Capitulo Unico

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Enquanto vomito tudo o que comi e provavelmente o que não comi, penso no que me levou a essa situação:

Tudo começou há sete meses, quando Haley ameaçou deixar Hotch caso ele permanecesse na UAC, vivendo tanto tempo com ele, ela deveria saber que ele não abandonaria o trabalho de sua vida. Quando Hotch voltou daquele caso, Haley havia o deixado. Sim, ele tentou reatar, mas ela insistiu em ou ela ou o trabalho. Como ele disse que não deixaria o trabalho, ela quis o divórcio.

Quase dois meses que ela o deixou, ele estava solitário e eu não estava lá em meu nível máster de alegria, estávamos em um bar, uma coisa foi levando a outra e acabamos indo para a cama. No início foi apenas carnal, mas à medida que passamos a ficar mais tempo juntos, ele dormindo na minha casa, nós saindo para assistir filmes ou até mesmo café, me vi apaixonando por meu chefe e esse foi meu erro.

Nosso relacionamento durou apenas quatro meses, sim esse foi o tempo que gastou para mim cair no amor por meu chefe, eu estava nas nuvens, havia tempo que eu não me permitia sentir o que sentia por ele, mas então eu fui a sua casa. Pensei que ele queria dizer que estava apaixonado por mim e céus como estava errada, ele estava terminando o "nosso negócio" então era assim que ele nomeou o nosso relacionamento?

O mês da após o nosso termino, ele o aproveitou bem. Reatou com Haley e demonstrou bem como eu posso não ser eficiente no meu trabalho, sim trabalhar com ele estava sendo um inferno. Sempre no meu pé, ao mesmo tempo em que permanecia o mais distante possível e eu estava começando a perceber que isso estava atrapalhando a dinâmica da equipe. E a notícia que descobri há uma semana não vai tornar em nada as coisas mais fáceis.

"Emily" ouço Penélope me chamar, me tirando de minhas reflexões matinais "Só um minuto" digo segundos antes de dar descarga no vaso. Quando já estou na pia, lavando meu rosto, posso sentir ela me encarando, assim quando estou de frente para ela, ela me pergunta "Você está bem?" "Sim" respondo quase que mecanicamente. Ela então me olhou mais atentamente e questionou "Emily, você está grávida?" Já está tão na cara assim? Forço uma risada e digo "Não Pen" me olhando por mais algum segundos ela me puxa para um abraço apertado, enquanto nos abraçamos não posso deixar de me sentir culpada por estar mentindo para minha amiga cheia de cores. "Agora vamos, ou nosso chefe senhor vai se irritar".

Enquanto caminhamos em direção a sala de reuniões, não posso ignorar o sentimento de que algo ruim está prestes a acontecer. Ignorando isso, ouço o que Hotch explica: apenas dois agentes, para irem disfarçados com alguém do serviço social, para verificar se em uma comunidade religiosa não está havendo abuso. Reid se voluntaria, pois de acordo com ele não tem nada para fazer esse fim de semana e eu também faço o mesmo, pelo menos isso me dará mais tempo para pensar no que vou fazer da minha vida.

Uma viagem de carro, uma troca de tiros, presos em um porão e isso só seis horas depois da reunião, e nesse momento eu rezo para que Garcia sinta a nossa falta. E quando eu achava que não poderia ficar pior, os urubus da impressa aparecem e divulgam que há um agente do FBI, merda!

"Quem é o agente?" Cyrus pergunta pela segunda vez, apontando uma arma em direção ao Reid e não preciso ver em seus olhos para saber que ele não hesitará em matar nós dois. Analisando as opções que tenho, ou eu digo ou Reid dirá, se eu disser, Reid pode tentar ganhar sua confiança, algo que eu não conseguirei, engolindo em seco e fazendo uma oração silenciosa eu digo "Sou eu. Eu sou do FBI" e então ele me olha com um olhar doente, ele sorri, e me arrasta pelos cabelos para longe dali. Enquanto sou arrastada para fora, faço as contas, já não damos notícias há horas, se a impressa sabe que o FBI tem agentes aqui dentro então com certeza a equipe está lá fora.

Quando ele me joga em um cômodo com suprimentos e janelas, rezo para que eles tenham colocados escutas. No entanto o que estava pensando? Que ele apenas me jogaria ali? Oh não, a surra foi brutal, mas o pior foi o olhar que ele me lançava, "Eu aguento" eu disse uma, duas, três vezes, embora na quarta tenha saído tão fraco que não sei se foi possível que eles escutassem. Quando ele me largou no chão, eu senti, senti a primeira pontada em minha barriga.

Ao anoitecer, o plano começou a ser posto em pratica, e eu estava orando, algo que não fazia há anos para que tudo ocorresse bem, mas de fato hoje não era meu dia. Tudo explodiu após eu e mais algumas pessoas saírem e Reid estava lá dentro. Seja Deus, sorte ou sei lá o que, ele conseguiu sair e sem pensar duas vezes fui ao encontro do membro caçula da UAC e o abracei, enquanto o abraçava sentia meu corpo tremer.

Desde que tinha conseguido me levantar, as pontadas no abdômen não cessaram e eu tinha um mal pressentimento. Quando vi uma ambulância prestes a sair, me misturei na multidão para me perder a equipe e entrei. Odeio hospitais, não sou a maior fã de médicos, detesto ambulância, mas estou ferida demais para apenas ir embora. "Sou do FBI, apenas uma carona para o hospital" eu digo quando a paramédica insiste que já está levando alguém. Me sento em frente a mulher, que verifica os sinais vitais de uma mulher atingida pela explosão. Não mais do que cinco minutos depois da ambulância começar a se mover, a dor fica mais forte, pressiono os braços em volta da barriga, não sei se é pelo fato do meu rosto estar manchado de sangue e provavelmente inchado ou se é por causa da expressão de dor que tenho certeza que estou fazendo, mas a mulher pergunta "Você está bem?" "Eu não sei" eu digo e murmuro "Eu estou grávida" digo pela primeira vez em voz alta, a mulher me olha com pena e isso aliado ao fato da dor está ficando cada vez mais forte e também ao fato de saber que isso não acabara bem é suficiente para fazer lagrimas brotarem em meus olhos pela primeira vez desde que vi o sinal de positivo em meus cinco testes de farmácia.

Estava deitada na cama do hospital, olhando para o nada, até agora eu não conseguia definir como me sentia, há uma semana quando descobri, várias coisas se passaram em minha mente, mas nenhuma incluía tomar a atitude que tomei anos atrás, enquanto o médico explicava o que havia acontecido "Agente Prentiss, sinto muito" foi a única coisa que prestei atenção, virei o olhar para o homem de meia idade "Só peço que quando minha equipe vier perguntar como estou, essa parte sobre o aborto ou gravidez não seja citada" "Tudo bem" ele disse e saiu.

Uma hora depois toda a equipe apareceu para me ver, "Você desapareceu princesa" Morgan disse "Fui sequestrada por uma paramédica Morgan" forcei um sorriso, "Você está bem?" JJ perguntou, ela não deveria estar entrando em licença maternidade? "Vou ficar" disse a minha amiga.

Dois messes após o meu grande choque, as coisas estavam voltando ao normal ou pelo menos perto disso, no entanto Hotch e eu já não nos entediamos e sinceramente a cada vez que olho para ele me lembro do que eu poderia ter tido se não tivesse sido ferida, no entanto vê-lo durante o dia, não é pior do que passo a noite. Todas as noites tenho pesadelos, alguns eu só tenho a surra, e esses são os mais tranquilos, os piores eu sinto tudo que senti desde que entrei na ambulância, a dor terrível, o desespero ao pedir o médico que conseguisse salvar meu bebê, o vazio ao receber a notícia e chorar quando a equipe me deixou só no hospital. Então quando Clyde me liga oferecendo um cargo de chefe na Interpol, mesmo dizendo não estar pronta, e que posso não ser tão boa quanto antes, eu aceito.

Na manhã seguinte, não vou até Hotch para entregar minha arma e meu distintivo, deixo tudo com Strauss ao renunciar, porque sinceramente não quero me despedir nem dele e nem das pessoas maravilhosas daquela equipe. A tarde, já estou sentada no avião cruzando o oceano, uma jovem de no máximo quinze anos com cabelos negros e pele pálida, bastante simpática está ao meu lado, ela inicia uma pequena conversa "O que te leva a terra da rainha?" "Trabalho novo" eu digo, ela diz sem eu pergunta-la "Estou indo para intercambio, espero que lá não tenha só chá" ela ri fazendo com que covinhas aparecessem em suas bochechas, talvez minha filha se pareceria com ela, a jovem faz uma nova pergunta "O que havia de errado com seu antigo trabalho?" Ela me olhava curiosa e não exatamente o porquê eu respondi, mas disse a ela a verdade "Fui ferida".


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⏰ Última atualização: Oct 01, 2016 ⏰

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