• único •

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O nosso mundinho era complicado; enquanto eu queria achocolatado, você queria café; quando eu queria ver desenhos, você imploraria por seus filmes de terror; quando eu bebia todas na festa, você não encostava no álcool; enquanto meu tamanho se igualava ao de um oompa-loompa*, você parecia um poste.

Éramos tão opostos, mas apesar do nível elevado de cliché, eu acreditava ─ e ainda acredito ─ que os opostos se atraem.

Sabe Namjoon, eu amava ir ao parque contigo em todas as manhãs de domingo. Gostava de seus abraços e de como você respeitava o meu espaço pessoal. Gostava de listar todas as suas qualidades, como suas covinhas salientes. Eu gostava tanto de seu perfume forte, que contaminava todas as roupas do ambiente em que localizávamo-nos.

Nós éramos um casal oposto, mas com vários momentos belos. Momentos preciosos, que merecem estar num museu.

Estava tudo tão bem para mim, que eu não percebi sua distância. Eu não percebi o quão incomodado você se sentia com meus carinhos exagerados, ou com a bagunça que se formava em nossa cozinha quando eu fazia achocolatado durante as manhãs. Eu não consegui ver seu descontentamento com minhas ações, nem enxergar o amor abundante entre nós virar algo platônico e unilateral.

Na verdade, eu só percebi tudo isso quando você passou pela porta da sala com uma mala nas mãos e a sombra de todas as palavras cruéis lançadas contra mim.

─ Não me procure mais, Jimin. ─ Foi o que você disse e eu fiquei destruído.

E eu fiz o que pediu. Estava em cacos, com o orgulho e uma fenda no peito. Eu pensei que era o fim de tudo, nunca mais amaria ninguém, nunca mais me entregaria a ninguém.

E mais uma vez eu estava enganado, porque um ano depois de você, eu encontrei Min Yoongi. Aquele garoto de pele pálida e sorriso doce, ele me encantou. Éramos opostos também, pois o Gi-hyung é muito mais reservado e discreto, enquanto eu sou uma comemoração carnavalesca em pessoa, mas mesmo com tudo isso, nosso amor deu certo.

Agora eu gosto de me aconchegar em um homem um pouco ranzinza nas tardes de sábado, para assistir algum filme meloso e rir de todos os protagonistas ─ mesmo sabendo que nós somos tão parecidos com eles ─, gosto de andar de bicicleta nas sextas-feiras e gosto de apreciar a praia de Haeundae* nos feriados.

Eu não guardo rancor de você, Namjoon, porque você me deu oportunidade de me apaixonar verdadeiramente. De amar alguém que fosse retribuir meu sentimento. Você me deu a oportunidade de conhecer o amor e isso é o gesto mais nobre que um ser humano pode fazer.

*Oompa-loompa: os homens pequenos de A Fantástica Fábrica de Chocolates
*Haeundae: praia localizada em Busan

opostos » yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora