Dope

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A noite estava fria e nebulosa, os pequenos e únicos pontos coloridos e brilhantes que pairavam no céu era devido aos aviões que passavam por ali direto para o aeroporto mais próximo. John sentia-se solitário enquanto observava o pouco movimento de pessoas por sua janela cinzenta, o fato era que depois da volta no mínimo "repentina" de Sherlock, e depois dos belos golpes que o loiro desferiu sobre a pele pálida e delicada do moreno, ambos não se falaram, aliás. John não tinha coragem de voltar a falar com o moreno, passou dois malditos anos lamentando a morte do amigo -amigo?- a relação dos dois era uma incógnita na cabeça do ex militar. Enquanto tomava mais um gole do chá morno e adocicado ele passou a mão direita pelos fios loiros recém cortados em sua cabeça e respirou profunda e longamente.

Sherlock Holmes, duas palavras, 14 letras que faziam o peito do médico arder como se estivesse dentro de um vulcão em chamas, o moreno era intenso demais, não tinha meio termo com o detetive. Sempre era demais, sempre era muito, era dor demais sobre a perda do cacheado, horas e horas chorando sobre uma lápide vazia, lamentando todas as vezes que teve a maldita oportunidade de verbalizar mais sobre seus sentimentos em relação ao mesmo. Era solidão demais quando percebeu que o suposto "morto" estava morto mesmo, o vazio na sua caixa torácica, o vazio em sua mente quando não tinha Holmes para ocupa-la por inteiro. Era raiva demais, quando ele observou pela primeira vez em dois malditos e horríveis anos o rosto celestial quase que esculpidos por anjos do detetive, e percebeu que fora apenas mais uma soluções mirabolantes de Sherlock Holmes para resolver um caso. Nunca era mais ou menos, o mais alto nunca deixava John sentir algo agridoce, sentir algo bom e ruim ao mesmo tempo, ou era incrivelmente bom como suas conversas e risadas perdidas em um dia qualquer no apartamento em Baker Street, ou era desolação total como no dia que viu o corpo sem vida do homem estirado no asfalto.

Watson foi tirado completamente de seus pensamentos por um som baixo e irritante de seu telefone movendo-se e vibrando na mesa de madeira, pegando o mesmo e o levando para perto para conseguir ler o nome que brilhava.

"Molly"

-Sim? Molly, aconteceu alguma coisa? Você nunca me liga-

-John, é o Sherlock-

Uma palavra era necessária para religar todos os comandos militares que haviam espalhados pelo corpo esguio do loiro, e era um nome, um único nome que deixava-o pronto para levar um tiro por ele se fosse necessário. Sherlock.

Watson já estava dentro de um táxi com seu casaco grosso e seu cabelos agora bagunçado graças a chuva impertinente e fora de hora que castigava a pobre Londres, o mesmo olhava atentamente pela janela molhada a pequena corrida de gotas de chuva que elas travavam. Enquanto em sua cabeça que ficou "vazia" por dois longos e malditos anos, agora era cheia de suposições do que podia ter acontecido com seu "amigo".

Ao chegar em frente ao tão conhecido prédio que lhe trazia tão boas e más lembranças, ele saltou do carro pagando o taxista e sem ao menos bater na porta foi entrando, tentando ao máximo não se molhar na chuva fria.

-John, querido, que bom que você veio! Ele está lá em cima, estado deplorável...- falou a senhora Houdson, com um sorriso triste colado nós lábios

"O que você fez Sherlock" Sussurrou o loiro, subindo as escadas.

Ao entrar na sala já conhecida e devidamente memorizada, os olhos rápidos do ex militar esquadrinhou o local em busca do moreno, porém seus lábios se entre abriram quando seus olhos pararam de junto com a figura completamente molhada e como já tinha lhe adiantado a senhora Houdson, em um estado deplorável.

-John, finalmente, eu não sabia o que fazer. Encontrei ele vagando aqui perto e o trouxe pra casa, ele tem duas vezes o meu tamanho e não fala nada a uma hora, ele deve ter fumado alguma droga e esta fedendo a bebida... pobre Sherlock- falou Molly, com os braços cruzados e olhos marejados

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⏰ Last updated: Oct 31, 2016 ⏰

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