Capítulo 1

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Meu nome é Julia, eu tenho dezenove anos, e namoro com o Daniel. Nós éramos felizes, muito felizes aliás. Não posso reclamar de nada, estávamos há 2 anos juntos e tudo parecia mais que perfeito. Brigávamos as vezes, como todo casal, mas aproveitávamos ao máximos nossos momentos juntos.

Aliás, o dia em que tudo virou um caos – para mim, e mentalmente, para ser bem sincera, estávamos num piquenique no parque Ibirapuera, ele foi para um canto atender uma ligação enquanto eu olhava para o céu, limpo e com uma leve brisa. Tinha situação melhor para receber uma notícia dessas? Acho que tinha, mas eu não poderia dizer nada.

- Amor, eu acabei de receber uma ligação! Querem que eu vá trabalhar em NOVA IORQUE. NOVA IORQUE, MEU AMOR! – E me abraçou, quase pulando de alegria.

O sonho de Daniel sempre foi trabalhar numa grande empresa. Durante a vida inteira dele, o que houve foram esforços, cursos e mais cursos de idiomas e de administração de empresas. O que eu estava pensando? Que ele ia dizer não?

O abracei de volta, forçando um sorriso e me ouvi dizendo o quanto estava feliz por ele, o quão sortudo ele era e o quanto seus esforços valeram a pena.

- Não posso acreditar que daqui a dois meses eu irei para Nova Iorque! – Ele quase berrava de tanta empolgação.

- Dois meses, Dani? – Falei tentando não parecer desesperada.

- Sim! Precisamos ir logo, vamos terminar de comer, vou te levar para casa e ir contar a novidade para minha família!

E assim fizemos. Comemos e arrumamos nossas coisas. No caminho, Daniel tagarelava sobre a empolgação que estava sentindo e eu simplesmente ouvi. A janela do carro nunca pareceu tanto com um clipe triste como pareceu aquele dia. Eu não podia chorar, não ainda.

Descemos do carro e ele me deu um beijo nos lábios de despedida e deu partida no carro.

Entrei em minha casa com uma sensação horrível.

"E nós dois? " – Pensei me dando conta que nem conversamos sobre isso. Eu não posso abandonar tudo e ir com ele, e nem quero isso. Tenho uma vida aqui. Em Nova Iorque, hoje, eu seria somente a namorada de um cara trabalhando numa empresa enorme, sem emprego, sem lugar para estudar...

E agora? Desabei tremula no sofá, me dando conta do quanto estava sozinha em São Paulo. O quão grande minha casa era, o quão vazio meu coração ia ficar.

Acordei duas horas depois, com meu celular tocando. O nome Dani piscava na tela me deixando com uma vontade enorme de chorar, mas me segurei, sei bem o quanto isso é importante para ele. Sei que não posso pedir o que meu coração quer, sei que também não posso sair da minha faculdade, não posso fazer nada disso.

Que droga, peguei o celular e atendi, sonolenta:

- Oi amor.

- Oi linda, minha mãe quer dar um jantar especial aqui em casa, chamei nossos amigos também, vai ser legal, do lado de fora de casa e com aquela mesa que você diz que parece de filme. – E deu risada.

- Que bom meu amor, vou me arrumar, chego aí por volta das 8 horas.

Conversamos mais um pouco e eu desliguei, com a pior sensação do mundo, querendo me enfiar no chão. Não quero passar por isso. Eram 18 horas.

Levantei do sofá e fui até o quarto. Olhei para minha cama, com uma imensa vontade de deitar e dormir até amanhã. Abandonei a ideia, pensando na comida de Ana, minha sogra, meu estomago roncou e lembrei que quase não comi depois da notícia de Daniel. Resolvi tomar um banho e lavar meus cabelos ao som de uma música qualquer e me dei conta do quão eu parecia triste, mas não devia estar. Era o dia dele, poxa!

Eu fiqueiOnde histórias criam vida. Descubra agora