I.

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Sunny caminhava apressada com um sorriso de alívio pelo aeroporto de Seul, finalmente tinha conseguido fugir do seu maior pesadelo, a sua madrasta. Após a morte de seu pai, a sua esposa, agora viúva, vira o quão a filha dele era inútil. Sunny virara órfã, pois sua mãe também já não estava mais presente desde os seus 4 anos de idade por conta de um acidente de carro. Ela sofria todos os dias com insultos e ofensas da sua madrasta, a viúva a olhava como um lixo de outra mulher já morta e sabia que não era obrigada a cuidar de uma filha que nem sequer era sua. Sunny não aguentava mais, depois de várias vezes chorando escondida teve uma ideia. Fugir. Mas não fugir só de casa, mas também do país. Ela queria recomeçar e esquecer de todo o seu passado. Nem sequer pensou duas vezes, iria para Coreia do Sul, ela tinha parentes de sua mãe que moravam lá, poderiam dar moradia, comida e o que mais faltava, carinho. Então, um dia ela roubou dinheiro da carteira da sua madrasta e fugiu, ela se sentia péssima, apesar de odiar-la ela sabia que o que ela estava fazendo era errado.

– Sunny! - gritou sua tia com seus braços levantados para que a enxergasse, tirando a Sunny dos seus pensamentos.

Sunny no mesmo instante parou de caminhar e olhou em direção à sua tia. Sorriu. Finalmente conseguiria ser tratada como um humano. Elas deram um abraço apertado, fazia tempo que não se viam pessoalmente. Quando sua tia soube que passaria a morar com ela aceitou rapidamente, mas ela não sabia o verdadeiro motivo para Sunny estar aqui. Sunny havia mentido, disse que estava enjoada dos Estados Unidos e queria conhecer mais outros países.

– Você cresceu tanto! – a tia, emocionada, fazia carinho por todo o rosto da sua sobrinha.

Sunny apenas sorriu e a abraçou novamente. A sua tia e a sua mãe eram bem parecidas, não só fisicamente (já que dizem que todos os asiáticos são iguais), o jeito dela falar e se expressar eram bem parecidos. Sua mãe nascera na Coreia, ficou até seus 20 anos e quando se formou viajou para os Estados Unidos para fazer faculdade. Lá ela conheceu o seu pai, no início eles se odiavam, mas um dia eles se apaixonaram profundamente e então Sunny nasceu. Sunny puxou todos os traços da sua mãe, sua aparência era totalmente coreana, ela se lembra de seu pai reclamar que ela não tinha nenhum traço dele.

– Omma, essa é a tal de Sunny? – um garoto interrompeu o momento de tia e sobrinha.

Sunny não entendera nada do que o menino disse, ela não sabia coreano, apenas algumas palavras, pois ela só conseguiu decifrar "Omma".

– Oh, Bonhwa! Sim, essa é a tal da Sunny! – a tia respondeu em coreano para o filho.

Sunny olhou para o garoto surpresa, nunca pensou que sua tia tinha um filho. Ela o analisou, parecia está no Ensino Médio, tinha os cabelos coloridos, usava uma jaqueta de couro, uma calça jeans e tênis branco. Ele tinha um estilo único.

– Sunny, esse é o meu filho Bonhwa! – a tia voltou a falar em inglês.

– Olá, Sunny. – Bonhwa respondeu seco.

Sunny apenas mexeu a cabeça como cumprimento, sabia que ele não estava afim de conversas. A tia pegou as malas da Sunny e começou a andar para fora do aeroporto.

– Tia, deixa que eu levo, está muito pesada. – Sunny tentava tirar as malas das mãos da tia.

– Não tem problema! O Bonhwa leva, enquanto isso você me conta todas a novidades. – falou entregando todas as bagagens para Bonhwa e caminhando ao lado de Sunny.

– Aish... – Bonhwa se ajeitava, pois havia muitas malas em seus braços.

Enquanto sua tia falava de várias coisas, Sunny foi até Bonhwa e pegou uma bagagem para ajudá-lo. Voltou ao lado da tia que nem tinha percebido que ela havia saído, já que conversava bastante concentrada. Sunny olhou para Bonhwa e sorriu, ele também sorriu, mas depois de alguns segundos voltara a ficar sério.

Eles saíram do aeroporto e foram ao encontro de um carro. Sunny abriu a boca, impressionada, aquele carro deveria custar uma fortuna. A tia e Bonhwa entraram no carro, a tia ia dirigir e Bonhwa ia no banco de passageiro. Para Sunny restou sentar no banco de trás, acompanhada por todas suas bagagens em seu colo.

– Bonhwa! Era para você ter colocado as bagagens no porta-malas! – disse em coreano, consequentemente Sunny não entendera nada.

– Desculpe, eu esqueci. – mas era mentira, ele tinha feito isso de propósito.

A tia de Sunny saiu do carro, pegou as bagagens de Sunny e colocou-as dentro do porta-malas. Voltou a entrar no carro e olhou para o seu filho furiosa, ele deu uma sorrisinho de canto. Sunny não entendeu nada do que tinha acontecido, então apenas ignorou.

Enquanto iam para casa, Sunny observava a cidade através do vidro do carro, a sua vida iria mudar a partir de agora.

– Chegamos! – gritou sua tia, animada.

Sunny olhou através do vidro, havia um prédio. Esse prédio era bem luxuoso, havia carros de luxo por todo lado. Definitivamente sua tia era rica.

Eles saíram do carro e foram de encontro à entrada do prédio. Chegando na portaria, havia vários homens de terno, todos sérios, provavelmente homens de negócio. Sunny se sentia desconfortável, tinha vários olhos sobre ela, pois estava com uma roupa desajeitada. Eles entraram no elevador e subiram para o 10º andar, chegando lá eles deram de cara com um homem aparentemente de 23 anos, usava óculos de sol, o que dificultava Sunny ver o seu rosto, havia um sorriso de canto em seus lábios. Os olhos do homem estavam focados no celular, consequentemente não percebera a presença deles no elevador. Com isso, o homem caminhou para entrar no elevador, continuando a olhar para o aparelho e acabou tropeçando em umas das malas de Sunny. Rapidamente o rapaz olhou para Sunny, deixando-a desconfortável. Ela saiu rapidamente do elevador, juntamente com a sua tia e seu primo, e escondeu seu rosto com o seu casaco. Olhou para trás para ver se o elevador ainda se encontrava no andar e por sorte não estava mais lá, suspirou aliviada.

Sua tia abriu a porta do apartamento e pediu para que Sunny fosse a primeira entrar. Com um pouco de timidez, Sunny entrou na casa e tirou seus tênis, olhou para todos os cômodos, estava impressionada. O apartamento era enorme, com várias decorações, como pinturas e esculturas, provavelmente muito caras. Andou por toda a casa, maravilhada, entrou em todos os quartos presentes naquela casa, estava prestes a entrar no último, provavelmente do Bonhwa já que tinha uma placa enorme escrito "Não entre." quando o mesmo a puxou pela gola da camisa.

– Não sabe ler? Está escrito em inglês!

– M-Mas eu só... – gaguejava.

– "M-Mas eu só" o quê? — Bonhwa imitou a voz de Sunny.

– Ya! Crianças, venham comer! – gritou a tia de Sunny.

Todos estavam reunidos na mesa. Sunny sentira falta de um homem naquela casa, era óbvio que tinha o Bonhwa, mas ela estava se referindo ao marido da sua tia. Talvez divorciados? Mãe solteira? Sabia que era melhor não tocar no assunto.

Sunny comia calmamente, fazia anos que não comia comida coreana, já que sua mãe era a única que preparava para ela. Todos tinham terminado, menos ela.

– Oh, ainda não terminou? – sua tia perguntou.

Sunny apenas balançou a cabeça respondendo que não, já que sua boca estava cheia de arroz.

– Bonhwa, acompanhe e espere ela terminar, eu preciso dar licença. – disse saindo do cômodo sem nem deixa o primo se manifestar.

Bonhwa suspirou e fingiu estar emburrado para que Sunny percebesse, e conseguiu.

– Pode ir se quiser... – Sunny falou indiferente, já estava acostumada a comer sozinha.

O garoto de cabelos coloridos apenas festejou, levantou rapidamente e correu para seu quarto. Sunny riu com a ação do garoto e continuou a comer.

FAMOUS | Park JinyoungOnde histórias criam vida. Descubra agora