Capítulo 2

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         Ouvi as vozes se aproximando e, quando olhei para trás, finalmente vi pessoalmente meus companheiros de apartamento, com quem eu só falara pela internet umas poucas vezes. Pensei se eles já se conheciam, o que não seria tão bom para mim, que não conhecia nada nem ninguém. Eu pretendia fazer amizade com eles, principalmente com César, que já morava na cidade antes e conhecia o lugar. ele estava no segundo ano de Administração.

            - E aí, cara. – me cumprimentou um deles. Seus cabelos escuros e curtos como os meus, porém ele era bem mais alto, algo que não era difícil com meus um metro e 65 centímetros. – Eu sou o César. Acho que você sabe. Bem vindo ao nosso apê.

            - Valeu. – Respondi apertando a mão dele e depois a do outro cara, um moleque loiro de olhos azuis que parecia ser meio chato logo de cara, do tipo que se acha. Já tinha percebido isso antes, mas agora, ao vivo, tive quase certeza de que não íamos nos dar muito bem. O nome dele era Bruno. – Eu sou o Enzo. Faz tempo que vocês chegaram?

            - Eu cheguei há uma meia hora. – respondeu Bruno com um jeito meio formal – O César chegou há uns dez minutos. E você chegou agora e ficou com o pior quarto e a pior cama. O mundo é dos espertos.

            Ele riu, talvez querendo quebrar o gelo com a piada sem graça, e foi beber uma água. Enquanto isso, César saiu de perto e foi pegando uma das malas no sofá e no chão para leva-las a um dos quartos, saindo sem falar mais nada.

            - Você pode arrumar suas coisas, Enzo. – voltou a falar Bruno. – Fique à vontade. E o apartamento até que é maneiro.

            - Você não tinha visto ainda? – perguntei.

            - Não. Meus pais que arrumaram pra mim, eu estava viajando com uns amigos. A vista não é tão ruim também e tem umas menininhas bem interessantes no número 11. Sem contar as festas que rolam aqui.

            - Não vi nenhuma menininha lá fora...

            - Vai me dizer que você trouxe bolo pra festa?

            - O que?

            - Você namora?

            - Ah, não. Eu estou de boa. Só não vi ninguém ali fora mesmo. E as festas dizem que são as melhores da cidade, as que rolam nesse prédio.

            - Eu espero que seja verdade. Eu estou bem a fim de aproveitar uma hoje ainda.

            - Boa sorte. Eu só quero tirar um cochilo porque fiquei quebrado da viagem.

            Fui até a porta e peguei minhas malas, enquanto Bruno pegava as dele também. Conversáramos pouco, mas, aparentemente, ele não era tão playboy quanto eu achava. Na verdade, parecera mais gente boa do que o César, que ainda estava no quarto. Ou ele não gostara da gente ou simplesmente não queria se enturmar.

            Meu quarto era o menor, cabia minha cama e uma cômoda, o que fora suficiente para mim, que estava acostumado com isso já que tinha dois irmãos e uma irmã e sempre fora obrigado a ficar com o quarto menor. Eu era o filho do meio, então não tinha muitos privilégios. Meu irmão e irmã eram mais velhos e gêmeos e dividiram um quarto durante muito tempo, mas agora ela estava casada e ele dividia com o irmão mais novo. É, ele resolvera não sair de casa.

            Joguei minhas coisas sobre a cama e depois me joguei sobre as coisas, sem vontade nem de tirar o sapato. Me esforcei para colocar tudo no chão, tirei o tênis e a meia e fechei os olhos, esperando tirar um cochilo rápido, que era tudo o que eu mais queria.

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