"Meu nome é J. e estou sendo agredida pelo tempo."
Jéssica é uma jovem de cabelos tingidos de vermelho, não é alta e nem baixa. Esperta e curiosa, sempre se vê na posição de comentarista e observadora sem igual. Ontem poderia ter sido um dia normal para ela, mas nada aconteceu como deveria, não da primeira vez.
— Jéssica, você vai querer sair pra comer ou não? — Mostrava a mensagem na tela do celular de Jéssica.
— Ai meu filho, olha a minha cara... Eu queria mas eu tô muito cansada! — Responde Jéssica para seu namorado enquanto vira-se para trás buscando fita-lo.
Em uma sala de aula agitada, com o retroprojetor ligado em uma tela vazia e azul, o professor se senta em sua mesa e finaliza suas anotações sobre a aula. Jéssica se levanta, fecha os bolsos de sua mochila que estavam abertos, cumprimenta seus amigos e se prepara para sair da sala de aula. — Tchau pipoca, tchau Clauds! Vou pra casa por que amanhã tem prova! — Seus amigos, que estavam sentados próximos a ela também se preparam para sair, todos vão juntos para a porta da sala de aula, se despedem oficialmente e Jéssica caminha em direção aos portões da universidade.
— Ei, ei! Jéssica, peraê! — Seu amigo, antes chamado de Pipoca, em passos rápidos alcança Jéssica.
— Ai menino, eu preciso te contar uma coisa! — Disse nossa protagonista enquanto verifica as horas pelo celular.
— Fofoca? Conte-me.
— Eu não sou de sentir essas coisas mas eu estou com um mal pressentimento hoje, credo...
— Ai meu Deus, você não me venha com mais uma das suas previsões 'teletransmopáticas' hoje. Amanhã tem prova! — Responde seu amigo com um tom de voz humorado.
— Não Daniel, sério. É tipo uma dor de cabeça, mas que não está em mim de verdade, entende? — Ela olha nos olhos do amigo e percebe que ele não entenderia, o que na verdade nem ela entendeu. — Ah, deixa pra lá, meu filho!
— Não esquece de trazer meu livro amanhã! — Diz o amigo.
— Bem lembrado! Vou colocar o celular pra despertar as 23:00, já estarei em casa. Aí só vou precisar coloca-lo na mochila! — Responde enquanto ajusta o despertador do celular.
Caminharam até o portão e lá se despediram, Jéssica tinha de chegar em sua Van e seu amigo também parecia com pressa, situação que a levou a verificar as horas em seu relógio de pulso. O caminho da sala de aula até a portaria era repleto de árvores e uma estrada que guiava os carros dos universitários do prédio de tecnologia até a saída. Por ser uma localidade de grande altitude, a brisa era fria, fria o suficiente para atravessar o corpo e atingir os pensamentos de Jéssica. A mesma cruza os braços, atravessa a viela e se aproxima da entrada da universidade.
Aos arredores da entrada existem vários bares e lanchonetes, é um ambiente agitado enquanto a universidade ainda está em atividade. Apesar de todo aquele tumulto, Jéssica permanecia caminhando e se concentrando na dor que pressionava seu crânio de forma sutil porém significativa, era como se não existisse ninguém a seu redor.
Chegando até a Van, Jéssica se sentou e sentiu uma tonteira muito forte, levando sua mão esquerda até a cabeça e em seguida verificou novamente as horas em seu relógio de pulso. Notou que tinha sido a primeira a chegar e, em um movimento instintivo, certificou-se das horas em seu relógio... Sim, o de pulso.
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Portas de Casa
Short StoryO que faria se pudesse viajar para o passado? O que mudaria? Será que o 'agora' seria melhor se o 'ontem' fosse moldado ao seu bel prazer? Mas, me diga... Será tão fácil ir quanto voltar? Conheça relatos da vida destes felizardos (ou não) que se dei...