O menino gostava da luz acesa. Nos últimos tempos tinha problemas para dormir. Ficava com os olhos fechados e sentia o beijo da avó em sua testa.
A mãe, toda a noite, entrava no quarto logo depois e deixava o quarto na escuridão.
- Mãe, - o menino disse – ela veio aqui de novo.
- Chega, Caio. – A mãe acendeu a luz do abajur e pegou o portarretrato com a foto do menino com a avó. – A sua avó não veio para te dar o beijo de boa-noite. Quantas vezes terei que repetir?
Após uma pausa para respirar e se acalmar, a mulher concluiu:
- Ela não mora mais com a gente, filho. Tente entender, por favor.
- Mãe, eu posso dormir com você e o papai?
- Não.
- Mas, mãe...
- Apagarei a luz e também deixar a porta aberta, tudo bem?
A mãe saiu do quarto. Caio olhava para a porta entreaberta e a luz acesa que vinha do corredor. Ele esperava o vulto aparecer novamente a qualquer momento.
FIM