França, 21 de Abril de 1996
Caro Bradruk,
Poderia começar uma carta, utilizando palavras como: amigo, querido, . . . mas minha formalidade não permite tal intimidade, espero que você tenha recebido a primeira carta. Será que você leu? você realmente leu, não o que estava escrito, mas nas entrelinhas?
Hoje estava me lembrando de como te avistei pela primeira vez. Numa noite de lua cheia na nossa amada França, minha adorável cidade da luz, onde foi organizado uma festa para jovens se divertirem, todos foram com roupas elegantes. A decoração do salão de festa foi bem trabalhada nas cores vermelho e branco, as luzes posicionadas nas laterais da pista de dança e as mesas ao redor dela. E lá estava eu e mais 286 meninas, fora os homens e visto que houve penetras, deva ter sido um número maior de pessoas naquele mesmo ambiente. Numa mesa mais no fundo estavam sentadas minhas 8 amigas incluindo a mim, rindo e conversando assuntos aleatórios, ora dançavam, ora descansavam os pés e esperavam que algum rapaz as cortejassem.
Nunca gostei de dançar, nunca foi o meu forte, eu somente observava os casais dançando e minhas amigas conversando e quando dei por mim,. . . lá estava você sentado no meio delas, com um belo sorriso, um terno alinhado e muito a vontade, me permiti observá-lo, pareceu confiante nas palavras que saíam da sua boca, sua expressão corporal dizia que não estava sentado lá por acaso. Você não me percebeu ali, sempre fiz e faço o possível para passar despercebida. E me pergunto, será que eu consegui? Parece que na minha ótica, todos os meus movimentos, cada passo, cada olhar, cada comentário preciso, sem nenhum deslise, passou despercebido. Será?
Aqui sentada, meu sorriso se contagia ao lembrar daquela noite, eu pensei que seria uma noite normal como qualquer outra. No outro dia de onze e meia da manhã estava você na minha porta perguntando quem eu era, minha curiosidade se alastra ao saber qual seria a sua ótica sobre aquela noite, será que você me viu sentada bem no canto? você lembra da cor do meu vestido? a cor do meu batom? se eu estava usando ruge ou não? ou será que você esqueceu?
Minha segunda carta é apenas de lembranças da primeira vez que você falou comigo e a noite anterior, espero que abra, passe as mãos sobre a tinta preta que usei com tanto cuidado, e leia todas as palavras.
Saiba que nunca vou esquecer de você, sempre estará comigo, essa é a segunda carta e fazem 3 dias, você não me fez uma carta, está ocupado? esqueceu de mim? me faça uma carta, quero colocar dentro do meu diário, me permite? ficarei feliz se eu abrir a caixinha dos correios e ver um pedaço de papel dedicada a mim, só a espera da minha leitura.
Com carinho e respeito,
Lara
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Cartas para ele
Short StorySão cartas escritas para um jovem que se fez presente na vida de uma garota, onde não puderam se despedir. Ela quer expressar toda a sua perda nessas cartas, mostrar o quanto a sua partida lhe machucou. São cartas escritas no ano de 1996 onde não e...