O Começo do Ciclo

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 Os pensamentos de Hérion divagavam longe quando os cavalos relincharam e pararam bruscamente. Ele tomou um sacode e praguejou em voz baixa, descendo da carroça e indo mais a frente olhar o que tinha acontecido. Uma voz de dentro da pequena tenda em cima da carroça gritou.

 - Por Gregório homem, o que aconteceu? – Sua voz era doce, claramente de uma mulher, mas Hérion percebeu uma leve irritação junto.

- Um Ponta-de-Mapa na estrada. Vamos ter que parar aqui hoje, amanha retomamos o caminho.

 A mulher saiu de dentro da tenda e desceu da carroça, colocando as mãos na cintura e soltando um suspiro indignado. Ela era bela, não como uma mulher normal poderia ser, ou uma princesa com seus vestidos e jóias por todo o corpo. Não, seus cabelos eram negros e compridos e desciam até sua cintura. Não andava com um caminhar gracioso ou delicado, esses eram guardados para as mulheres da corte. Seus passos eram firmes, não fortes, mas confiantes como a mulher que era. Mesmo com a idade chegando, seu rosto ainda poderia ser motivo de inveja para as mulheres, velhas ou novas. Seus seios eram fartos e firmes. Mas o que mais chamava atenção eram seus olhos. Tinham uma cor azulada como se fosse cristal, e homem algum saberia dizer o que ela escondia por trás daqueles olhos travessos.

- Eu cuido do acampamento, vá pegar algo para o jantar. – Disse.

- E o garoto?

Ela fez um gesto para que deixasse de lado o assunto.

- Dormindo, não se preocupe.

Ele assentiu sabendo que não tinha como contra argumentar, pegou seu arco e seguiu em direção a floresta.

A Grande Estrada onde estavam percorria todo o reino, ia desde a província do norte até onde estavam, na do Sul, chamada de Argon-Cur. Praticamente quase metade da província era dominada pela grande floresta de Volkyr. E nesse ponto exato onde estavam, á quase 1 Quilometro de distancia da estrada, uma enorme muralha se erguia aos céus. A Muralha de Gwynofer.

Foram interrompidos por um Ponta-de-Mapa, grandes blocos maciços de metal em uma forma cubica exata, onde ninguém sabe de onde vieram e por que simplesmente aparecem no meio das estradas ou em lugares inesperados.

Ayda levou a carroça para o terreno ao lado da estrada, onde era plano e cheio de grama. Começou a desmontar as coisas e a preparar a tenda, fazendo uma pequena fogueira e colocando uma panela com água para esquentar. De repente, viu um movimento ao seu lado e se deparou com um menino de olhos negros a encarando diretamente.

- Que bom que acordou, Eórion. – Comentou sorrindo para ele.

Filho dela com Hérion, Eórion nasceu na estrada, sem nunca ter uma casa definida. Seus cabelos eram negros como de Ayda, e seus olhos como os do pai, escuros como carvão. Essa combinação o deixava com uma aparência diferente, para muitos, até um pouco hostil. Mesmo com seus doze anos, sua altura era relativamente grande.

- Onde papai foi? – Perguntou sorrindo.

- Buscar o jantar. – Respondeu. – Ele vai voltar logo, enquanto isso me ajude. Pegue aquelas coisas lá e traga para mim.

Eórion pôs-se a buscar o que sua mãe havia pedido. A carroça parecia ser uma grande tenda em cima de duas rodas. Era toda de madeira, inclusive o teto. Um pouco depois da cobertura que o teto dava havia um pequeno espaço livre, e aí, você estava a um passo do controlador que guiava os cavalos. Ele pegou um pote com um a coisa negra dentro, parecia terra e correu para Ayda.

Era da AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora