Chegada em solo britânico

54 1 0
                                    


Copyright  ©  2016  por Debbie Sapphire

"Todos  os  direitos  reservados.  Nenhuma  parte  deste  livro  pode ser reproduzida,  digitalizada  ou  distribuída  de  qualquer  forma  sem  autorização por  escrito  da  autora,  exceto  no  caso  de  breves  citações  incluídas  em  artigos ou comentários."

Fechei o livro que estava lendo no avião, pousando meus óculos pretos de leitura"ala estilo gatinha", como dizia o Nick, em meu colo. Os primeiros raios solares começavam a invadir as pequenas janelas, e dar luz ao ambiente fechado. Encostei a cabeça no assento macio de couro, lembrando a calmaria que senti durante o breve, mas tão suave como uma pena, sonho. Com os olhos fechados inspirei o aroma cálido que vinda da classe econômica... Não, erro meu, desculpe. Por conta do evento que participaria havia sido feito um upload na minha passagem, o que significa que aproveitava as acomodações da primeira classe, executiva. O tal do aroma cálido ainda invadia meus sentidos, como se quisesse marcar presença e insinuar que estava bem ali, em algum lugar naquele voo junto comigo. Comecei a divagar sobre o possível dono daquele cheiro incrível, digo dono, porque o aroma estava claro de ser  uma fragância masculina. Deus abençõe os franceses, que praticamente inventaram as butiques de perfumes, e os homens perfumados! Meus olhos começaram a fazer seu show fascinante de luzes, assumindo várias tonalidades de azul safira, algo havia despertado a minha deusa imortal interior, isso é o que dizia o meu reflexo no espelho da janela do avião, quando abri os olhos automaticamente os fechando novamente, eu podia sentir meus olhos fazendo aquele show de luz dançante, hábitual, enquanto eles mudavam de cor.

Esse aroma me levou a divagar em doces memórias...

Ele me levou até onde seu jato particular está sendo preparado para decolar. Eu estava maravilhada e deslumbrada com a enorme pista de asfalto e as luzes sinalizadoras, e faixas no centro dela. O barulho das aeronaves que faziam sua decolagem ou pouso, não tão próximos dali. O vento sacudiu meus cabelos, me tirando do meus devaneiros. Encontrei os olhos mais lindos que eu já vi, observando-me de perto, com curiosidade.

" Eu nunca andei em um desses antes." - admiti, receosa e empolgada, ao mesmo tempo. Tantas emoções em conflito. 

Recibi o sorriso mais sexy e encantador, banhado de ternura que já havia sido direcionado a mim, na vida.

"Você nunca andou de avião antes?Então, como você pretende atravessar a fronteira de um continente ao outro?"- perguntou curioso, mas aquela descrença habitual sarcástica que recebia das pessoas não estavam lá. Enquanto ele esperava, olhava diretamente para mim, seu olhar não só me atravessava ele exergava o meu inteiror. O meu verdadeiro eu, por trás de tudo aquilo.

" Hum. Teletransporte, na velocidade da luz, ou da mente, quero dizer." - arrisquei, contando uma meia verdade.

"Você não voa nessa coisa porque tem medo, não é?"

Neguei com a cabeça, incapaz de quebrar o encanto raro, daquele precioso momento. Então uma ideia, que não podia ser ignorada, me veio a mente.
"Você não parece duvidar disso?"

"Acredite em mim, eu não duvido que você seja capaz de fazer nada, que coloque em sua mente.E você é a minha garota corajosa. Se fosse mais feroz, seria uma tigresa." - e piscou sensualmente para mim.

Fiquei admirada e encantada.

Senti aquelas correntes elétricas percorrendo o meu corpo todo, até seu centro pulsante.

Acho que eu tinha um fraco por homens que sabiam voar.

Segui-o para dentro da cabine do piloto, totalmente atordoada e ciente de que  um sorriso bobo e odiota estava estampado no meu rosto.

Naquele momento eu gostava de ser apenas uma garota comum. Um pouco de normalidade mantinha a minha mente sã, às vezes.

Logo a voz, no tom monótono e automática do piloto saiu dos auto- falantes, indicando o fim do voo e que haviamos chegado ao nosso destino - Aeroporto Heathrow (em Londres). Agradeceu por voar conosco e desejou que aproveitassemos a nossa estadia.
Heathrow, o maior aeroporto da Grã-Bretanha, segundo minhas pesquisas, feitas antes da viagem que realizaria. Eu gosto de estar bem informada, traço da minha jornalista interior, sempre ávida por informação. 
Fiz uma nota mental de perguntar ao Nick mais tarde, sobre aquelas vivas memórias. Eu sabia que por ser uma imortal tudo em mim era mais intenso , o que me levava a sentir as coisas ( tudo) de uma maneira diferente e mais intensamente do que os demais. Minha alma por exemplo: os humanos possuiam uma alma que era o equivalente a ter seu  gerador de energia nuclear particular. A minha era milhões de vezes mais potente, poderia devastar um planeta inteiro, então sem querer eu tinha a capacidade de tocar pequenos pedacinhos da linha delicada e frágil que era o tempo. Às vezes eu tocava essa linha tão fina e frágil por acidente, e tinha um gostinho do que chamariamos de futuro. E isso era exatamente o que acontecia.

O aroma me acompanhou até o terminal. A fragância deveria ter custado uma fortuna, só pelo cheiro tão divino. E embora parasse para olhar em volta não podia avistar a fonte dele, na verdade, todas as pessoas pareciam estar fora de foco e não passavam de um monte de borrões coloridos... Ai droga! Meus óculos. Comecei uma busca frenética por eles em minha bolsa. Livro. Ok. Carteira, ok. Passaporte.Ok. Guia turístico personalizado por mim, ok. Minha necessaire, ok. Notebook, Ok. Iphone para anotações e bloco de papel de post-it também, das cores do arco-íris , ok. Estojo personalizado dos meus óculos, ok. Meus óculos... Mon dieu! Havia esquecido-os no avião. E agora? Tudo bem que eu não sou uma completa cega sem eles, eu me viro muito bem, enxergo outro mundo, por assim dizer. E também há o fato de que se eu ligar a minha imortalidade eles não serão mais necessários...Ok. Prometi a mim mesma que aproveitaria minha estadia na Inglaterra o mais humanamente possível,  porcaria de trocadilhos (riso). Bem, eu daria um jeito nisso depois. Precisava focar na minha estadia aqui. Assim que coloquei os pés para fora do vidro da ala da segurança, começou a chover. O som inconfundível da chuva invadiu minha audição já aguçada. Adoro a chuva! Agora sim o tempo estava perfeito e preguiçosamente acolhedor. Viva a Inglaterra e o seu clima chuvoso.

Dean, um dos meus irmãos mais velhos, está a minha espera com todo seu charme sexy de badboy (isso me deixa escapar um sorriso, e me faz revirar os olhos, claro.) Sua jaqueta de couro marrom, ala Texas não passou despercebida, e nem seu cabelo bagunçado, com fios loiros escuros esvoaçantes, por todos os lados, seu charme natural. Ele usava óculos escuros ao estilo aviador, que dei a ele no seu aniversário passado, então, abre o seu sorriso mais encantador assim que me vê. E todas as outras mulheres a sua volta parecem sair de foco. Bem, elas parecem não gostar nada de terem perdido a atenção dele, e me dirigem olhares nada amistosos, provavelmente pensando que eu sou algum tipo de namorada dele e não considerando a hipotese dele ser meu irmão. Sinto muito britânicas, mas eu sou a garota dele desde os meus 6 anos. Há!

Eu ficaria hospedada no Hotel Kensington Arms , com direito a todas as despesas pagas pela companhia do evento internacional e relações internacionais. 

A minha vontade é de aventurar-me pelas feirinhas do interior da Inglaterra, e sentir o cheio clássico da brisa morna e encantadoramente envolvente do ambiente tão citado e vivo em minhas histórias, e de meus autores preferidos. Apesar da previsão em Londres ter sido de um tempo parcialmente nublado, com possibilidade de chuva para mais tarde, o clima estava bom e o céu azul, e a fraca, mas radiante luz do sol , envolveu-me  em um cobertor morno , saudando-me e dando boas vindas, assim que pisei oficialmente em solo britânico. Não sabia explicar e nem descrever a sensação que sentia e me embalava toda vez que estava naquela terra. Era como se aquele mundo Inglês, tivesse vida própria e me lembrava que havia algo lá, ou saído de lá ,cujo qual me pertencia. Em outras palavras eu me  sentia em casa, que voltava ao lar. Nunca me senti assim em nenhum ouro lugar, mesmo tendo nascido e passando uma boa parte do meu tempo no Brasil.

Mas , a vida é assim- uma jornada com o único objetivo de voltar pra casa. Não importa a onde você tenha nascido ou lugares que visitou, o mais importante é a onde os ventos te levam por mais que parte de você lute contra a correnteza, onde suas escolhas e dedicação a fazem chegar no seu destino e permacer em constante movimento com ele.
Porque a real verdade da vida é: "Sua casa (seu lar), é a onde o seu coração está. Seja ele qual for.

Sem revisão*

A Hora do Chá na Terra da Rainha. Ops! Inglês à vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora