod.
Mas quando Sabine encostou em meu ombro, fiquei tão assustada com a solidão e a tristeza contidas naquele toque que tive a sensação de ter levado um soco no estômago.
Acho que sempre ignorei a solidão de minha tia. Moramos. A mesma casa, mas raramente nos vemos. Ela passa maior parte do tempo no trabalho, e eu na escola. Estou sempre trancada no quarto, ou na rua com meus amigos. As vezes esqueço que não sou a única pessoa abandonada no mundo.
Por mais que eu queira me aproximar dela, simplesmente não consigo. Sou uma pessoa machucada demais pela vida, esquisita demais. Um E.T. que ouve pensamentos, vê chakra e fala com espíritos. Não posso correr o risco de dar mole e me aproximar demais das pessoas,nem mesmo da minha tia. O melhor que tenho a fazer é terminar logo o ensino médio, ir para uma universidade qualquer e deixar que Sabine volte a vida normal dela.
Ajeito meus cabelos, passo um pouco de gloss e volto à mesa, determinada a animar minha tia sem colocar em risco meus segredos. Sento-me e bebo um gole do refrigerante e, sorrindo digo:
-Então, algum caso interessante no trabalho? Algum gato por la?

Depois do jantar, espero do lado de fora enquanto Sabine paga tudo. Estou distraída quando sinto um arrepio e alguem tocando meu braço.
-Oi, é você? -digo com o corpo esquentando e formigando assim que nossos olhares se cruzam.
-Você está linda - diz Sasuke, seus olhos passeando do vestido até as sandálias para depois voltar aos meus olhos. -Quase não lhe reconheci sem capuz.- ele sorri- gostou do jantar?
Faço que sim com a cabeça.
Olho para ele, imaginando o que ele estaria fazendo sozinho num lugar como esse numa sexta-feira à noite. Estava todo de preto: blazer, camiseta sem gola, calça jeans e botas(uma produção sofisticada demais para alguém da dua idade, mas que nele ficava totalmente natural.
Ainda estou pensando no que dizer quando Sabine aparece ao nosso lado. E eles já estão apertando as mãos quando, enfim, consigo explicar:
-Hum... Sasuke é meu colega de escola.
Aquele que faz minhas mãos suarem, meu coração acelerar e que não sai da minha cabeça de jeito nenhum!, penso.
-Acabou de se mudar-acrescento, esperando que isso baste até o carro chegar.
-Ah, que legal!-Sabine diz estampando um sorriso em seu rosto.
-Sabine é advogada, trabalha pra caramba- olho na direção do carro que está chegando.
-Estamos indo pra casa, mas se quiser uma carona...-diz Sabine.
Imediatamente entro em pânico, olho para Sasuke rezando para que ele recuse.
-Obrigado, mas preciso voltar para lá- diz Sasuke apontando para uma ruiva deslumbrante vestindo um vestido preto básico. Ela sorri para mim sem nenhum entusiasmo. Olho de volta para ele e vejo seus lábios a poucos centímetros dos meus. Então ele ergue a mão e toca levemente minha bochecha, tira uma tulipa vermelha de trás de minha orelha.
Quando percebo, estou sozinha novamente, e ele, indo de volta para a ruiva.
Observo a tulipa e acaricio ela pensando de onde ela poderia ter saído.-levando em conta que a primavera acabou faz tempo.
Mais tarde em meu quarto, percebo um detalhe: a tal ruiva também não tinha chakra.
Eu devia estar num sono muito profundo, pois mesmo ao ouvir alguém andando pelo meu quarto, minha cabeça está tão cansada, tão confusa, que nem sequer abro os olhos.
-Naumi? -resmungo- É você?- ninguém responde, então deduzo que é ela aprontando mais uma. E como estou cansada demais para brincar, pego o travesseiro e cubro a cabeça com ele. Pouco depois escuto outro barulho.
-Olha Naumi, estou cansada okay? Pode pegar qualquer vestido meu que não vou falar nada, só me deixa em paz!
Depois de dizer isso, perco o sono e jogo o travesseiro para o lado e olho furiosa para a forma embaçada que está sentada na cadeira da escrivaninha, imaginando o que haveria de tão importante que não poderia esperar até amanhã.
-Já pedi desculpas. O que mais você quer?
-Você pode me ver?- ela pergunta se afastando da mesa.
-Claro que....- de repente fico muda. A voz não é da minha irmã.

SasuSaku-EternamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora