Escuridão

11/01/16

Bem, mais um dia, um dia igual aos outros, apenas mais um dia. Um dia escuro, um dia sozinho, um dia só por si. Há muito que feliz não passa de uma simples palavra para mim. Todas as músicas que oiço parecem ser sofridas mas então e a minha história também será? Porque será que por eu não ser conhecida ninguém tem pena de mim, ninguém se importa comigo? Todos me mandam calar, comer aquelas palavras como quem come uma papa seca, estragada e fria. Já esqueci de tentar ter pena de mim apenas ponho um sorriso e aguento-me, arte que aprendi a dominar.
E as pessoas falam como se soubessem... a cerca de tudo, mas sobretudo pelas marcas que tenho cada ela me relembra uma noite de gritos em que aquilo era a única coisa que aliviava, em que aquilo poderia ser a maneira de fugir, uma maneira de limpar todo o meu corpo deixando sair um pouco do meu sangue sem vida. Faltam pouco mais de dez dias para conpletar 16 anos mas o que isso interessa vai tudo continuar mal, as lâminas vão continuar no mesmo lugar, os gritos vão continuar a não me deixar dormir, a música vai continuar alta de noite, afinal de que vale envelhecer se a nossa alma já está morta, se já ninguem se importa sequer com o número que preenche a categoria idade na minha identificação. Há muito que penso que se calhar o meu lugar não é aqui, na Terra talvez tivesse ter sido eu a partir.
Os gritos deixavam-me com dores de cabeça mas hoje já são como uma música ambiente numa loja, as noites em que ouvia a minha mãe a chorar eram um tormento agora já nem sinto o sofrimento, já não sinto um braço no meu ombro, não sinto um abraço que antes me diziam tanto e que todos os dias me faziam feliz mas agora são só mais uma memória, mais uma imagem distorcida que tenho do passado.