São Paulo
12 de julho de 2013
Sophia acordou chorando, as lembranças da ultima vez que viu sua mãe ainda a atormentava.
"Foi só um sonho." ela pensou.
Naquela noite sua mãe ligou, disse que estava tudo bem e que iria ter que dormir no aeroporto porque o voo estava atrasado. De manhã ela ligou novamente para avisar que ela já iria pegar o voo. Só que algo de errado aconteceu e quando o avião decolou, ele explodiu e todos os passageiros morreram. Algumas pessoas falaram que foi um atentado ou algo do tipo, mas Sophia sabia que não era tão simples assim e sabia que provavelmente todas aquelas pessoas teriam morrido por causa de sua mãe.
Sua mãe morreu, a deixou quando ela tinha apenas 7 anos. Seu pai Roberto e ela se mudaram com esperanças de esquecerem o ocorrido, mas todos os dias ela ainda sonhava com sua despedida e as vezes com as imagens que passou nos noticiários. O avião explodindo, pessoas desesperadas gritando nas ruas sem saberem o que estava acontecendo e pedaços de corpos espalhados nas proximidades do aeroporto Santos Dumont.
Saber que sua mãe era uma dessas pessoas que estavam ali a deixou em choque, ela não falou uma palavra, não se alimentou direito e parou de frequentar a escolar durante 3 meses.
"Não pense nisso." Ela ordenou a si mesma.
Ela se arrumou para ir ao colégio, já pronta ela olhou seu reflexo no espelho e ajeitou seu cabelo preto cacheado, ela pegou sua mochila e foi para a sala. Roberto ainda estava dormindo no sofá. Ela estava quase atrasada, então saiu correndo até a casa de Christian que fica dois quarteirões depois da casa dela. Ele era seu melhor amigo desde o dia em que ela se mudou para São Paulo.
Quando Sophia chegou na casa do Christian ele tinha acabado de abrir a porta da garagem:
-Oi patinha. -Ele disse com um tom de deboche. -Pelo jeito não dormiu bem de novo, né? -Ele tocou abaixo dos olhos dela -E o pior é que você nem tentou disfarçar, passa maquiagem nisso, tá parecendo uma morta.
-Patinha?- Ela perguntou -Você não me chama assim desde o dia que eu tirei o aparelho dos meus dentes, e alias nós já estamos atrasados, não tenho tempo para maquiagem.
Ele passou a mão em seus cabelos dourados tento arruma-los, porém só deixou seu cabelo mais emaranhado, Sophia tentou disfarçar o rubor repentino em suas bochechas, mas só conseguiu bater a cabeça ao entrar no carro. Ela fingiu que nada aconteceu e ligou o som enquanto ele tirava o carro da garagem.
-Eu não sabia que você gostava de Paramore. -Ela pegou a capa do CD dentro do porta luvas e estava autografada pela Hayley Williams. -Espera este CD é meu! CHRIS! COMO ELE VEIO PARAR AQUI?- Ela olhou para ele incrédula e agitando a mão sem parar na frente do rosto dele.
-Eu estava tentando vender ele pela internet, mas ninguém iria comprar então deixei ele ai. -Ele disse com um sorriso no rosto.
-Seu idiota se você pegar mais alguma coisa minha, você não entra mais no meu quarto. -Ela retirou o disco do rádio e colocou CD na mochila, depois deu um soco no ombro do Chris e ficou em silêncio o resto da viagem.
Na escola tudo parecia normal, os professores explicavam a matéria nova e os alunos fingiam entender e eles já estavam há duas aulas nisso.
Chris estava na mesa atrás de Sophia, como sempre:
-Hey! -Ele chamou a atenção. -O que você acha da gente ir no cinema depois das aulas?
Ela se virou pra ver ele:
-Que filme? -Sophia perguntou e ele deu um sorriso malicioso.
-Nada de filmes de besteirol americano, você sabe que eu não vejo graça nesse tipo de filme. -Ela fechou a cara e começou a criar mentalmente mil motivos para não ir.
-Na verdade eu estava pensando em assistir qualquer filme, eu deixo você escolher, ainda te pago um combo de pipoca e refrigerante, daqueles que vem com brinde. -Ele rabiscou algo em seu caderno.
-Você tá brincando? Sério que você vai me levar pra assistir filme e me pagar um combo?- Ela puxou ele para mais perto. -Te pago um combo é quase uma declaração de amor. -Ela o olhou com um olhar sério. -Você não está querendo me pegar, está?
-Sim Sophia Dunken, meu sonho é te pegar de jeito, patinha. -Disse em tom de ironia.
-Christian e Sophia, por que vocês sempre estão atrapalhando minhas aulas? Se não estiverem gostando é só saírem, mas por favor, não atrapalhem os colegas que querem aprender. -Alberto o professor de física, apelidado de Einstein, estava ao lado deles com a cara emburrada.
-Certo Einstein. -O Christian se levantou e estendeu a mão esquerda em um gesto formal para a Sophia e disse fazendo uma voz estranha: -Gostaria de me acompanhar senhorita?
-Com certeza meu caro amigo! -Disse pegando em sua mão e se levantando. -Com sua licença senhor, sairemos por aquela porta. -Ela fez uma reverencia com a cabeça para o professor que acabou rindo e entrando na brincadeira logo após a saída dos dois.
Eles ficaram aproximadamente vinte minutos fora da sala comendo na recepção da escola, onde normalmente havia bolacha (ou biscoito como diz a Sophia) e café. Quando ambos já estavam satisfeitos começaram a se gabar de como a cena na sala foi legal e que ambos deveriam investir na carreira de ator.

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Além da Mente
Любовные романыSophia Dunken perdeu a mãe quando tinha sete anos, ela e seu pai Roberto se mudaram do Rio de Janeiro para São Paulo com esperanças de esquecerem o ocorrido, mas coisas estranhas começaram a acontecer quando ela conhece Nicolas, primo de seu melhor...