Uma Visita

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O barulho dos carros na estrada acabaram me acordando. Eu estava em um quarto de hotel na beira da estrada saindo do Iowa. Eu havia lido no jornal local, que três pessoas tinham morrido, mas lhe faltavam o coração. Qualquer um sabe que uma morte na falta do coração, é lobisomem. Quer dizer, "qualquer um" no meu ramo de vida.
Sou uma caçadora. Viajo o país inteiro matando as criaturas mais sombrias que você posivelmente tem pesadelos a noite.
Levantei da cama. Estava muito calor, então fiz um rabo-de-cavalo em meu cabelo (do qual era azul), coloquei uma calça jeans, uma regata e uma bota preta de cano curto. Eis uma lição que todo caçador iniciante aprende: nunca saia de casa desarmado! Então tratei de por meu revólver 38 na parte de trás do jeans.
Fui para a recepção do hotel pagar a estadia para continuar a viagem, ali tinha também alguns lanches e bebidas.

- Você é de viajar muito, não né? - me viro para responder o dono e único funcionário daquele estabelecimento.

- Sim. Como sabe? - rio fraco

- De vez em quando, pessoas do seu tipo se hospedam aqui - ele sorri de canto. Algo naquele senhor não me parecia certo.

Olho discretamente na tela da câmera de segurança que filmava a parte do balcão onde o senhor estava, e reparei que seus olhos brilhavam ao refletir na filmagem. Coloquei minhas mão para trás com cuidado para pegar minha arma, e em movimento rápido aponto a arma para o metamorfo, "eu sabia que ele não era humano".

- Uma simples bala não vai me matar, princesa - ele fala sorrindo levantando as mãos em forma de rendição. 

- Não são simples balas, querido - atiro sem fazer alarde - São balas de prata!

Ele cai no chão e vejo o sangue escorrer ao longo do corredor, idiota. Peguei umas coisas de graça, já que ninguém cuidava mais daquele lugar e fui para o estacionamento. Eu dirigia um Maverick 75 preto, foi meu primeiro e único carro. 
Fiquei pensando o por que teria um metamorfo tão exposto assim, e sozinho no meio do nada. Eu sempre cacei sozinha e imaginei que teriam mais deles até o Iowa. Olhei ao redor para ver se não tinha ninguém por perto e abri o porta malas do carro. Caçador que tem um carro, tem que ter um pequeno arsenal de armas e objetos para caça (água benta, sal, tinta...). Porém, eu estava sem balas de prata e eu precisava recarregar. Abri um mapa nacional que eu guardava no porta-luvas para ver minha localização exata e então percebi que eu não estava tão longe do Dakota do Sul, mais precisadamente de Sioux Falls, "Acho que vou rever um velho amigo", pensei. Liguei o carro e junto com ele, o rádio que tocava Smoke on the Water, do Deep Purple.

* Horas de viagem depois *

A estrada era de terra e eu já conseguia ver a cabana. "Aquilo mais parece um lixão do que um depósito de carros" concordei comigo. 
Bati na porta e uma voz levemente rouca gritou de dentro da casa:

- Quem é?

- Sou eu, Ayel! - escutei o que parecia o ajeitar de uma espingarda. Um homem de boné sujo e rasgado, de uma barba não tão grande abriu a porta. No primeiro momento ele estava sério. Ele me encarou por poucos segundos e logo abriu um sorriso.

- Ayel? A pequena Ayel? Santo Deus! Como você cresceu! - ele encostou a espingarda na parede da porta para me abraçar.

- Oi Bobby! E nem faz tanto tempo, apenas cinco anos...- ele riu.

- A querida, desculpa por essa recepção - ele se refere a espingarda - uma onda de metamorfos está caçando pelo sul do país... Vamos entrar.

A casa estava uma bagunça, como sempre. Livros abertos e fechados espalhados pela sala e sobre a escrivaninha.

- Eu já disse que você precisa de um toque feminino nesse lugar, Bobby. - rio.

- Você sabe que eu não tenho tempo para essas coisas. - ele encosta na pia da cozinha e cruza os braços - Você não veio aqui para deixar minha casa arrumada, né? Teve problemas em uma caçada de novo?

- Talvez... - ando até ele e beijo sua testa - Mas eu não posso vir visitar um amigo? - brinco.

- Bom, visite o quanto quiser. Parece que vamos ter uma festa hoje...

- Mais alguém vai vir aqui hoje? - pergunto.

- Dois amigos meus, eles estão mais para família, pra falar a verdade. Eles precisam de algumas coisa e vão vir aqui buscar - Bobby começa a andar para a sala e grita no final- eles pelo menos são honestos comigo - ele brinca.

Duas horas se passaram. Eu estava tirando um cochilo no sofá quando escuto o som de pneus no cascalho, e... In My Time Of Dying do Led Zeppelin? Levantei e ainda coçando os olhos coloquei minha jaqueta.

- Hey Bobby! Chegamos! - gritou um homem já abrindo a porta. Ele tinha o cabelo curto, olhos verdes e usava uma jaqueta.

- Dean, você tem que ser tão escandaloso? - falou o segundo. Este era bem alto, uma cabelo longo e usava um moletom.

- Sam, Dean... - suspirou Bobby enquanto levantava de sua cadeira - Esta é Ayel Kardec. Ayel, estes são Sam e Dean Winchester.

Dean se aproximou de mim, pegou minha mão e a beijou.

- Encantado - disse ele. Sam revirou os olhos e riu fraco.

- Então, os famosos Winchester - falei.

- Bobby falou de nós? - perguntou Sam.

- Não, alguns caçadores contam histórias sobre vocês. São historias pra dormir- rio.

Dean para o que estava fazendo e faz uma cara de surpreso.

- V-você é uma caçadora? - ele indaga.

Assenti com a cabeça. Os dois irmãos ficam surpresos.

- E que tipo de histórias contam sobre nós? - pergunta Dean em um tom de se gabar.

- Ah, dizem que já enfrentaram o próprio Lúcifer; já morreram várias vezes; tiveram contato com anjos... - falo contando nos dedos - Só histórias mesmo.

Eles se olham entre si. Bobby evita rir.

- Espera, tudo isso é verdade? - eles fazem 'sim' com a cabeça - Meu Deus!

- Já fizemos muita coisa nessa vida, boneca... - brinca Dean.

Depois de algumas cervejas e conversas sobre a vida deles, óbvio que eles iriam me perguntar sobre a minha vida.

- E você, como se tornou caçadora? - Sam começa.

- Bom - falo sem jeito - Eu nunca conheci meus pais, nem sei quem são. Desde que me conheço por gente, eu vivia em um orfanato aqui em Sioux Falls. Até que um dia em 1996, o fantasma de uma das funcionarias que havia morrido, começou a atormentar a gente. Então - continuo a história e abraço Bobby de lado - esse cara foi desvendar o mistério do fantasma...

- Mas a Ayel veio até mim, e disse de quem era o fantasma e onde os ossos estavam. - continuou Bobby - Eu vi que ela era diferente das outras crianças, então "adotei ela" e a treinei.

- Ele é como um pai pra mim - terminei.

- Você é médium então? - Dean pergunta.

- Não, é algo diferente. Nós nunca descobrimos qual habilidade tenho.

- Espero que você consiga descobrir.- estima Sam - Bom, temos que ir. Ei, quer caçar conosco? Não vamos longe, acho que seria legal. Afinal de contas, somos todos praticamente da mesma família - ele diz brincando.

- Tudo bem. Vamos no meu carro - sugiro.

- Nãna nina não! Nunca deixo a Baby fora de uma caçada - interrompe Dean apontando lá para fora, onde estava um lindo  Chevy Impala 1967 preto.

- Não tem problema. Ciumes pelo seu carro, eu entendo. Então vou logo atrás de vocês!

Pegamos algumas coisas com Bobby e peguei minhas balas que precisava e saímos. Conferi meus cartões falsos do FBI e o livro que eu usava para consultar, do qual Bobby me deu de presente de 15 anos (que coisa não), e saímos. Dean e Sam foram na frente e eu os segui. 

Já estava escuro e a estrada não tinha nenhuma iluminação, nossos faróis eram a unica fonte de luz perante as arvores que cercavam a rodovia 25A que nos levava para Nebraska, mas quando fomos atravessar uma encruzilhada, algo acerta em cheio meu carro do lado do passageiro... perco a consciência.

Continua... 






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