"Preguiça é um substantivo feminino com origem no termo em latim pigritia (...) Está também relacionada com negligência, indolência, mandriice, demora ou lentidão em praticar qualquer ação."
Presa em meu mundo de criaturas extraordinárias, de pretextos inexistentes e de sentimentos infantis, vi tudo romper-se diante dos meus olhos. O amor que eu senti por ela foi o golpe da realidade necessário para me fazer abrir os olhos para o mundo. Ela atravessou a minha vida brevemente, o tempo foi curto demais para que eu pudesse amadurecer e aproveitar o que ela estava disposta a me dar.
Mas foi intenso, intenso como tudo era nela. Ela ardeu em minha vida como fogo, aqueceu-me quando foi necessário e também se apagou rapidamente sem que eu pudesse sequer alimentá-la com um pouco de maturidade. Eu era sonhadora, ainda sou, só que naquela época... Eu não conseguia ter plena consciência do que fazia.
No começo eu a observava, nos segundos seguintes eu já estava encantada e no começo da nossa amizade, eu já estava apaixonada. Gina Weasley, dentre muitas pessoas que me julgavam maluca, acabara tornando-se a minha melhor amiga e o meu único amor.
Eu nunca soube ao certo quando o sentimento nascera, quando eu passara a observá-la e a conhecê-la melhor do que ninguém, o amor nasceu e cresceu dentro do meu peito durante sete anos que eu nunca esquecerei. Não era nada possessivo, não era nada ciumento, era... Simples e belo. Como era tudo em Gina.
Eu só a queria feliz, nada mais. Talvez seja por ser inocente que eu cometi o maior erro da minha vida. Eu nunca disse que a amava, sempre deixei de lado, julgando que ela nunca me entenderia e nem meus sentimentos. Pensando que ela me afastaria quando eu proferisse o "Eu Te Amo" mais sincero que poderia sair da boca de uma pessoa.
Sim, eu era tola. Hoje sei que Gina nunca faria isso, seus sentimentos eram tão belos que eu tenho certeza, ela me daria um sorriso em vez de um tapa. Mas eu era jovem, insegura e tinha medo da confusão que minhas palavras e minha declaração pudessem causar nela, eu justifiquei a minha covardia pensando que estava a protegendo de uma dor ainda maior...
Agora só me restavam lembranças e esperanças... Lembranças de uma época em que eu a via todos os dias e esperanças de uma vida que eu jamais terei.
***
Flashback
- Luna, quanto tempo... – Gina disse com aquele sorriso radiante que seria capaz de iluminar a mais sombria das paisagens, eu não conseguia desviar meus olhos dela. Também não conseguia conter um sorriso tomar conta de meu rosto. Gina era contagiante e eu me preenchia cada vez mais de amor por ela.
- Tempo mesmo Gina, faz alguns anos que não nos vemos... – Respondi corando enquanto ela se aproximava de mim e me abraçava ternamente. Aquele abraço demorado me fez perder a noção por alguns momentos, eu a enlacei e sorri ao notar que nossos corpos se encaixavam.
O tempo não fizera o resultado esperado, eu ainda não esquecera o perfume floral que ela emanava, nem mesmo que ela suspirava enquanto apertava meu pescoço num abraço saudoso. O tempo não mudara nada. Nada era capaz de mudar um sentimento tão grande que mal cabia em meu peito.
Senti sua mão afagar meu cabelo gentilmente, depois ela afastou-se, agora com um sorriso triste nos lábios e pela primeira vez, eu notei que a Guerra deixava marcas incuráveis nela. A expressão estava cansada e os olhos haviam perdido o brilho que tinham na época da escola, ela sentou-se na poltrona e suspirou.
Eu permaneci em pé, observando-a e quando nossos olhos se encontraram, ela sorriu e eu retribuí, tentando colocar no meu sorriso toda a força que ela precisava. Ela pigarreou por alguns instantes, enquanto observava os próprios pés, depois disse:
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Preguiça [GINA & LUNA]
FanfictionLuna Lovegood lida com as consequências de sua preguiça emocional. PS: Oneshot escrita para o Projeto Sete Pecados, na plataforma Floreios & Borrões, em 2009.