Não me destaco por fazer começos memoráveis ou peculiares, que surpreendam quem lê minhas memórias inventadas - você nunca saberá se o que contarei foi vivenciado ou apenas faz parte das ilusões e idealizações que vagam em uma mente confusa, que não sabe muito bem lidar com tal dualismo. Também não estou habituada a resgistrar acontecimentos, confesso que cheguei a possuir um diário na infância porém preenchê-lo era tão entediante que está em branco até hoje. Talvez deva considerar isto um diário? é a primeira vez que faço algo do tipo, e não duvido que se torne uma parte de mim futuramente.
Mesmo que pudesse relatar uma vida utópica e genérica digna de filmes românticos de baixo orçamento, não o farei. Aprecio os defeitos e gosto dos conflitos, das emoções ocultas e dos eventos que muitas vezes não encontramos explicação ou tradução em palavras. Tudo isso desperta sentimentos corrosivos e agradáveis que me matam aos poucos cada vez que surgem em meu interior. Não se incomode se não entender, sinto-me um depósito absorvedor de tudo que interage comigo, e infelizmente comporta tanta toxicidade que acaba confundindo proteção com isolamento.
Esse depósito precisa ser esvaziado, mas o que fazer quando você já se acostumou com o conteúdo?
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