1° Carta

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França, 17 de Abril de 1996

Caro Bradruk,

Passei 2 horas olhando para o papel e tamborilando a mesa com a caneta, eu não fazia ideia do que escreveria para você. São tantos assuntos, tantas saudades que preciso pegar mais umas 30 folhas para dizer tudo que desejo lhe contar.

Fazem três dias que eu não ouço sua voz, desde a nossa conversa, aquela que eu não sabia que seria a última, fazem duas noites que não como por saudades, acho que você vai brigar comigo por saber que não está comendo, mas eu precisava dizer.

Até hoje me pergunto o que fez você falar comigo, um olhar? não podia ser, sempre ando de cabeça baixa, uma foto que alguém lhe mostrou, e você teve curiosidade em conhecer ? provavelmente. Poderia escrever uma folha toda, somente de alternativas do que poderia ter acontecido para você falar comigo. Você me ensinou a escrever, me ensinou a colocar sentimento nas palavras que escrevo, me ajudou, mas por quê? Você depositou tanta esperança em mim, sem ao menos pensar duas vezes, foi como se jogar de um penhasco de cabeça sem saber o que tem no fundo da água. Você se comprometeu comigo sem saber nada de mim. Você não lembrou que podia sair lesionado dessa amizade. Você não imaginou que eu causaria tanto impacto na sua vida, mas será que eu causei? Mas uma força maior traçou nosso destino, você foi estudar longe e eu fiquei aqui, se pudesse, eu laçava nossos caminhos um no outro para que nunca perdêssemos o contato, mas não é assim que as coisas funcionam.

Essa é a primeira vez que escrevo depois que perdi contato contigo, não sei se ficará feliz ou triste por saber que te escrevi, se eu escrevi tarde demais ou se escrevi no momento certo.

Você deve está sentado com seu violão, tocando músicas lindas como você fazia, você tocava com o coração, passava o dedo nas cordas do violão e saía o tom que você queria, sempre soube o que quis e o que você quer daqui para frente, nem sempre sorridente, afinal de contas ninguém é perfeito, sempre cochichando alguma música para melhorar o dia. Quando escrevia, sempre mantinha sua personalidade no que colocava no pedaço de papel. Foi assim que encontrei um amigo, aquele que me fazia ficar irritada e no mesmo momento feliz. Esse é você Bradruk, foi esse que me cativou e que pintou o meu céu de roxo, em pouco espaço de tempo você fez isso, nossa amizade sempre irá ficar na minha memória e nessa carta que te escrevo. Espero ter pintado o seu céu de azul e preto, já que são as cores que você deve gostar.

Não escreverei muito, quero dar continuidade nas cartas, só pararei de enviar quando você me responder e disser que não quer mais saber de mim, nem da minha amizade, com carinho eterno de sua amiga que lhe atrapalha nos momentos inoportunos.

Lara




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