55° Você me dá esperança

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- Briana On -

Fazia-se quase dois meses que eu não via as pessoas transitando pelas ruas, por eu não poder sair do hospital. O meu corpo parecia uma pena de tão leve que eu me sentia, talvez por eu ter emagrecido muito. Os meus lábios estavam poucos machucados do frio, nada que eu não pudesse resolver com o meu gloss de morango ao chegar em casa. Brian estava sentado na cadeirinha ao meu lado, no banco de trás do carro e puxava o meu gorro, enquanto eu ria das caretas dele por não conseguir arrancar o gorro de minha cabeça.

- Brian se comporte. -Mamãe chama a atenção do pequenino enquanto mexe em algo no porta luvas do carro.

- Brian é o melhor irmão do mundo. -Digo e o pequeno sorri como se tivesse entendido o que eu acabará de dizer.

Esse é o meu irmão.

Quando a vovó Pattie estaciona o carro na garagem de casa Brian começa a se debater na cadeirinha. Até parece que ele é quem não voltava a muito tempo pra casa. Mamãe desce do carro e em seguida abre a porta ao meu lado. Tiro o cinto de segurança e ela me ajuda a descer do carro.

- Eu pego o Brian. -Vovó Pattie diz e minha mãe sorri em forma de agradecimento.

Em passos lentos e com a ajuda de minha mãe entramos em casa.
O meu sorriso foi enorme ao ver todos reunidos naquela sala. Uma grande volta para casa. Talvez a melhor despedida que eu pudesse ter. Amigos e familiares. A casa está cheia de pessoas que eu tanto amo e que me fazem felizes. Em meio a todas as pessoas reunidas ali na sala, estava faltando uma. O Professor. O meu querido e eterno professor, que se tornou meu grande amigo e papai.

Cada um fez questão de me abraçar e dizer palavras motivadoras.

Fico surpresa quando meus olhos são tapados por mãos masculinas.

- Espero que não tenha se esquecido de mim. -A voz que tanto conheço diz me fazendo sorrir.

- Nunca, bobo da côrte. -Digo e ouço risos baixos.

- Certo, você demonstrou o quanto me ama agora. -Finge drama.

- Desculpe-me, mas você sabe que eu te amo. -Digo e ele tira as mãos do meu rosto.

- Então, eu mereço um abraço. -Papai Justin diz quando me viro para olhá-lo.

Um abraço... Poderia não resolver tudo, mas pelo menos me ajudaria a esquecer o sentimento ruim que habita aqui dentro do meu coração.

Às vezes é preciso um abraço, um olhar compreensivo e um sorriso acolhedor. Certas dores precisam ser compartilhadas, mas sem cerimônias e hipocrisias, não há necessidade de gritos e dramas, sofrer em silêncio faz a dor parecer menor. Não precisamos de discursos elaborados, só de ouvir um "eu acredito em você" já faz toda a diferença e estamparia um pouco da ferida que enciste em sangrar. Insegurança e medo não deveriam doer tanto, mas enfrentar isso tudo sozinha torna tudo mais difícil, mais insuportável. Não quero estar cercada por uma multidão de gente aparentemente preocupada. Eu quero ao meu lado pessoas que realmente se importe de verdade comigo, com quem sou. Eu sou a Briana, uma pequena menina, que horas está bem e outras não, horas resolve os problemas de outras pessoas e os seus não. Eu sou a Briana e faço uma pequena diferença no mundo. Eu sei amar e me importar com as pessoas.

Aqueles olhos cor de mel, que quando eu vi pela primeira vez, fez com que eu tivesse uma incrível brilhante ideia e me sentisse protegida, me encaravam mostrando uma certa felicidade.

Quando esses olhos cor de mel se encontraram com os olhos de esmeralda de minha mãe, eu tive a certeza de que eu teria uma missão a ser cumprida. O que? Claro que eu desacreditei ser apenas bobagem de minha cabeça, mas não há nada que eu não resolvesse!? Certo, não foi fácil, mas também nem um tanto difícil.

O Professor [J.B]Onde histórias criam vida. Descubra agora