Capítulo 1

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Por mais que tentasse, aquilo tudo era muito difícil para se decidir tão rápido. Parecia estar presa em um lugar onde não pertencia, onde não era bem vinda. E mesmo que tentasse, não ia adiante, não saia do lugar.
Se esconder não adianta, ela sabia que so ia estar adiando algo que uma hora ou outra ia acontecer. Mas ela não estava pronta para tudo isso... não agora.
"Quem sabe um dia ela entenda que tudo isso para seu bem!" todos falavam a mesma coisa, todos acreditavam nisso.
Mas ela não era como eles, ela não acreditava, e por mais que tentasse, ela voltava atrás.

Então não tinha outra maneira.

Ela abriu a porta e se deparou com o seu destino, era apenas três passos, três passo que iriam definir sua vida para sempre, era três passos que iriam dar a ela um novo rumo, eram três passos que iriam lhe dar a "solução", eram três passos para algo que nem ela mesma sabia.

Então la foi ela... um pé atrás do outro, lentamente. O coração acelerou, a respiração ficou lenta, seus olhos fecharam, mil coisas passaram na sua mente, mil momentos, momentos de dor, sofrimento, tristeza, alegria, medo e amor.
Ela não estava pronta e sabia disso, mas era agora ou nunca. Estava decidida.

Respirou fundo.

Ela parou, na esperança de alguém chegar e impedir ela de fazer aquilo, mas ninguém apareceu. Aquela era sua chance.

Se jogou.

Seu coração acelerou de um modo que nunca tinha acelerado antes, sentiu medo, mas depois se acalmou, se sentiu livre, se sentiu relaxada, mas então tudo voltou, o medo, a sensação de estar caindo, as lágrimas, os gritos, a distância entre ela e a morte. Era como se o tempo tivesse parado para ela.

Ela ja tinha sofrido muito, e agora ela ia estar finalmente livre, mesmo que por alguns segundos.

Seus olhos se abriram aos poucos, sua voz ainda estava voltando, e por mais que ela tentasse falar, não saia nada, nem um sussurro, nada saia. Era como se isso fosse normal e acontecese quase sempre.

-É bom saber que você resolve seus problemas assim.

- Já falei para você não se meter nisso novamente.- sua voz era firme, mas não grosseira.

-Até quando você vai perceber que isso não vai adiantar nada?! Se dez vezes você tentar isso novamente...- então ela respira fundo e anda até a porta, ainda de costas - Dez vezes eu vou interferir.

-É bom saber que não posso mais fazer nada.- ela se senta na cadeira e pega um pequeno bilhete que estava em seu bolso.

"Vai mesmo continuar com essa ideia maluca?"

Estava escrito em um pequeno pedaço de papel com algo que com toda certeza não era caneta.

Mesmo que tentasse... aquilo tudo era inútil, não tinha como apenas ignorar aquilo tudo, os segredos, as dores, o medo, aquilo tudo era de mais para ela. Não era como um desenho feito a lápis, não é, nunca foi e por mais que as pessoas falem, nunca vai ser, ela sabe disso.

Muitas vezes ela pensava em como as pessoas eram tão frias, esqueceram que são humanas, que elas tem um poder tão grande em suas mãos, e elas escolhem ignorar, escolhem usar da forma errada, escolhem evitar, simplesmente escolhem algo e usam da maneira errada, ignorando e passando por cima de tudo, como se fossem melhores, únicos e não se dão conta de o qual pequenos e inúteis se transformam. Eles tem tantas chances, e ignoram, para depois ficarem se reclamando que nada da certo, que ninguém se importa... Mas estão errados, eles tem chances sim, so que preferem a maneira mais fácil, sem esforço, sem nada.

Treinados pela Morte (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora