O céu ganhava tons laranjas, ao ter o seu ventre aos poucos preenchido pelo Sol, que seguia se desprendendo do horizonte, teimando em subir. A temperatura que já era de uma noite agradável, se torna ainda mais quente e convidativa ao amanhecer.
Naquele galpão estranho, feio e preciosamente sujo, em uma das extremidades com mais árvores daquela pequena cidade de Gronau, a festa continuava mesmo sem o ''motivo'' para tal comemoração, tivesse chego. Muita bebida preenchiam os homens e mulheres daquele lugar, tanto os convidados, como os que estavam ali a trabalho. Gosto de nicotina estava impregnado no ar, pois a fumaça de tantos cigarros, davam um clima de névoa baixa ali dentro. Música ao vivo, deixavam todos agitados e mantinham o clima animado até tal horário.
A testosterona era quase que palpável com tantos machos alfas presentes em um lugar só. Pessoas que as vezes não valiam o que comiam, brigões e arruaceiros, homens ''foras da lei'' que mexiam com tudo quanto é coisa errada em geral, todo tipo de escória em um único lugar, desde alguns típicos figurantes de filmes de máfia com rei na barriga, cabeças do crime, membros de gangues e até mesmo lutadores profissionais e ex-militares, mas por incrível que pareça, era um lugar de respeito, onde existia de fato algumas comemorações como aquela, a cada vez que um dos irmãos saía do município. Comemorações entre amigos, entre clientes dos negócios da família nesse tal cenário underground. Existia ali todo um código a ser respeitado imposto pelos temidos anfitriões, os Irmãos Butcher.
E o mais novo dos Irmãos, J, estava ali com a sua nova namorada, Nádia Nan. O mais vaidoso e magro dos irmãos, sempre com suas jaquetas de couro por cima de moletons de touca e calças apertadas. Cabelo bagunçado, cicatriz que partia uma de suas sobrancelhas no meio, cara de moleque e olhar de safado, Joseph, mais conhecido por todos como ''J'', exibia sempre uma energia jovial e suas tatuagens. As iniciais em letras garrafais dos irmãos, um C e um T, uma nas costas de cada mão, e a palavra ''desespero'' tatuada pegando todo o seu pescoço, de orelha a orelha. Nádia por sua vez, tinha cabelos dourados em vários tons, de amarelos a quase castanhos escuros. Usava um vestido que realçava os seus pequenos seios e um par de tênis cítricos que não combinavam com o vestido, mas lhe permitia passar uma imagem de autenticidade.
Volta e meia estavam se beijando, mas Nádia tentava se manter certinha. Temia a cidade inteira falando mal dela, o que era bem comum por se tratar de uma cidae do interior. Mesmo sabendo que 90% de quem estava ali dentro, eram amigos de outras cidades, clientes e agregados ao bando dos Irmãos Butcher, sustentou a postura.
- Gatinha, está tudo bem?? – pergunta o baixo e magrelo rapaz subindo num banco e se sentando em cima do balcão imundo. Enquanto as luzes azuis e vermelhas nos espelhos do bar, refletiam nas poças de bebida por toda a madeira do balcão.
- Claro!! – responde sorridente – Nunca estive em algo assim. Nós sempre só ouvimos falar, dessas suas noites de jogatina e farra. – aperta a cintura do namorado, e entra em meio a suas pernas.
- Mais isso daqui não é uma das nossas noites de ''jogatina e farra''. – a corrigiu – Isso aqui é apenas uma festa de ''boas vindas'', pelo retorno do Cansas.
- Meu Deus... se isso não é a farra de vocês, então eu prefiro nem imaginar... – brincou animada, olhando em volta, aquele pessoal a mil abaixo dos ventiladores velhos de teto, girando devagar, que batalhava para tentar movimentar o suor do ar. Todos seguiam zoando de toda forma possível, em meio as mesas e tambores em chamas, que davam um toque especial na iluminação local.
- Um dia, quando eu achar que você está pronta, eu te trago para uma dessas. – roubou-lhe um beijo – Até lá, esta daqui está mais do que de bom tamanho.
- Por que você sempre acha que ''não estou pronta'' pra isso ou aquilo?? – faz uma carinha emburrada, e seus longos cachos caem sobre seu rosto – Você acha que nunca vi uma briga?? Gente usando drogas?? Que sou uma Santa?? – estocava a barriga dele e sorria – Eu posso conviver com aquilo. – aponta para duas meninas se pegando em um sofá rasgado próximo a eles, uma delas tem um seio de fora.
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Irmãos Butcher
ActionNo interior de São Paulo, uma família totalmente ligada a construção e evolução de uma Cidade, chega a sua terceira geração desde que saíram da Alemanha e chegaram em terras Tupiniquins. Três Irmãos, temidos e respeitados, mantém as redondezas no ei...