ANO UM, FEVEREIRO. CAPÍTULO UM.

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PALAVRAS EM ITÁLICO: GLOSSÁRIO NO FIM DO CAPÍTULO.


Logo na saída do aeroporto uma wagonsha estava esperando. Os homens colocaram as malas pesadas dentro do veículo e todos entraram, seguiram para a província de Gifu. As moças estranharam a direção do lado direito do veículo. A tradutora conversava com Raquel:

– Você já veio pra cá, não é, Raquel?

– Sim, já trabalhei aqui em Nagoya– respondeu.

– Você ficou muito tempo? – continuou.

– Fiquei dois anos, depois voltei pro Brasil – disse.

Rosana e Celia observavam tudo pelo caminho. Patricia estava sonolenta, quase não prestava atenção. De repente, passaram por uma rua e Raquel se entusiasmou:

– Olha ali! Eu passava por ali pra ir trabalhar! Nossa, não mudou nada! – disse naquele clima de saudosismo.

Os chefes perguntaram se haviam feito boa viagem, se estavam bem. Celia queixou-se da comida do avião, Rosana gostou. Continuaram andando pelo centro de Nagoya, o trânsito estava péssimo, o motorista reclamou um pouco, mas não buzinou. Celia ficou maravilhada com as luzes, as ruas, o movimento da cidade.

– O Japão inteiro é assim? – perguntou Rosana.

– Não, claro que não! – respondeu.

– Parece São Paulo, né, Raquel? – comentou Patricia.

– Cidade grande é tudo igual – concluiu Celia.

Deixaram o congestionamento, pegaram a kousoku douro e foram em alta velocidade. Os outros carros corriam mais ainda, cento e vinte quilômetros por hora ou mais. Saíram da província de Aichi, entraram em Gifu. Passaram por várias montanhas e viram luzes das casas e do comércio. Era noite e estava bastante escuro por causa do inverno. A estrada subia e descia suavemente. A moça via as luzes longe. "Parece que estou voltando pra casa", pensou. Depois de quase uma hora pararam. Era um lugar onde havia restaurantes, lojas, lugar para dormir com estacionamento bem grande e também um posto de gasolina. Aproveitaram a parada e foram ao toalete, os japoneses, ao restaurante. A tradutora ficou a esperar as meninas para que não se perdessem. Logo, Celia voltou reclamando:

– Mas que lugar, hein? Quase caí naquele buraco! Onde já se viu? Um país de primeiro mundo...

– O que foi Celia? – perguntou Patricia.

– Aquele banheiro! Não tem lugar pra sentar, tem que agachar! E eu preocupada se o assento era limpo...

Ela deu risada. Sua mãe lhe avisara sobre aquelas coisas.

– Tem lugar que é pior – disse. – É um buracão cheio de cocô e não tem descarga! – riu.

– Credo! – disse a colega fazendo careta. – E dizem que aqui é tudo moderno...

A tradutora levou-as ao restaurante. Avisou que quando chegassem ao apartamento seria tarde, melhor fazer uma refeição ali. Era um lugar simples e bastante limpo. Havia uma mesa grande, de madeira, como as cadeiras. O ambiente era bem iluminado e as paredes eram de cor clara, bege, assim como o teto cinza, quase branco. As outras mesas estavam quase todas ocupadas. Alguns poucos casais com filhos – porque não era fim-de-semana – e alguns senhores, havia pessoas conversando de pé também. Atrás do balcão, o menu com os preços dividia a parte superior das paredes com fotos dos pratos disponíveis.

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⏰ Última atualização: Nov 05, 2016 ⏰

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