o diabo e o novo ceifador

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Quando abri os olhos e o cheiro de enxofre entrou por minhas narinas, eu realmente queria estar morto. Tudo estava muito escuro mas as coisas foram ganhando forma o que não foi lá muito bom.
Havia seres negros de cerca de dois metros que perfuravam pessoas com lanças enquanto elas gritavam de dor. Quando virei a cabeça quase morri, havia pessoas do meu lado, elas comiam a própria carne e ela crescia pra eles continuarem comendo, era uma visão perturbadora.
Agora eu via o quanto estava fudido, estava morto, estava no inferno e o pior de tudo, não havia Mary alguma do meu lado. Tudo que mais amei tinha ido embora, a sensação de culpa e ódio de mim mesmo cresceu a medida que eu pensava nela e nas palavras que ela não teve a chance de dizer nem outras que não pôde ouvir.
- Eu sei como se sente - disse uma voz as minhas costas
- não, você não sabe - eu falei sem olhar pra trás, ninguém podia algum dia já ter sentido aquela dor
- sim Jack eu sei...
- olha aqui seu... - eu não consegui terminar minhas palavras porque o que vi me deixou perplexo. Havia ali algo que não era parecido com nada que eu já tivesse visto, um garoto aparentando ter uns 15 anos, os cabelos lhe caiam pelo rosto e seu rosto parecia ainda não ter sido tocado por nenhum demônio. Ele parecia emanar uma luz Interior como se fosse a própria fonte da bondade. Havia asas saindo de suas costas e um pequeno numero em seu pescoço, ele usava uma armadura que parecia forjada toda e completamente em prata e sua expressão não era de dor ou medo. mas, o que alguém assim estaria fazendo ali ?
- meu nome é Johnny - ele disse olhando diretamente nos meus olhos como eu sempre gostei que fizessem - sou o estrategista e segundo comandante da A.A.C
- e que droga é isso ??
- armada dos anjos caídos - ele disse de forma serena.
- anjos caídos... - por mais que estivesse no inferno, a ficha parecia ainda não ter caido
- sim. Fui ordenado para leva-lo até o templo
- templo ? O que te faz pensar que vou sair por aí com você ? - não me importava quem ou o que ele era, eu não recebia ordens de ninguém e nem seguia filho da puta nenhum
- o templo do ódio - respondeu ele - e o que me faz pensar assim é o fato imutável de que você não tem escolha, não sendo quem você é...
- sendo quem sou ? E você sabe quem eu sou ? - perguntei com sarcasmo
- todos aqui em baixo conhecem seu nome
- e se eu não for com você ?
- eu não sei se você percebeu - ele disse com um pouco de ironia - mas você está no inferno. Ou vem comigo ou... Bom... vai virar um deles - ele apontou pra um grupo de pessoas que comiam a própria carne.
Sem saber bem o porque e vendo que de fato não tinha escolha, a única coisa que eu consigui dizer foi:
- tudo bem. Eu vou com você.

- como foi que você... - eu comecei a dizer enquanto caminhávamos
- me tornei o que sou ?
- bom... sim
- desde os sete anos eu era abusado por minha prima e bom... minha mente ficou meio travada como já era de se esperar, meu padrasto me batia todo dia pra não me deixar esquecer do lixo que eu era, na pequena cidade de Dallas no Texas eu era a única criança que sabia que nem sempre 1+1  é igual a dois e além do mais, cada surra que eu levava me deixava com mais ódio e eu descontava no livros então... apanhava na escola também por ser um nerd.
uma vez eu cheguei em casa sangrando por uma surra que os caras " descolados" tinham me dado e como de costume meu pai me bateu ainda mais só que, ele exagerou de mais dessa vez e, depois de uns golpes com um taco de basebol... Bom... eu nunca mais acordei... essa é a história

- mas como você...
- como vim parar aqui ?
Aquele cara me lembrava Mary... sempre um passo a frente, sempre respondendo antes mesmo de eu perguntar... mas não era um caso isolado, a única coisa que fiz desde que acordei foi pensar em Mary... no que eu tinha feito... ela havia morrido por minha causa, porque eu fui um filho da puta, disse que ia protege-la - sim... - eu disse voltando minha atenção pra o garoto a minha frente
- bom... eu nunca fui perfeito, então... eu... Além de tentar suicídio 3 vezes, também tentei matar meu padrasto uma vez enquanto ele dormia... eu nunca fui um santo. Também já tentei fazer rituais de feitiçaria e artes malignas. E quando acordei aqui me deram 2 opções a armada ou ser torturado pra sempre... eu não precisava ser um gênio pra fazer minha escolha...
- e todos tem essa " escolha" ? - se assim fosse, o inferno não era tão ruim
- não, apenas os que ou seguiram o diabo durante vivos ou realmente tem potencial pra alguma coisa
- e qual desses...
-  como eu já disse... um pouco dos dois - ele respondeu inexpressivo
Estávamos agora passando por lugares cada vez mais estranhos e aterrorizantes, havia coisas como rios mas cheios de fogo e não de água, o horizonte era envolto em uma nuvem de fumaça vermelha que parecia tão densa quanto aço e não havia nada além de destruição e seres que torturavam os humanos que gritavam por socorro

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⏰ Última atualização: Nov 07, 2016 ⏰

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Jack - O garoto Perdido Onde histórias criam vida. Descubra agora