Bravery

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Quando tinha 5 anos, Harry acreditava em almas gémeas.

            Todos os dias, à hora de deitar, a mãe contava-lhe a mesma história. A mesma história que não era uma história. E ele ouvia, e quando fechava os olhos ouvia e imaginava, e quando adormecia sonhava.

            “Uma alma gémea é como um melhor amigo, mas mais. É aquela pessoa que te conhece melhor que ninguém no mundo, alguém que faz de ti uma pessoa melhor… aliás, ela não faz de ti uma pessoa melhor, tu fazes isso sozinho porque ela te inspira. Uma alma gémea é alguém que levas contigo para sempre, é aquela pessoa que te conhecia, que te aceitou e acreditou em ti quando mais ninguém o fez ou quando mais ninguém quis saber. E aconteça o que acontecer, vais sempre ama-la e nada pode mudar isso.”

            Das poucas vezes que resistia ao sono e ouvia a história da mãe de olhos bem abertos e atentos, Harry aproveitava sempre para fazer as suas perguntas. Não as queria fazer durante o dia, a magia parecia-lhe funcionar melhor durante a noite por isso a resposta deveria ser melhor nesse período.

            “Toda a gente encontra a sua alma gémea mamã?” perguntou Harry numa noite.

             “Não amor, infelizmente não. No entanto as almas gémeas mantêm uma ligação muito forte durante toda a vida mesmo quando não se chegam a conhecer. A maioria das pessoas nunca conhece a sua. Mas quando estamos prestes a encontrar a nossa somos capazes de o sentir e assim que a vimos sabemos que é ela. Quando lhes acontece algo de mal também sabemos e é como se nos magoassem a nós” respondeu-lhe Anne o melhor que pôde.

            “Achas que vou encontrar a minha? E que vamos ser felizes para sempre como nas histórias que a Gemma tem no quarto dela?” perguntou com os seus inocentes olhos verdes a brilhar com expectativa e os lábios pequeninos curvados num sorriso.

            “Espero que sim meu bebé. E espero bem que trates essa pessoa melhor que ninguém quando a encontrares” respondeu-lhe a mãe antes de lhe dar um beijo na testa e sair.

            Nessa noite, Harry sonhou com um rapaz sorridente de olhos azuis e cabelo castanho e suave que nunca vira. Quando acordou sentiu que se pudesse conhecer aquele rapaz seria capaz de partilhar com ele todos os seus brinquedos se isso o fizesse sorrir como no sonho e perguntou-se se seria isso o que se sente pelas almas gémeas.

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Quando tinha 8 anos, Harry ainda acreditava em almas gémeas.

Há uns anos, depois de sonhar tantas vezes com o “menino dos olhos azuis”, como ele lhe chamava, e de ter ouvido os amigos falar sobre os sonhos diferentes que tinham todas as noites, resolveu falar à mãe dos sonhos e perguntar-lhe porque é que os amigos tinham sonhos sempre diferentes e ele não. A mãe sorriu e abraçou-o explicando-lhe que aquele rapaz que ele via era a sua alma gémea e que, nalguns casos, as almas gémeas eram capazes de partilhar sonhos.

“Isso quer dizer que ele também sonha comigo?” perguntou ele entusiasmado.

“Exacto. Quando tu sonhas com ele, ele também sonha contigo” respondeu Anne ainda com um grande sorriso a cobrir-lhe o rosto.

“Então e se ele não gostar de mim e não quiser brincar comigo? Eu gostava de brincar com ele. E se ele não me achar engraçado? Se eu não for engraçado ele não vai gostar de mim mamã porque ele é engraçado e está sempre a rir. Eu quero fazê-lo rir. E se ele não gostar dos meus olhos? Eu gosto tanto dos dele. Achas que se mudar a cor dos meus, ele vai gostar mais?” perguntou assustado com a possibilidade de não agradar aquele rapaz de quem ele já gostava tanto.

Bravery (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora