Bônus II

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"Here I am waiting, I will have to leave soon. Why am I holding on? We knew this day would come, we knew it all along. How did it come so fast?"

~Willian~                                    
                          MUITOS ANOS DEPOIS

~Flashback~

Peguei em seu braço, quando saímos da vista de Hayley. O arrastei rapidamente para fora, fechando a porta atrás de mim. 

-Quero você longe dela, James-Falei, irritado com a presença dele-Você é ex dela, apenas faz parte do passado. Não vai fazê-la feliz.

-E você vai? Willian, não é?-Ele ergueu as sobrancelhas-Você não serve pra ela, garoto. Você vai amar o sorriso dela, e o jeito que ela te trata. Você vai se sentir o cara mais sortudo do mundo. Até ela ficar mal, aí você vai ver o quanto ela é complicada, mas vai aguentar. E depois? Ela vai quebrar o seu coração, inúmeras vezes. Você pode aguentar isso? Porque se estiver quebrado, e decidir ir, ela vai ficar pior. Você vai ver aquele sorriso se apagar. Ela é a garota mais perfeita que você vai encontrar, mas é totalmente imperfeita também. Você pode aguentar isso? Creio eu que não. Esteja avisado, porque isso só vai te destruir, e vai levar ela junto-Ele saiu andando, logo após falar tudo aquilo.~

Respirei fundo, enquanto sentia um aperto no peito. As lembranças sempre causavam isso, apesar de todo o tempo que se passou, apesar dos cinquenta anos que se passaram, eu ainda lembro de todos os detalhes.

Aquele bipe infernal já estava me dando nos nervos. Eu já estava de saco de cheio de me sentir um vegetal. Eu já tinha vivido tudo o que tinha pra viver, tanto que estava vivendo por conta de máquinas, que ajudavam meus órgãos a funcionar direito. Estiquei a mão, tocando o botão para chamar a enfermeira. A mesma veio em menos de dois minutos.

-Em que posso ajudá-lo?-Ela perguntou, docemente. 

-Chame Rose-Foi o que eu falei, pois falar cansava demais. Ela assentiu e saiu.

Logo, uma mulher de cabelos dourados entrou no quarto do hospital. Ela continuava bonita, mesmo com as rugas da idade. Ah, Hayley provavelmente teria me matado se descobrisse que eu casei com aquela garota da faculdade. Me casei com trinta anos, e eu ela tivemos duas filhas, gêmeas, das quais eu mesmo escolhi os nomes: Hannah e Miley*.

Rose se sentou na poltrona ao lado da minha cama, segurando minha mão.

-Temos que conversar-Falei. Ela sorriu, gentil.

-É melhor descansar, meu amor-Ela falou.

-Tem que ser agora-Ela assentiu, apreensiva-Eu sei que o que eu vou dizer, vai ser difícil pra você. Que vai querer chorar, e me impedir. Mas eu peço que não o faça. Pois eu já estou caminhando para a morte, querida, e eu preciso ir feliz, dizendo tudo o que eu preciso. Eu tenho que ser sincero com você, apesar de tudo. Prometa que vai apenas ouvir, e fazer tudo o que eu lhe pedir.

-Eu prometo, Willi-Ela falou, seu sorriso se apagando aos poucos.

-Rose, quero que saiba que eu te amei, sim. E muito. Mas esse amor nunca foi o suficiente para mim, Rose...-Eu tossi-Quando eu tinha uns vinte anos, conheci uma garota, chamada Hayley. Eu poderia passar o dia todo falando dela, mas seria muito ruim para você ouvir isso, então resumirei tudo. Nós nos apaixonamos, Rose, e eu sei que foi o relacionamento mais conturbado que eu tive. Ela se matou, e eu tive uma boa parcela de culpa nisso, por deixá-la. Mas antes que julgue, eu não fui seu único motivo. Eu sei que passou muito tempo, e que eu...-Parei um pouco para respirar, Rose ouvia calada, apenas esperando-E que eu deveria superar. Mas eu não consigo deixar de amá-la, apenas me acostumei com sua ausência. Eu quero deixar bem claro que eu realmente a amo, mas infelizmente não é da forma que amo Hayley. Nunca te contei isso porque não queria te magoar, nem que fosse embora, porque você me fazia bem e eu poderia te fazer feliz. Pegue minha bolsa, por favor-Pedi. Enquanto ela se levantava, e ia lentamente ate minhas coisas, eu respirava, me preparando para o que estava prestes a fazer. Era somente o que eu queria.

Ela voltou, e se sentou com a bolsa no colo, mas não pegou mais minha mão.

-No bolso esquerdo. Tem um envelope grande, com uma carta e um desenho. Deixe a carta aí, pegue apenas o desenho-Falei. Ela o fez.

-Quero deixar bem claro-Ela falou, enquanto pegava o desenho-Que estou fazendo isso única e exclusivamente porque eu te amo demais, Willi. Nós passamos muito tempo juntos, e acho justo fazer sua vontade agora, porque você foi a pessoa mais especial pra mim.

-Eu cuidei desse desenho como se fosse minha vida-Falei, não querendo comentar com ela o quanto estava agradecido por tudo, porque ela com certeza choraria-Eu preciso que você dê um jeito de... expô-lo-Falei, antes de outra tosse-Em qualquer lugar, mas de preferência, em alguma faculdade de artes... Quero que todas as pessoas possam vê-lo, e sentir sua intensidade. Ponha como nome do desenho, o nome da artista: Hayley. E agora...Eu tenho um pedido ainda mais difícil.

-Pode falar-Rose disse, me olhando nos olhos. Eu via o quanto estava triste, mas que iria suportar tudo aquilo. 

-Rose, a minha vida acabou. Eu sinto como se tivesse corrido uma maratona, só de estar tendo essa conversa com você. Eu quero que você mande desligar esses aparelhos, para que eu possa morrer em paz, uma morte natural, Rose.... Eu vou dormir logo, com o desenho. Depois, você o leve. E eu quero, por favor, ser enterrado com a carta que está no envelope. Você não pode lê-la, Rose, por favor. Eu preciso que a enterre comigo, para que eu tenha paz, e ao mesmo tempo, saiba que eu perdi o amor da minha vida. Preciso disso. Quero rosas vermelhas no meu enterro, vermelhas como sangue escrito na parede....-Murmurei, enquanto lembranças me tomavam-Eu estou cansado. Vou ir agora. Cuide de nossas meninas, Rose, elas precisam de você.

 -Tudo bem-Ela sussurrou. Eu tentei abrir a boca e falar, mas estava muito cansado, e com falta de ar. Ela agarrou uma de minhas mãos com força, enquanto eu segurava o desenho, pensando em Hayley. Eu iria logo, ao encontro dela. Ouvi Rose se despedir de mim, enquanto dizia o quanto me amava. Eu queria poder responder, mas como não conseguia, apenas apertei mais a mão dela. Ela logo desligaria as máquinas, e eu morreria, em paz. Esse pode não ter sido o final que eu queria, pode não ter tido um "feliz para sempre", mas na verdade, acho que não existe finais totalmente felizes, até porque, a vida não é um conto de fadas. Minha Cinderela está presa no tempo e seu sapatinho de cristal estará eternamente perdido.

Tradução da frase: Aqui estou eu, esperando, terei que ir embora em breve. Por que estou persistindo? Sabíamos que este dia chegaria, sempre soubemos. Como chegou tão rápido? 🌌

Goodbye, My Love (Pt)Onde histórias criam vida. Descubra agora