1º - O Dia do Acidente

19 0 0
                                    

Mais um dia normal como todos os outros em Nova Iorque.

Nova Iorque é uma cidade cheia de coisas para fazer, cheia de prédios, construções por todo o lado, trânsito e mais trânsito, eu diria que as ruas são cheias de vida, mas também são cheias de complicações.

Acordar cedo todos os dias para ir para a escola tornou-se numa rotina tanto em dias de semana como aos fins-de-semana. Porém, ter aulas só na parte da manhã deixa tudo muito mais fácil.

São 6:00 da manhã duma segunda-feira, o despertador toca e assim começa mais uma semana. Sou o tipo de pessoa que usa roupas básicas, um top de cor bordô, com uma blusa quente de malha em cima, umas calças de ganga, um casacão impermeável e umas vans brancas de plataforma.

Estava prestes a sair de casa por volta das 6:30 e quando estava a tomar o meu típico pequeno almoço, cereais, ouço um ser humano, mais pequeno que a maçaneta da porta, a cantar alto e em bom-tom.

Diogo, o meu irmão mais novo, tem 10 anos e, como todas as crianças, tem uma profissão de sonho, a dele é ser cantor e ganhar fama com isso. Porém, umas aulas de canto não lhe faziam mal...

- Diogo podes parar de cantar alto? Vais acordar os pais! – Digo eu não muito alto.

- Deixa-me cantar Rafa, tenho que praticar para ser um cantor ótimo daqui a uns anos! – Diz Diogo alto e continua a cantar.

É então que ouvimos barulhos na parte de cima da casa, boa, Diogo já tinha acordado os pais.

Não passam 2 minutos como deve de ser e aparecem os dois juntos, de mãos dadas e ainda com cara de sono. A mãe é uma pessoa autoritária e focada no seu trabalho, ela é gestora de uma impressa famosa em Nova Iorque, conseguiu este emprego mal nos mudámos para cá, ela é excelente no que faz. O pai é o típico americano rico que conquistou a mulher da Europa Ocidental morena, que é exatamente o oposto dele.

- O que foi desta vez meninos? – Fala a mãe a bocejar.

- Nada mãe, a Rafa é que não me deixa praticar! – Diz o Diogo.

- Mãe, o Diogo não parava de cantar alto, disse-lhe para cantar mais baixo e ele simplesmente ignorou-me. – Respondi logo em seguida.

- Ainda bem que era só isso porque eu e o teu pai estávamos muito bem a dormir e acordámos com a tua cantoria, Diogo, que isto que não se repita por favor, muito menos a esta hora da manhã. Agora vamo-nos despachar porque vocês têm de estar nas vossas aulas daqui a 30 minutos. – Disse a mãe.

Já estávamos todos prontos para sair de casa e eram quase 7 da manhã e é então que, o meu pai, como sempre, vê as notícias até ao último segundo, depara-se com a notícia de última hora "As escolas estarão encerradas durante o dia de hoje devido à neve."

Instalou-se uma alegria na cozinha, eu e o Diogo começámos a dançar muito felizes com o que estava a acontecer e os nossos pais abriram um sorriso enorme e acompanharam-nos em meio a gargalhadas.

Depois de muito rirmos surgiu uma ideia de génio.

- Então já que hoje não irão ter escola e eu e a vossa mãe só começamos a trabalhar às 10 o que acham de irmos passear por aí de carro, querem ir - fez uma pausa mas logo continuou – Ao parque ver esta neve toda?

De imediato ficámos todos muito entusiasmados com a ideia e em menos de 10 minutos estávamos todos no carro prontos.

Realmente estava a nevar muito e o trânsito nas ruas estava impossível, logo reparámos que a melhor opção talvez seria ter ficado em casa.

- Já não dá para voltarmos para trás amor? – Disse a mãe.

- Com este trânsito todo é difícil sair deste mesmo lugar quanto mais voltar para trás... - Diz o pai a tentar ver alguma coisa no vidro da frente.

Suspirámos todos em conjunto, esta viagem vai ser longa.

O pai colocou uma música para ajudar a passar o tempo "Sida - Unstoppable". Começámos a cantar todos em sintonia e a divertirmo-nos, o pai estava mais focado na música do que no próprio trânsito.

A andar devagar nas ruas e a tentar voltar para trás com toda aquela confusão de carros tornou-se num misto de emoções, pois no carro estava uma alegria imensa apesar da situação e, no trânsito estava uma confusão e desespero.

Depois de um momento e de tanto buzinarem atrás do nosso carro o pai finalmente viu o semáforo verde, o que ele não sabia é que já estava assim há algum tempo, então ele decide avançar mais rápido do que estava à espera. Não foi a tempo e eu só consegui sentir o impacto do carro a vir da direita, agarrei no meu irmão em meio a um abraço e ficámos por ali mesmo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 12, 2024 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Irmãos ÓrfãosOnde histórias criam vida. Descubra agora