Capítulo 1- Alana

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Corro em direção ao aeroporto do Rio com o inevitável medo de não conseguir chegar no avião a tempo. Lembro como se fosse ontem, o incrível mico que me fizeram pagar chamando meu nome pelo aeroporto todo, dizendo que restavam apenas alguns minutos para a decolagem.

Meu telefone começa a tocar, e eu batalho uma incrível guerra entre correr com duas malas e um salto alto, ao mesmo tempo procurando o aparelhinho que toca incessantemente dentro da bolsa. O número da minha mãe aparece no visor. Lá vem bronca.

-Oi mãe, fala logo que eu já vou entrar no avião.- peço, arrumando minhas malas perfeitamente alinhadas, seguindo para o Hall de embarque.

-Filha liguei só pra te avisar que sua prima irá casar esse final de semana, e todos os seus irmãos irão ser padrinhos e madrinhas. Ruth quer tanto que você faça parte deste momento especial.- diz manhosa, com certeza fazendo carinha de cachorro caído de mudança do outro lado da linha.

-Tudo bem mãe, vou me despedir. Em algumas horas nos encontramos.

Passo por todo os problemas burocráticos e vou de encontro a minha família querida, em um vilarejo pequeno onde todos se conhecem, e não se suportam. Onde os sonhos são pequenos e as mulheres se contentam em ser meras donas de família.

***

Vou para o Hall de desembarque e logo avisto toda a minha família com cartazes e placas com meu nome. Atraindo a atenção de tudo e todos, penso.

Recebo vários abraços calorosos e sermões de que eu não estava me alimentando direito. Familiares, tão previsíveis.

Vamos, ao todo toda a família  em quatro vans... Quando digo todos, incluo meus bisas e tatara avós.

-Então, cadê seu assistente pessoal e sexual hein maninha?- pergunta ironicamente Tino, um dos quatro irmãos. Aliás, tenho duas irmãs mais velhas e dois irmãos mais novos, me fazendo ficar com a posição de filha do meio.

-Tá na mala pão de mel. Ficou interessado nele quando foi me visitar no Rio?...- todos no carro riem, e isso  só me motiva a continuar.-...Eu sei que ficou, mas não tem importância, desde pequena aprendi a dividir as coisas com você Tino.

E assim percorre todo o caminho. Um cassoando do outro. Um alfinetando o outro. Acho que no final disso tudo a alegria deles irá me ajudar a terminar meu último livro, da nova trilogia de auto ajuda mais comercializada em 20 países! Segura essa romance.

Entro na fazenda gigantesca e logo lembro da minha infância vivida ali... Meus tombos. Minhas molecagens. Minhas histórias escritas nas carcaças de cada árvore presente no quintal. Do lago que durante minha adolescência, foi o local para colocar minha cabeça no lugar. Foi o lugar que me fez perceber o que eu queria fazer hoje.

Todas as dores que eu sentia, fazia questão de derramar naquele lago, o lago que me ensinou que, eu queria sentir aquilo. Amor, raiva, ódio, tristeza, augustia... aquele lago que me ensinou a destinar cada múltipla personalidade que eu tinha para cada especial personagem. Aquele lago me fez a mulher que eu sou hoje.

Estou guardando minhas coisas em meu antigo quarto quando mama e papi o entram.

- Estava com saudade do seu mau humor matinal filha.- implica meu pai, sentando junto à minha mãe na cama. Eles se amam, penso.

- Imagino.- dou a volta na mala e sento próxima a eles.- Ainda temos o lago? Estava pensando em escrever um pouco lá.

- Nem de férias essa menina para de trabalhar.-brinca minha mãe.- O lago infelizmente não é mais nossa propriedade. Agora é propriedade do neto de Alberto, nosso vizinho. Descobriram que não fazia parte de nossas terras, e sim das de Alberto...-olho espantada para minha mãe, que tenta amenizar o choque me tranquilizando.-... ele é um menino bom, tenho certeza de que ele não irá se importar.

Continuamos conversando por longos minutos, mas logo eles tratam de se despedir. Pego minha caderneta de anotação, algumas canetas e um casaquinho leve para me proteger da brisa gélida que está lá fora.

Comprimento todos na sala e vou em direção a antiga casa dos empregados, onde minha mãe guarda as canoas e outras coisas. Pego uma canoa leve e pequena e logo ponho-a no lago, entro e relaxo deixando minha mente vagar por todos os caminhos possíveis, fazendo com que eu escrevesse algumas frases.

Sinto como se minha pele estivesse sendo queimada com apenas olhares. Decido ignorar, mas me espanto quando algo se mexe na água me fazendo levantar tão rápido e gritar tão alto. Será que é um jacaré? Papai não me avisou nada!

  A canoa balança conforme meus olhos e meu corpo acompanham os movimentos daquele ser aquático totalmente desconhecido. Derrepente todo aquele movimento cessa. Decido me acalmar, o animal já deve ter ido embora. Pego minhas coisas e ponho-as no colo, como se a qualquer momento pudesse acontecer algo... dito e feito, eu tomo um susto com a movimentação e caio em direção à água totalmente gelada.

- Meu Deus, eu vou morrer!- grito tentando proteger minha caderneta. Ela não, muito tempo de trabalho, não vou deixá-la molhar. Enquanto tento sem sucesso e aos gritos sair do lago, ouço algumas risadas e decido me acalmar para ver o que é.

Sentado na beira do lago às gargalhadas escandalosas estava um homem totalmente encharcado, com as mãos na barriga rindo feito uma criança de colo.

- Você por algum acaso é maluco?-grito tacando um punhado de canetas em cima deste homem.- Eu realmente pensei que fosse algum animal. Finalmente consigo sair do lago e me sento no gramado olhando para à água. Sim, impossível existir qualquer animal neste lugar. Burra, burra, burra, penso.

O homem tentava conter sua risada a todo custo e admito, acharia a situação engraçada se não fosse comigo. O fito dos pés à cabeça... cabelos claros quase loiros, olhos azuis, braços fortes e barba falhada. Deve ser neto do Johnson.

- Nunca te vi pela propriedade, logo presumi que fosse invasora e bom... tratamos invasores assim.- diz ele levantando e estendendo à mão para mim.- Vamos, levante e diga o porquê de estar na minha terra.

- Mil perdões mas há anos esse lago é da minha família.- ele ri e olha dentro dos meus olhos, confesso que ele iria ser encantador se não fosse babaca.

- Deve ser filha do Theo, prazer ....., proprietário há 7 anos desse lago, que por sinal não tem bicho algum.- ... ri e da costas para mim, seguindo em direção à sua casa.

Grosso. Um vento gélido bate em minhas costas e logo me lembro de estar toda molhada. Entro em casa ignorando todas às risadas e comentários de minha família. Minha propriedade... Quem ele pensa que é pra me tratar daquele jeito.

Se bem que aqueles olhos... foco! Eu vim em busca de 12 motivos, não de um brutamontes sem educação e infantil.















Olaaaaaaaaa meus amores!!!!
Tem erro? Tem, principalmente na pontuação.
Está estranho? Sim, não custumo escrever e publicar, mas a vontade dessa vez foi maior que a vergonha e sim, pretendo terminar esss livro o mais rápido possível... Vamos ser breves com o romance nada romântico de Alana, que tem um passado um pouco interessante pra ter tantos traumas assim. Juntos conseguiremos terminar nosso livrinho, amo vocês.

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⏰ Última atualização: Jun 18, 2019 ⏰

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