Eu sou louco. Definitivamente louco. Tenho pensamentos estranhos, gostos estranhos, principalmente ações estranhas. Gosto de observar as coisas, prefiro olhar do que falar. Mas tem uma coisa mais louca ainda que eu faço; eu amo. Um dia desses, caminhando por essas calçadas, pulando cada falha que ela possuía, pulando cada sombra de poste, afinal, se não pular eu morro; eu vi uma pessoa, ela brilhava, tinha uma forma diferente, parecia um raio de sol. O nome dela é Bruna, não sei disso por uma conversa normal, sei porquê sigo ela a 3 semanas. Não durmo. Não como. Não vejo tevê. Só penso nela.A chamei pra sair. Ela disse sim, perguntei de novo, não acreditava na resposta. Ela disse, é claro, porque não? Fiquei uns 10 minutos dizendo por que não, mas enfim. Chegou o grande dia. Que roupa usar? Saio pra comprar. São 16h16, tenho q esperar até 16h20, não saio de casa em horários quebrados, posso ser atingido por um tiro ou o mundo pode acabar. Chegando na loja (pulando as rachaduras da calçada) não sei escolher uma roupa, escolho qualquer uma. Custava 27 reais. Escolho outra pois o número era ímpar. Escolho uma de 20, não tão bonita quanto a outra, mas não queremos que a minha casa exploda. Chegando a hora do jantar (que marquei as 20h) ela chega às 20h14, fico com uma sensação desconfortável horrível, mas prossigo. Peço o número 10 do cardápio, ela o número 5, sensação estranha novamente. Eu separei grão por grão, comida por comida, ela mistura a sua e come tudo junto. Penso, "AI MEU DEUS O QUE ELA ESTA FAZENDO, SORTE DELA QUE A PENA DE MORTE SÓ VALE PRA MIM". Ela diz, o que fazes no seu tempo livre? Penso em:Conto quantos móveis tenho
Conto quantas vezes o apresentador diz tal palavra
Conto quantas nuvens tem no céu
Arrumo minha cama por vinte vezes.
Porém digo :Pratico uns esportes, tiro fotos. E você?
Logo diz, "Amo caminhadas. Andar de bicicleta então!"
Penso: "Como andaria de bicicleta se não tem como desviar das rachaduras? Meu deus, essa menina é louca".
Acaba-se o jantar. Levo ela em casa. Demoramos muito batendo papo. Pulo as rachaduras sem ela ver. "Boa noite." Dou dois beijos (dois é par).
Chegando em casa. Começo a pensar. Falo com um único amigo sobre ela.Ele diz que devo dizer a ela como sou problemático.Eu concordo.Mas digo que não.E se ela se for? Ele diz q se ela realmente gostar de você, vai permanecer mesmo tendo probleminhas. Ou problemões.
Eu concordo. Esse amigo sou eu mesmo, nada melhor que conversar comigo. Eu e ela saímos de novo.
Dessa vez damos uma volta de bicicleta. Outro dia, nossa conversa foi tão boa, que nem liguei pras rachaduras. Fumei meu cigarro sem ligar se ele queimou até a linha ou não. Comprei uma blusa de R$17. Nos encontramos pra um filme as 15h37. Dei um único beijo em sua boca.
Ela morando comigo, nem conto mais os móveis da casa. As sombras de carros ou postes não me assustam mais. Finalmente, sou uma pessoa normal, meu amor me curou.
Certo dia, as 20h, ela me chama pra conversar no quarto. Tem uma mala na cama. Eu começo a me coçar. Parece que sei o que vem pela frente. Ela quer me contar uma coisa. Olho no relógio, 19h05, mando ela esperar 5 minutos. Ela já não tem paciência pra minhas manias, começa a falar. No "conheci alguém" eu já penso que vou morrer se não jogar pela janela a camisa de basquete que diz 38. Esses números quebrados me irritam. De repente. Ela sai pela porta. Na minha cabeça se repete tudo que me contara. Eu cronometrei. Nossa conversa acabou as 20h05. Ufa, uma hora de conversa não vou sofrer um infarto. Fui fumar um cigarro. Me certificando de apaga-lo na linha perto do filtro, mas eu ainda lembro dela.
1, 2, 3... 33 móveis. Terei de jogar 3 móveis fora, mas ainda assim lembro dela.
Será que arrumei a cama? Eu sou louco. Mesmo fazendo isso tudo, ainda a amo.
Datena disse "imagens" oito vezes, mas eu a amo.
Pulei as rachaduras da calçada, com vergonha, mas tive q pular, eu ainda a quero.
Comprei o jornal que era R$1,50. Dei dois reais, odeio números quebrados, e odeio lembrar dela.
Dias passaram. Anos. Até que certo dia, não conto mais as palavras do apresentador. Não arrumo mais minha cama. Não fumo meu cigarro até a linha. Não odeio números quebrados, não faço mais nada. Só descanso. Descanso pendurado, num banheiro. Por não aguentar mais essa loucura, descanso em um nó enrolado 4 vezes.
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Transtornos ou Virtudes?
RandomQuando crescemos, perdemos grande parte da essência do que éramos quando crianças. Perdemos o amor ganhamos incertezas, perdemos amizade ganhamos dúvidas, perdemos confiança ganhamos medo. Este livro ilustra certo tipos de medo que podemos ter ao d...