Capítulo 1

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Estava a chover, o céu estava cinzento e soprava um ligeiro vento lá fora, o que fazia com que as folhas das árvores abanassem, era como se estas estivessem a dançar ao sabor do vento.

Eu olhava encantada pela janela do meu quarto, observando o movimento para lá da janela.

Chamo-me Maryana, tenho 17 anos e estou no décimo primeiro ano. Não posso dizer que tenha uma vida como a da maior parte dos adolescentes, porque eu não sou uma adolescente normal, embora muitas vezes o desejasse ser. Gostava de poder ter uma vida como a das princesas que vivem nas com histórias de encantar que a minha mãe me contava quando era pequena, mas a vida não é como nos livros, pode parecer um mar de rosas ao principio, mas acabamos por picar-nos, e só aí é que percebemos que até essas mesmas rosas têm espinhos, espinhos que se enterram na nossa pele, criando feridas que vamos carregando connosco como correntes, correntes essas que por vezes nos apertam com uma força brutal.

Lembro-me de esfolar os joelhos depois de cair, e de ela desinfetar e dizer "Maryana, todas as feridas acabam por cicatrizar, um dia a dor passa".

Ela disse isso, mas a vida acabou por tira-la de mim mais cedo do que alguma vez pensei, a ela e ao meu pai também.

Foi um estúpido acidente de avião que tirou a vida aos meus pais, aos meus pais e a todos os restantes passageiros do avião. O avião caiu no mar, e desse acidente, eu fui a única sobrevivente.

Ainda ninguém sabe como é que uma menina de 6 anos que nem sequer sabia nadar conseguiu sobreviver a um acidente como aquele, um acidente ao qual mais ninguém sobreviveu.

Toda a gente disse que só podia ter acontecido um milagre, e eu sinceramente não encontro outra explicação para o sucedido.

Depois disto, como não tinha ninguém que ficasse comigo, fui encaminhada para um orfanato onde passei quatro anos da minha vida. No orfanato diziam-me sempre que aquela era a minha casa, mas eu nunca me senti em casa enquanto lá estive, eu sentia sempre que não encaixava ali. Quando tinha 10 anos, fui adotada por um casal que tinha uma filha da minha idade . Lembro-me de me ter sentido feliz por sair do orfanato, afinal nem todas as crianças têm a sorte de ser adotadas, muitas delas só saem do orfanato depois de atingirem a idade adulta, mas por outro lado não queria sentir que estava a trair os meus verdadeiros pais.

De repente, sinto uma lágrima cair ao relembrar-me do que tinha acontecido. Tenho muitas saudades deles, a verdade é que dava tudo para os ter aqui comigo.

Desci as escadas e peguei na minha mala, fui à cozinha e peguei numa maçã, saindo de casa de seguida, fechando a porta atrás de mim. Não me estava a apetecer nada ir para o colégio, mas não queria que ficassem com uma má impressão minha logo no primeiro dia, por isso fui para a escola num passo lento e arrastado.

Ia a andar enquanto comia a minha maçã, quando estava mais ou menos a meio do caminho, senti um arrepio que me percorreu o corpo de baixo a cima, sentia-me observada.

Passado um tempo, vi uns olhos amarelo-esverdeados muito brilhantes no meio de um arbusto a olhar para mim, fiquei paralisada sem saber muito bem o que fazer, até ouvir um sonoro miado e ver um gato preto sair de dentro dos arbustos.

Tive um pressentimento estranho, algo dentro de mim ordenou que corresse o mais rápido que pudesse, e a verdade é que eu teria corrido se não se tivesse o acontecimento que se deu de seguida.

Um rapaz que aparentava ter a minha idade ou estar próximo disso, tira-me a maçã da mão enquanto passa a andar calmamente por mim.

Fiquei a olhar para ele com um ar estupefacto durante um bocado, não é de todo comum um rapaz qualquer passar por nós e tirar-nos a nossa maçã, mas ele que não pensasse que ia roubar o meu pequeno-almoço e sair impune.

- Hey, tu aí ! - eu gritei alto o suficiente para que ele me pudesse ouvir.

Ele virou-se, olhando para mim, estando provavelmente à espera do meu ataque de fúria.

- Qual é o teu problema ? - eu exclamei já um pouco irritada.

Ele não me respondeu, olhou para mim e soltou um leve riso, voltando a virar costas, prosseguindo o seu caminho depois de ter olhado fixamente para o gato que ainda se encontrava ali, franzindo o sobrolho.

Se eu já estava um pouco irritada, em vez de um pouco irritada fiquei muito irritada.

- Tu não podes simplesmente virar-me costas e ir-te embora ! - eu voltei a gritar, já sem paciência nenhuma para a atitude dele.

Quando me dei conta, ele já tinha desaparecido e eu estava novamente sozinha.

Neste momento já não estava preocupada com o gato que me tinha assustado à algum tempo atrás, não era ele que se encontrava nos meus pensamentos.

Continuei o meu caminho até à escola com uma expressão aborrecida no rosto, continuava irritada com o que se tinha passado. Depois de algum tempo, cheguei a um enorme edifício branco já um pouco danificado devido à sua idade, um edifício tão conhecido por mim, a escola.

Forbidden Love(A EDITAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora