Dead Bite

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A capa arrastando no chão, e esse era o único ruído que me prendia a atenção, até que ao longe escuto passos, apressados. E eles se aproximavam cadê vez mais. Fixei minha audição a isso e pude ouvir a respiração descompassada, e pude sentir algo que a faria minha vítima: o Medo.

Desci a escada calmamente, agora prestando atenção no barulho que meu salto fazia ao se chocar com o assoalho. Mais alguns degraus e eu apoiei minha mão no corrimão e joguei meu corpo para fora, cheguei ao chão flexionando os joelhos, olhei em volta e ninguém estava na sala.

As batidas descompassadas só aumentavam, e se aproximava. Um leve sorriso ameaçou sair de meus lábios, caminhei lentamente até a poltrona central e ali fiquei admirando a lareira, no momento, apagada. Um barulho forte se formou e a porta foi aberta. Virei-me a minha vitima, era uma garota, o que foi quase decepcionante para mim. Incomodava-me o fato de ter invadido minha casa, apesar de eu já ter pressentido sua presença se aproximando.

Ela me olhou assustada, afinal alguém pálida, inteiramente de preto e olhos vermelhos não seria a melhor escolha para se encontrar quando se está afundada em medo. Eu me levantei e ela ameaçou virar-se para sair de dentro da minha casa. Em frações de segundos estava eu a frente da porta a impedindo que saísse. Ela estava mais pálida que antes, seus cabelos negros estavam bagunçados, seu vestido rasgado – provavelmente teria corrido por horas. Ela virou-se para a sala e correu em direção da escada. Com menos de dois passos longos e um pulo, estava eu a aguardando no fim da escada a impedindo que fosse para o segundo andar. Ela pensou em voltar a descer a escada, mas a segurei pelo pescoço e a coloquei contra a parede. No mesmo instante ela me encarou e pude ver seus olhos tomarem um tom amarelado. Ela era como eu. Um ser frio, em busca de... sangue.

Mas ela aparentava confusa, não sabia o que fazer e muito menos pensar. Seus pensamentos estavam confusos, o que me dificultava entender.

-Quem é você? – Perguntei ríspida ainda a encarando nos olhos.

-Q -quem é v -você? – Ele repetiu minha pergunta, em meio de gaguejos, por medo e asfixia, pois ainda apertava seu pescoço.

Verdadeiramente, não tinha a necessidade de minha pergunta. A olhei nos olhos, e vasculhei sua mente achando memórias que respondesse minha pergunta. Seu olhar mudou, provavelmente ao ver a cor dos meus olhos mudando de vermelho – o que já podemos considerar não comum – para um tom claro de cinza. Sua mente estava conturbada, memórias passageiras. Nada concreto. Apenas algo, algo que me chamou atenção. A fome.

Fechei meus olhos para sair de sua mente, e a encarei. Em segundos ela esfregava a barriga com as mãos.

Virei-me e comecei a descer os degraus. Ela, sem entender, me seguiu.

-Espera – disse – Me explica o que está acontecendo! Pode me explicar?

Não respondi, continuei caminhando lentamente até o final da escada.

-Minha cabeça está rodando, meu maxilar dói! –Ela disse aumentando a velocidade de seus passos buscando me alcançar – Estou doente?

Continuei em silêncio e já consegui ver as perguntas que ela estava prestes a me fazer. Ela estava desesperada, já se facilitava perceber isso, apesar de tudo que havia acabo de presenciar, ainda perguntava sobre si. Ela, no fundo, sabia que deveria temer a si mesma.

-Por favor! – Pediu e encostou em meu ombro descoberto – Você é fria – Seu coração acelerou, juntou os braços a seus corpo como se minha temperatura a tivesse dominado –Porque ia me matar? E porque não o fez? – Ela forçou os passos e terminou os degraus primeiro e se posicionou à minha frente assim que eu terminei de descer – Quem é você?

-O que sou eu?

Direcionei-me até a porta e peguei a capa que estava pendurada no cabideiro, joguei a capa a ela e a garota pegou a em mãos.

-Vista – Ordenei a encarando.

-Para que? – Ela perguntou sem entender olhando para o que tinha em mãos

-Está frio lá fora – Eu disse – Não que isso vá te incomodar mais – Falei e sorri levemente transparecendo uma certa ironia e me virei para a porta.

-Aonde vamos? – Ela perguntou e eu voltei a encara-la, em seus olhos transbordava curiosidade.

-Caçar – Disse e deixei se formar um sorriso maldoso em meus lábios.


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⏰ Última atualização: Nov 05, 2016 ⏰

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I'll Taste Your Blood TonightOnde histórias criam vida. Descubra agora