lua envenenada

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Em uma noite fria de inverno
Ele levantou e olhou pela janela
Por mais que as folhas caídas no jardim fossem novas
Toda aquela solidão já era velha
- que farei eu agora ? Como posso continuar sem ela ?

No céu, a face da lua lhe parecia envenenada por uma tristeza sem fim
No papel, pedaços de poemas que ele escreveu pra poder resistir
Pra poder existir
- por que me deixou ? Não dei-te todo o meu amor ? Eu fui o melhor que podia ser, mas você só me deixou a dor e a indesejável voltade de morrer

No chão uma garrafa vazia e um copo rachado
Em pé, um anjo caído ou um homem quebrado ?
- tenho que te ver de novo! Não posso ficar em qualquer lugar do mundo em que você não está, não quero mais nada mas acima de tudo, quero poder outra vez seus lábios beijar

pega um lençol e sobe na cadeira enquanto apóia o corpo na cabeceira
Dois nós ao redor de uma das madeiras são o suficiente
- não tenho mais alegria, nunca mais serei contente
Ao redor do pescoço o lençol ainda não o machuca, não menos do que a depressão e não mais que a culpa

Uma última gota cai de seus olhos, ele empurra a cadeira com os pés enquanto sente o gosto de uma última lágrima que tem o mesmo sabor da vida, amarga
A morte se aproxima enquanto ele pensa consigo mesmo em seu último segundo
- se você não está aqui, também não tenho nada pra fazer nesse mundo

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⏰ Última atualização: Oct 29, 2016 ⏰

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