Capítulo 1 - O Início

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Era uma tarde fria de outono, as folhas caíam das copas das árvores em uma dança quase que sensual. Estranhamente, tudo estava mais belo e rico de beleza e detalhes. Pássaros migravam em bando no céu limpo.
Senhoras alimentavam os peixes na lagoa e crianças brincavam em uma área livre do parque.

De repente as coisas perderam o brilho. Nesse momento Adam, que antes observava tudo começou a se sentir mal.  Sentiu sua cabeça latejar e perdeu as forças do corpo indo ao chão. 

Olhou para a sua mão e não a viu como parte de seu corpo. Sentia o corpo como seu mas não o reconhecia. Parecia estar preso a uma carne que não lhe pertencia. Ouve uma voz  sussurrante e cansada na sua cabeça:

- Você não é o único, tudo que conhece e todos que conhecem não fazem parte do que você é. LIBERTE-SE!!

O despertador toca:

- Adam, querido o café vai esfriar! Acelere, senão vai se atrasar!- Diz Eva, uma senhora simpática e gentil que cuida de Adam desde que ele apareceu na porta de sua casa.

- Já vou Eva! Já vou!- responde ele levantando lentamente da cama, com um semblante típico de um jovem de 17 anos ao acordar.

Adam troca de roupa lembrando do sonho que teve e imaginou "Devo estar vendo filmes de terror demais". Termina de se trocar e desce as escadas com a maior animação possível.

- O que temos pra hoje Eva?- mesmo sendo adotado por ela e possuir grande atenção e apoio, Adam se recusava a chamá-la de mãe. Eva já tinha se acostumado a isso e já não se importava mais.

- Não preciso apresentar o que eu fiz, já está na mesa!

Adam estava sem fome alguma, mas ao olhar aquela mesa simples e bem posta, não pensou duas vezes e atacou o café.

No caminho para a estação de metrô ele começou a observar as folhas secas caindo das árvores e lembrou-se novamente do sonho. Parecia um pesadelo comum, mas por algum motivo aquilo não saía de sua cabeça. Só parou de pensar quando chegou na entrada da escadaria.

Ao descer as escadas só viu um senhor sentado em um banco na plataforma do outro lado do trilho. Sentou-se também para esperar o trem que o levaria até a estação mais próxima a escola.

Sentiu um vento seco e gelado bater em seu rosto, causando um desconforto. Olhou para a plataforma oposta e o senhor já nao estava mais lá.

Procurou alguma forma dele ter sumido de vista, mas não havia outra saída a não ser a para a rua. E um senhor da idade que aparentava não subiria as escadas tão rápido. Se levanta para ver melhor, mas não o acha de forma alguma.

Novamente ouviu a mesma voz sussurrante:

- LIBERTE-SE!!

Sabia que não estava ficando louco, ele realmente tinha ouvido aquilo.  Ele de alguma forma conhecia aquela voz. Só não sabia de onde. Adam sente uma dor insuportável em sua cabeça como se um milhão de agulhas fossem enfiadas no seu cérebro de uma só vez. Sente o corpo amolecendo e tenta se sentar mas cai todo desajeitado no banco. 

Desmaia.

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